Ronyone de Araújo Jeronimo

UMA CARTA A MAURO LUNA:  A CULTURA EDUCACIONAL E A CONSTRUÇÃO DO SABER HISTÓRICO EM UM IMPRESSO DE CAMPINA GRANDE-PB.


“Do nosso prezado amigo Sebastião Souto Maior recebemos a seguinte mensagem. Meu prezado Mauro afetivos saudares. Diante do bom resultado obtido em seu colégio intitulado Olavo Bilac, na ocasião da banca de exame, não podia, absolutamente, deixar de trazer-lhe os meus parabéns efusivos. Mesmo porque, quando eu comecei a frequentar as aulas por você dadas, não sabia sequer redigir um período, no entanto, passados sete meses apenas, já me achava algo desenvolvido: e, hoje em dia, sei, mais ou menos exprimir os meus pensamentos. Confesso-lhe, também, sem nenhum fingimento que durante a minha frequência em sua aula noturna, nunca tive tempo de pegar em um livro; porém vou aproveitando sempre. Por que? Por ter você o dom de ensinar. Não basta a um professor meu caro amigo, o ser bastante preparado: é indispensável que saiba falar aos alunos, de modo que se torne fácil a compreensão da matéria estudada. Esta faculdade raríssima precisa o homem traze-la do berço, pois, do contrário, a menos que não se esforce, os efeitos serão sempre negativos; e, fatigado, sem expressões convincentes, encontra se sempre em dificuldade no ambiente onde leciona. Antes de terminar esta, dize-lhe que estou satisfeitíssimo com os resultados brilhantes que alcançaram seus alunos, não só por sua causa, como também desejo o bem estar de nossa terra, principalmente, no tocante à instrução. Sem mais aceite um abraço, do seu amigo Sebastião” (O CLARÃO, 1922, p.4-5).

 

E assim concluiu Sebastião Souto Maior, que produzira essa correspondência após a divulgação dos resultados dos exames finais do Instituto Olavo Bilac, a qual, o seu mentor e amigo era diretor. A felicidade do sujeito com o desempenho dos discentes da referida escola, o levara a redigir essas linhas que nutria o desejo de não só prestar elogios ao professor Mauro Luna, mas, buscava demonstrar a sua evolução adquirida através das aulas ministradas por esse preceptor, principalmente, evocando o seu desenvolvimento na parte da escrita (especialidade do docente). Decerto, o autor não possuía a intenção de ver sua carta publicada por um impresso da cidade de Campina Grande, e sim, apenas expressar os sentimentos aflorados em razão da conquista que o seu professor obtivera por intermédio de seus alunos. Todavia, a pedido do próprio Mauro Luna que ficara satisfeito ao receber a carta de seu pupilo, a mesma, seria publicada no jornal O Clarão, empreendimento do professor, que visava publicar anualmente este impresso, com o intuito de divulgar as ações do seu Instituto. Porém, esse jornal acabara tendo uma existência efêmera, possuindo apenas duas edições, entre os anos de 1922 a 1923.

 

Por conseguinte, a divulgação dessa correspondência em um meio de comunicação da cidade Campina Grande, além de ser uma estratégia de promoção das aptidões de Mauro Luna, enquanto professor, buscava intensificar o aumento de matrículas de discentes na sua casa de ensino. Esse fato descrito até aqui nessa narrativa, não se trata de um acontecimento isolado para época, e nem tão pouco para os dias atuais. Pois, as observações referentes a vida escolar e a educação, são pautas de discussão no Brasil desde o século XIX pelos diferentes meios de comunicação existentes em nosso território. Logo, a produção de saberes referentes à educação, não pode estar aprisionada apenas às visões filosóficas ou institucionais construídas por especialistas da área. A educação, também é cotidiano, as ações dos sujeitos dentro e fora dos muros das escolas são alvos da produção de linguagens que perpassam esses ambientes e que corroboram para a difusão do saber, e que contribui para novas maneiras de estudar e investigar historicamente esses eventos através da abordagem da Cultura Educacional.

