Ricardo Rocha Balani

O JORNAL COMO FERRAMENTA DIDÁTICA PARA O ENSINO DE HISTÓRIA LOCAL  NA EDUCAÇÃO BÁSICA

 

O presente artigo tem como eixo central de investigação pensar o ensino de história na educação básica por meio dos jornais. Deste modo, este texto analisa o uso de jornais como material didático no ensino de história e objetiva proporcionar que os alunos signifiquem o conteúdo escolar por meio da história local com o intuito de desenvolver a criticidade e a participação como cidadãos. Tal ação tem como escopo que o estudante desenvolva a postura reflexiva sobre as informações e os conhecimentos do próprio cotidiano, aproximando o conteúdo curricular da realidade social.

 

A proposta da pesquisa está em consonância com o que diz Manoel Caetano do Nascimento Junior e Isabel Cristina Martins Guillen (2016) que entendem que a história local tem como objetivo o estudo da realidade local em que os jovens estudantes se inserem. Este local pode ser entendido como um lugarejo, uma aldeia, uma vila, um bairro ou uma cidade, no entanto o que se pretende é a valorização do homem como agente da História, não se prendendo apenas a uma parcela populacional, mas buscar a valorização da totalidade das pessoas. Do mesmo modo, Maria Auxiliadora Schmidt e Marlene Cainelli (2004, p.113) destacam que o trabalho com a história local pode proporcionar a inserção do aluno na comunidade, tal ação cria identidade e laços que desenvolve a postura investigativa baseada no cotidiano e atribui sentido à realidade social.

 

Na intenção de entender a importância da significação do conhecimento escolar com o conhecimento que advém do cotidiano do estudante, a seguir será abordada a história local como estratégia para a aprendizagem no ensino de história.

 

 A história local no ensino de história como estratégia para a aprendizagem

 

É importante observar que o século XXI vem apontando novos rumos para o ensino de história na escola, tal ação se concretiza pelo fato de os educadores perceberem a necessidade de mudanças na abordagem e na metodologia de ensino. Essa mudança visa romper com a concepção positivista de ensino de que o aluno é receptor do conhecimento, e aborda novas ideias como as concepções do professor e escritor Paulo Freire (1995) que busca analisar a construção do conhecimento. Na visão do autor o processo de ensino e aprendizagem não se concretiza pela transferência, mas sim pela produção ou construção do saber, no qual o sujeito deve ser entendido e percebido como atuante no processo de ensino e não apenas como receptor (FREIRE, 1995).

 

A pedagogia da autonomia, pensada por Paulo Freire, propõe o protagonismo estudantil na construção do conhecimento com a intenção de valorizar, de respeitar a cultura e os conhecimentos individuais. Isso é percebido por Auta Morais de Medeiros e Silvano Fidelis de Lira (2015) como uma proposta de “educação social”, ou seja, é um procedimento de formação humana que pertence à natureza social e tem influência das condições de existência (MEDEIROS; LIRA, 2015).

 

Observar a existência social dos estudantes da educação básica é essencial visto que coloca os sujeitos como ativos na construção do conhecimento, tal ação atribui importância às experiências dos jovens alunos e possibilita que estes tenham significação da teoria e dos conceitos que são abordados na disciplina História. O pensamento de Paulo Freire (1995) em torno da construção do saber coloca o sujeito como ativo na relação do ensino, isso é concretizado pela valorização das experiências individuais dos estudantes. Tal concepção entra em concordância com pensadores que estudam o ensino de história local, como Viana (2016); Schmidt, Cainelli (2004); Albuquerque Junior (2008); Samuel (1989) entre outros, que pensam a necessidade de valorização da experiência, do conhecimento oriundo da vivência e do local no qual o estudante reside.

 

Pensar a história local segundo o historiador José Italo Bezerra Viana (2016) é reconhecer a necessidade de olhar para a realidade discente, ou seja, o cotidiano, a experiência e a própria vivência. A história local propicia, deste modo, que o estudante da educação básica questione a realidade e o próprio cotidiano.