 

Sobre esse conceito, quem faz maiores considerações é o historiador Antonio Carlos Pinheiro (2009), que elabora as bases que fundamentam essa concepção. Após um estudo crítico de diversos documentos referentes ao ensino na Paraíba no século XIX, este autor observa nos materiais investigados inúmeras informações referentes ao tema educação, mas, na sua maioria trata-se de acontecimentos corriqueiros que refletem ações extra-institucional-escolar dos lugares que foram produzidos esses relatos. Diante desses eventos, surge o alicerce para embasar a ideia de Cultura Educacional que se dar através “das experiências sociais, culturais e permeada por peculiaridades historicoeducacionais” (PINHEIRO, 2009, p.101). Nesse sentido, esse conceito visa dar ênfase a fatos cotidianos narrados ou comunicados por diferentes formas de linguagem que possam ser utilizadas enquanto fonte para nós pesquisadores. Só para ilustrar, esses acontecimentos do dia a dia, podem se tratar de críticas ou elogios a um docente de uma determinada localidade, a falta de estrutura de um prédio para funcionar enquanto escola, e até mesmo as condutas de professores e discentes podem ser analisadas nessa vertente. Esses exemplos demonstram as diferentes possibilidades de o historiador fazer uso dessa perspectiva, tendo em vista que a mesma pode ser utilizada tanto para discutir narrativas do tempo presente, como acontecimentos do passado. Logo, as maneiras de empreender essas investigações historiográficas referentes a esse tema, podem contribuir para o desenvolvimento do saber histórico e educacional. Principalmente por dar margem a diferentes formas de linguagem, em outras palavras, tudo que envolva a temática educação pode se inserir enquanto uma abordagem da Cultura Educacional.

 

Diante dos avanços tecnológicos que presenciamos nas últimas décadas e que alteraram nossas formas de interagir e de se comunicar com o outro, faz sentido, traçar novos olhares para as diferentes fontes que se apresentam no cenário atual. Pois, para entender os impactos dessas inovações é preciso compreender que “a linguagem é inventora de significados que podem ter sons, barulhos, dissonâncias, desmantelos” (REZENDE, 2010, p.95). Sabendo desse poder que a comunicação evoca, Pinheiro mergulha nos acervos em busca de respostas para suas interrogações. A princípio o seu objetivo original era entender a concepção de instrução e de cultura escolar no interior da Paraíba nos oitocentos. Porém, ao avançar das pesquisas o autor identifica uma nova perspectiva para dialogar com as fontes que se apresentam com maior intensidade para o período buscado, que no caso são as manifestações narrativas produzidas por sujeitos em livros de memórias e de histórias dos municípios. Para o autor “essas obras mesclam elementos da memória, das reminiscências e de procedimentos de pesquisa e de compreensão do “fato histórico” ora assentado no mero “empirismo” ora no positivismo descritivo” (PINHEIRO, 2009, p.102). É por intermédio dessa investigação que Pinheiro concebe o conceito de Cultura Educacional.

 

O uso dessa forma de linguagem por parte do autor, não exclui as demais maneiras de se comunicar, até porque, a própria formulação do conceito de Cultura Educacional é proveniente dos debates da Cultura Histórica. Sobre esse conceito, existem percepções divergentes entre os historiadores, todavia, como o nosso propósito é dar visibilidade ao estudo de Pinheiro, iremos acolher a definição que o autor advoga. No caso, a noção de que não é apenas pela via das interpretações e da escrita dos historiadores que o passado é revisitado. E sim pelas várias manifestações humanas em que este pode ser apresentado ou reapresentado. Então, obras audiovisuais, artísticas e lúdicas podem gerar interpretações do passado por sujeitos que não fazem parte do métier historiográfico. Contudo, essas produções podem ser operacionalizadas e servir de fontes para nós historiadores e demais pesquisadores. Nesse sentido:

 

 

“Entendemos que, semelhantemente à cultura histórica, há também a possibilidade de abordarmos os fenômenos educativos na perspectiva da cultura educacional o que poderá melhor salientar questões específicas, que podem priorizar preocupações contidas a partir dos aspectos mais detidamente de ordem filosófica, ou de ordem prioritariamente sociológica ou econômica e, especialmente, de ordem histórica, sendo esta última a que nos possibilita pensar sobre o passado, seja ele remoto ou próximo (história do tempo presente). Nesse sentido, compreendemos que a cultura educacional não se restringe à produção da historiográfica realizada pelo segmento social vinculado às universidades e, principalmente, àqueles atrelados aos programas de pós-graduação, mesmo que esses sejam, hoje, mais reconhecidos socialmente como produtores de conhecimento e de saberes especializados. Partimos do pressuposto de que os artistas, os intelectuais e as pessoas simples, do povo, contribuem para a produção de leituras e de interpretações sobre o passado e o presente educacional” (PINHEIRO, 2009, p.108).

 

É por meio desse percurso que a Cultura Educacional é desenvolvida, e alçada a instrumento de análise e de interpretação de temas referentes a educação e seus diferentes modos de linguagem. Pois, para Pinheiro (2009, p.110) “a cultura educacional expressa não somente as determinações do passado, mas, sobretudo, expressa as leituras e as possibilidades apresentadas no presente”. Dessa maneira, os sujeitos que produzem manifestações relativas ao tema educação, tendem, a evocar com frequência questões existentes de sua atualidade. Observamos na linguagem impressa dos jornais a frequência dessas narrativas cotidianas. É por isso que frequentemente quando estamos imersos em um arquivo a procura de informações que dê sentido ao nosso objeto de pesquisa, comumente nos deparamos com pequenos fragmentos em jornais ou revistas similares ao trecho que dá início a esse trabalho e costumeiramente não damos importância, por se tratar de algo que habitualmente visualizamos nesses materiais. Mas, para Pinheiro a publicação da correspondência de Sebastião Souto Maior endereçada a Mauro Luna se adequa a sua percepção de Cultura Educacional, pois o sujeito que produz a escrita colabora para a disseminação de leituras sobre o presente e o passado dos processos educacionais.

 

No caso de Sebastião Souto Maior, identificamos esse sujeito, enquanto um representante do povo, que segundo o jornal O Clarão se tratava de um jovem prático licenciado em farmácia (atualmente, um balconista), que aproveitou a oportunidade advinda de uma iniciativa da associação dos empregados do comércio de Campina Grande, que visava instruir os seus associados, para manterem seus postos de trabalho, em virtude dos surtos de modernidade que já se apresentavam  na década de 1920 e que antecipavam as relações futuras que esse setor iria desempenhar daquele período em diante no cenário campinense, ressaltando a necessidade de qualificação que se tornaria evidente. Foi através desse aprendizado adquirido por essas aulas noturnas, que Sebastião Souto Maior conquistaria o seu direito a palavra em um meio de comunicação da referida cidade. Isso se deu em razão do direcionamento que o autor da carta manifestou, e que agradou o responsável pelo Jornal, que observou nessa correspondência a oportunidade de propagandear as suas habilidades enquanto professor, através de um discente que prestava congratulações, mas, que, em simultâneo, destacava a sua importância para evolução obtida no aprendizado das letras, que tornava possível os seus pensamentos serem organizadas em papel, através de sua escrita.

 

Decerto, o conteúdo da carta, foi preponderante para sua divulgação no Jornal O Clarão, tendo em vista que o impresso surgiu com a motivação de propagandear as ações do Instituto Olavo Bilac, ao qual, Mauro Luna era professor e diretor. Por si só, essa nota de elogio caberia intimamente na proposta do conceito elaborado por Pinheiro, mas, a narrativa de Sebastião Souto Maior vai além, pois, a seu modo ele evidencia os processos referentes à educação como aulas noturnas para adultos na década de 1920 em Campina Grande, as metodologias aplicadas na época, e a relação discente e docente em apenas algumas linhas. Essas considerações produzem sentidos e traçam objetivos para entendermos sobre a ótica da cultura educacional e os fenômenos relacionados a educação. Em outras palavras, identificamos nesta publicação interpretações sobre o cenário educacional da época que contemplava não só a cidade de Campina Grande, mas, o próprio âmbito nacional. Haja vista, o fomento de debates pós-grande guerra que circulavam no Brasil, referentes aos processos civilizacionais que esbarravam nos altos índices de analfabetismo entre os brasileiros e que geravam preocupações com o futuro da nação.