 

Abordar o local no ensino de história é atribuir significação ao conteúdo abordado em sala de aula, que compõe o currículo escolar, partindo da realidade do aluno e significando a vivência. Deste modo, as teorias ou os conceitos podem ser relacionados com as vivências dos estudantes e, com isso, favorecer a significação do conteúdo escolar por aproximar as realidades (social, individual e escolar). Segundo essa perspectiva, “aprender conceitos não significa acumular definições ou conhecimentos formais, mas construir uma grade que auxilie o aluno na sua interpretação e explicação da realidade social”. (SCHMIDT, 1999, p.149).

 

A conexão com a realidade é importante porque atribui sentido a vivência do aluno, deste modo, o saber prático é significativo ao saber escolar abordado no ensino de história. Isso se concretiza graças à valorização dos saberes e das experiências de vida do estudante. Ao observar a realidade discente, Circe Bittencourt (2004) aponta a história local como essencial para o ensino de história, exatamente por esta trazer para o debate problemas significativos e atuais. Segundo a autora “a história local tem sido indicada como necessária para o ensino por possibilitar a compreensão do entorno do aluno, identificando o passado sempre presente nos vários espaços de convivência – escola, casa, comunidade, trabalho e lazer –, e igualmente por situar os problemas significativos da história presente”. (BITTENCOURT, 2004, p.168)

 

Observar a ação intelectual do estudante pelo local é de suma importância, visto que é ali que está o sujeito. Na perspectiva de Barros (BARROS, 2012, p.2) é importante valorizar o sujeito como construtor dos fatos e dos acontecimentos, e não como espectador no processo histórico. Agindo dessa maneira pode-se possibilitar ao estudante que este se perceba como integrante da história, e não apenas como alguém que está fora, como expectador.  Deste modo, o estudo sobre o local permite ao estudante se perceber como construtor e integrante da história, além de permitir a ele relacionar os acontecimentos históricos com os saberes e as experiências difundidos no local em que vivem.

 

Considerando o jornal como documento histórico e como instrumento didático para o ensino de história, a seguir será abordada a importância de sua inserção na ação pedagógica. 

 

O uso de jornais como ferramenta para o ensino de história local

 

Observando a importância do uso dos jornais em sala de aula Schmidt e Cainelli (2004) cita Manique e Proença (1994) para explicar a importância do uso de tais recursos no ensino de história. Segundo as autoras o jornal é importante por estimular o estudante a ler sobre acontecimentos e assim, tal ação desenvolverá a capacidade de interpretação e crítica em torno da própria vivência. Também possibilitará a introdução do aluno na realidade local (do bairro, da cidade, do estado, do país e do mundo) além de fomentar a troca de opiniões e a construção de argumentação histórica que auxilia na leitura crítica do jornal (MANIQUE; PROENÇA, 1994. Et al SCHMIDT; CAINELLI, 2004, p. 121).

 

O uso do jornal no ensino de história proporciona ao estudante o desenvolvimento da criticidade e a leitura de mundo e claro, tem como referência o local no qual está inserido. Esta criticidade se dá pela troca de entendimento do texto, pela relação da somatória proporcionada pelo diálogo e pelas distintas experiências, ou seja, o estudante além dos textos jornalísticos também desenvolve sua análise pelo conhecimento que foi construído pelas memórias de amigos, familiares e dos locais de memórias existentes no munícipio.

 

A Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB 9394/96) orienta para que se propicie que os estudantes desenvolvam uma formação crítica para ter condições de contextualizar os conhecimentos e relacioná-los com a realidade social em que vivem.  A proposta da LDB (1996) é que a educação proporcione o “aprimoramento do educando como pessoa humana, incluindo a formação ética e o desenvolvimento da autonomia intelectual e do pensamento crítico”. (BRASIL, 1996, p.11)

 

O uso dos jornais como ferramenta didática no ensino de história local é interessante por propiciar que o estudante observe, analise e desenvolva uma postura reflexiva em torno de informações e conhecimentos que constituem seu cotidiano. O que permite a ressignificação do conteúdo didático e uma aproximação da realidade social com o conteúdo curricular. Nesse sentido, o estudante tem maiores possibilidades de construir o conhecimento quando o ensino escolar traz a observância de sua própria realidade.

 

Lançar mãos do jornal como ferramenta didática deve ser percebido pelo professor como algo útil para desenvolver nos estudantes o questionamento das informações. As reportagens jornalísticas também propiciam o desenvolvimento cognitivo, além de possibilitar que os estudantes tenham informações sobre a sociedade. Isso permite segundo Schmidt e Cainelli (2004) refletir sobre a própria vivência e estabelecer conexões na construção do conhecimento.