 

De acordo com Cunha (2002) era necessário sanar essa lacuna para que o Brasil pudesse aspirar o progresso civilizacional e atingir a meta de caminhar ao lado de nações tidas na época enquanto cultas. Neste plano, estava contida a alfabetização também de jovens e adultos, e é nesse ambiente que Mauro Luna demonstrava adesão. Pois este docente evidencia na primeira página do Jornal O Clarão (1922) sobre o problema do analfabetismo no Brasil, e a necessidade da disseminação da instrução primária em todo território brasileiro, inclusive em Campina Grande.  Destacando, assim, a iniciativa da associação dos empregados do comércio em instruir os seus associados para um melhor desenvolvimento intelectual. Mauro Luna diferente dos professores da época, que em muitos casos assumia a educação de adultos, enquanto uma missão, tendo em vista, que não havia recursos para esses profissionais instruírem esses sujeitos, este professor campinense, pelo contrário, recebia da associação um incentivo financeiro para ministrar as aulas noturnas para os comerciários. Por intermédio da publicação da carta de Sebastião Souto Maior, podemos tomar conhecimento desses processos que envolvem a educação, inclusive o próprio autor da correspondência sinaliza em sua conclusão a favor da instrução, em benefício “do bem estar de sua terra”.  Este é apenas um dos exemplos que achei necessário discutir, para realçar os mecanismos que possibilitam entender e operar o conceito de Cultura Educacional, através da linguagem produzida pela imprensa.

 

De fato, essa discussão só foi possível, em razão da compreensão que esse modelo de linguagem gera acepções sobre os momentos históricos que esses materiais foram divulgados. Nesse caso, é importante ressaltar o entendimento de Luca (2010) de que o pesquisador dos impressos jornalísticos opera com o que foi publicado. Dessa maneira, nós que desenvolvemos as investigações desses documentos necessitamos entender os motivos que levaram uma notícia a ser impressa por um determinado meio de comunicação. Como me propus dar enfoque a uma manifestação oriunda de um discente, a qual, já destaquei nesse texto os motivos que levaram a ser publicado. Todavia, mesmo que essa correspondência não tivesse sido veiculada pelo Jornal O Clarão, e o professor Mauro Luna tivesse guardado essa carta, a mesma, ainda poderia ser analisada sobre a ótica da cultura educacional, e é importante ressaltar que uma forma de linguagem não exclui as demais, é por isso que o conceito discutido por Pinheiro abarca diversas formas de expressões que dão ênfase a educação. Principalmente pelo entendimento

 

“Que a cultura educacional é uma dimensão específica e, ao mesmo tempo, abrangente do intercruzamento de saberes populares e de conhecimentos científicos que tomam como foco os aspectos relativos aos processos educacionais, sejam eles intra, extraescolares ou não escolares. Essa dimensão da cultura educacional não prescindirá do referencial político educacional” (PINHEIRO, 2009, p.109-110).


Portanto, ao trabalhar com o conceito de Cultura Educacional é preciso ter consciência de que os sujeitos que divulgam informações relacionados a educação, nos apresentam à sua maneira como os mesmos visualizavam o cenário educacional na sua época. Assim sendo, as diferentes produções de linguagens referentes a educação representam o momento histórico que as mesmas foram produzidas. Do mesmo modo, que essas produções tidas como representações do presente são fugazes “uma vez que imediatamente se transforma em passado, mas que, ao mesmo tempo, pode se tornar “duradouro” porque é possível a sua permanência” (PINHEIRO, 2009, p.110). Sobre esse assunto, o próprio autor enfatiza métodos e práticas que anteriormente eram aplicadas e que com o passar do tempo foram abandonados ou ganharam novas conformidades, como foi o caso da noção de instrução (que o próprio Sebastião Souto Maior situa como sinônimo de educação, mas que possuem significados diferentes na atualidade), um dos alvos da pesquisa de Pinheiro, que deu sentido a percepção de Cultura Educacional. Então, cabe a nós historiadores visualizarmos essas narrativas e operacionalizarmos essas visões, com as lentes cuidadosas que focalizam a época, para discutirmos os cenários e os cotidianos que incentivaram os sujeitos a promoveram essas linguagens.


Em suma, ao se propor discutir a perspectiva de produção de uma Cultura Educacional, analisando a publicação de uma carta no Jornal O Clarão, atentamos para como o conceito de Pinheiro pode ser aplicado e discutido, com intuito de detectarmos ações que vão além da análise por intermédio da cultura escolar e das práticas educativas. Erigindo um novo olhar para as fontes que destacam a educação, sobre um viés constantemente deixado de lado, para quem estuda a História da Educação, que são as conversas corriqueiras que dão conta a “mexericos” sobre um professor ou uma instituição escolar, mas, que sinalizam preocupações por parte da comunidade que produz uma determinada linguagem referente ao assunto. E no caso dos impressos essas abordagens comumente apareceram, principalmente no período em que venho desenvolvendo esse estudo. É por essa razão que imbuídos pelo desejo de viabilizar novas formas de difundir o saber histórico, que introduzimos essa ideia formulada por Pinheiro. Com intuito, de promover a aprendizagem histórica que para Rüsen (2006, p.16) trata-se de um arcabouço “em que diferentes campos de interesse didático estão unidos em uma estrutura coerente”, possibilitando criar significados. Dessa maneira, quando Sebastião Souto Maior redige a carta e envia para Mauro Luna, e este decidi publicar no seu impresso, instantaneamente se torna uma contribuição para a Cultura Educacional, e, além disso, uma referência para pensarmos o cenário educacional da época que esse impresso foi divulgado, surtindo para nós historiadores, novas reflexões que corroboram para o desenvolvimento do saber histórico.

 

Referências biográficas

 

Ronyone de Araújo Jeronimo, estudante de doutorado do Programa de Pós-graduação da Universidade Estadual de Campinas-UNICAMP. Mestre em História pela Universidade Federal de Campina Grande-UFCG. E graduado pelo curso em licenciatura em História pela Universidade Federal de Campina Grande-UFCG.

 

Referências bibliográficas

 

CUNHA, Adilton. A Educação de jovens e adultos e o movimento brasileiro de alfabetização. 2002. Disponível em: https://monografias.brasilescola.uol.com.br/historia/a-educacao-jovens-adultos-movimento-brasileiro-alfabetizacao.htm?fbclid=IwAR0J4YgHkwupYw52DwZxdkWXOpbYAv1hnfUxI5pcacGSFDkPJG73s9973Ec. Acesso em: 28 de abr. 2021.

LUCA, Tania Regina de. Histórias dos, nos e por meio dos Periódicos. In: Fontes Históricas. Org. Carla Bassanezi Pinsky. 2.ed., 2ª reimpressão – São Paulo: Contexto, 2010. (p. 111-154).

PINHEIRO. Antonio Carlos Ferreira. Instrução e cultura escolar: considerações sobre cultura educacional no oitocentos. In: Múltiplas Visões: Cultura histórica no oitocentosOrg. Cláudia Engler Cury e Serioja Cordeiro Mariano. João Pessoa: Editora Universitária/ UFPB, 2009. (p.101-122).

REZENDE, Antonio Paulo. Ruídos do Efêmero: Histórias de Dentro e de Fora. Recife; ed. Universitária da UFPE, 2010.

 

RÜSEN, Jörn. Didática da História: Passado, presente e perspectivas a partir do caso alemão. In. Práxis Educativa. Ponta Grossa – PR, v.1, n.2, Jul-Dez, 2006. 

 

SOUTO MAIOR. Sebastião. Carta. Jornal O Clarão, Campina Grande – PB, ano 1, n.1, p. 4, 3 dez. 1922.

6 comentários:

  1. Olá! Ronyone! Parece que ainda nos dias de hoje vemos a escola e não diferentemente a universidade discutindo conteúdo, seja historiográfico ou escolar as questões de ensino ainda carecem de importância e destaque na educação brasileira! Pergunto como podemos mudar as práticas escolares?

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    1. Obrigado professor Everton Crema por lançar essa pergunta que permite desenvolver um diálogo que inclui o meu trabalho, no sentido de entender como os processos históricos referentes ao ensino são executados no Brasil. É evidente a carência de trabalhos que tenham como objetivo explorar a problemática do ensino em nosso país, principalmente, as razões históricas que são determinantes para entender como o ensino atualmente é aplicado. É importante lançar questionamentos sobre o passado, para podermos compreendemos o nosso presente. Desse modo, busquei em meu trabalho evidenciar a prática de um docente na década de 1920 na cidade de Campina Grande, por intermédio da escrita de um aluno, que repercute o talento desse professor na arte de repassar o seu conhecimento para seus pupilos. Inclusive é destacado por esse discente o rápido aprendizado adquirido através das aulas noturnas ministradas por esse preceptor, que na época ainda exercia a função de um mestre- escola, que assumia sozinho a responsabilidade de dirigir a escola e ministrar todas as disciplinas necessárias para cumprir o curso de primeiras letras, para todos os discentes em diferentes graus de instrução, em uma mesma sala de aula. E mesmo assim, sobre a ótica de um discente e as perspectivas da época esse professor é visto como inovador, pois, dera a esse sujeito a oportunidade que não tivera, na infância e na adolescência de estudar. Isso em razão da prática do ensino noturno, algo considerado novo em Campina Grande, mas que na época já era discutido em todo Brasil, com intuito de combater o alto índice de analfabetismo existente no país. Hoje o ensino noturno é uma realidade tanto na educação básica quanto no ensino superior, com seus problemas, é claro. Em suma, chego à consideração que para mudar a realidade das práticas escolares existentes em nosso país, é necessário dar voz a toda comunidade escolar e a sociedade para expressar os seus diferentes sentimentos sobre este ambiente, algo que comumente observamos nas redes sociais professores, alunos e pais expressando diferentes observações sobre este espaço diariamente. Como destacado no meu texto, a educação é também cotidiano, e dessa maneira ter o feedback é importante para repensarmos as práticas escolares e os modelos de ensino e de interação que aplicamos no ambiente escolar. A iniciativa de Mauro Luna de publicar a carta do seu aluno, (apesar das considerações feitos por mim sobre as intenções da mesma), foram necessárias para a população campinense construir uma consciência da importância de que o ensino era necessário, e como era maravilhoso poder se expressar através da escrita, quanto outros Sebastiões no Brasil precisaram conquistar esse mesmo espaço para o ensino noturno se tornar uma realidade? Só desenvolvendo trabalhos sobre essa perspectiva para podermos chegar a conclusões necessárias.

      Att: Ronyone de Araújo Jeronimo

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    2. Muito Obrigado! Concordo com a sua abordagem! Avante! abraços!

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    3. Eu que agradeço professor por fomentar a discussão do conhecimento. Um abração para ti.

      Att: Ronyone de Araújo Jeronimo

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  2. Olá, parabéns! Seu texto permite uma leitura clara, instigante e agradável.
    Gostaria de saber qual a recepção do alunado em relação ao uso deste tipo de fonte?

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    1. Olá Jessica, fico feliz por você ter gostado do meu texto. Na verdade, esse método ainda não foi aplicado em sala de aula, pelos menos por mim. A discussão desse conceito ainda é muito embrionária, todavia, penso que para fazer uso dessa perspectiva em sala de aula, será necessário construir um planejamento que envolva os alunos em uma atividade que os incitem a produzir sobre um acontecimento histórico específico, dando a liberdade para o alunado recorrer à forma de linguagem que melhor expresse para os mesmos o evento que a tarefa solicita. Após a conclusão da atividade, discuta alguns trabalhos e repercuta como cada discente a sua maneira produziu um olhar para o acontecimento alvo da tarefa. Por conseguinte, chegaremos a uma conclusão que cada trabalho representa uma visão de mundo do sujeito que produziu a linguagem sobre aquele acontecimento, e que da mesma maneira irão construir uma representação histórica sobre a atividade pedida. Desse modo, podemos construir no alunado a percepção de como é produzido uma fonte, e que da mesma forma que o professor serviu de mediador para chegar as essas conclusões o historiador também faz este mesmo percurso, na construção do diálogo com as fontes. Espero ter ajudado com as minhas considerações.

      Att: Ronyone de Araújo Jeronimo

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