 

É importante observar que o estudo dos jornais também proporciona a compreensão da mensagem jornalística, visto que observa o dito, o não dito, a linha de pensamento e os interesses da mensagem. Essa atitude denota que a leitura casual não, necessariamente, possibilita a compreensão da informação de modo aprofundado, tendo em vista que não se detém sobre os aspectos mais amplos, que de imediato, podem passar despercebidos a uma leitura apressada. Na perspectiva de Maria Inês Ghilardi (1999) a compreensão da leitura em sua totalidade é algo importante. Assim, o acesso à leitura de jornais na escola possibilita a abordagem da interpretação textual e também uma compreensão ampliada da realidade. Ou seja, o estudante por meio da abordagem jornalística consegue desenvolver a criticidade e a compreensão em torno do conteúdo escolar e também da história do local em que reside.

 

O uso do jornal na sala de aula é percebido, na perspectiva de André Freires Alfredo e Hudson Siqueira Amaro (2012) como possibilidade para ampliação de conhecimento do estudante permitindo a ele relacionar o saber com o seu cotidiano e pensar sobre a realidade em que está inserido. Nesta ótica, os meios de comunicação quando usados de maneira pedagógica favorecem o desenvolvimento do estudante, visto que promovem a interação do conteúdo e a valorização do cotidiano como mecanismo favorável para a construção do conhecimento, para o apreço pela leitura e para a compreensão da realidade local, regional, nacional e mundial. Os jornais são produtivos e é necessário ampliar as discussões sobre o seu uso como ferramenta didática com o objetivo de contribuir na aprendizagem discente, visto que possibilita melhor qualidade de ensino na formação de um aluno leitor e crítico sobre as informações disponíveis nos meios de comunicação (ANHUSSI, 2009, p.38).

 

Na perspectiva de fazer a leitura sobre o local no qual o estudante está inserido e desenvolver a criticidade a professora de linguística Cecília Pavani (2002), mesmo não relacionada ao ensino de história, explica a importância do uso de periódicos como ferramenta didática e descreve alguns objetivos necessários. Para a autora utilizar o jornal no ensino é importante por desenvolver o gosto e o hábito pela leitura de periódicos; mantém o estudante informado em diversos assuntos, particular ou comunitário; possibilita que o aluno discuta sobre a realidade tendo como ponto de partida a criticidade, o raciocínio lógico e criativo, e também fatores importantes na formação do cidadão consciente de suas responsabilidades sociais; possibilita o uso do jornal como apoio e ferramenta didática para as disciplinas escolares; favorece a relação entre o conteúdo escolar e o cotidiano do estudante; promove nos estudantes a consciência sobre a cidadania por discutir os problemas da própria comunidade e, por fim, atende aos Parâmetros Curriculares Nacionais, PCNs, no uso pedagógico de textos que compõem a realidade social na sala de aula (PAVANI, 2002, p.22).

 

É notável nos objetivos de Pavani (2002) que abordar o uso do jornal no ensino têm proximidade com a proposta do ensino de história idealizada e aplicada pelos pesquisadores que defendem o ensino de história local. Tal afirmação se dá pelo fato de que autora orienta a que se deve propiciar o desenvolvimento crítico do aluno levando em consideração sua realidade social e a integração no currículo de ações cotidianas que constrói uma proposta pedagógica e problematiza o conteúdo escolar, sempre tendo como ponto de partida, a experiência da sociedade local.

 

A conscientização na formação humana para o exercício da cidadania, proposta por Pavani (2002), é um aspecto que está em consonância com pesquisadores sobre o ensino de história local, como Schmidt e Cainelli (2004), Barros (2012) e Albuquerque Junior (2008) justamente por incentivar aos jovens estudantes a participação nas práticas sociais do local em que vivem. Estes pensadores têm como proposta que o estudante atue de maneira consciente e busque soluções para os problemas cotidianos para o seu grupo social. Tal ação está em harmonia com as Leis de Diretrizes e Bases (LDB,1996), com a Base Nacional Comum Curricular (BNCC, 2018) e com os Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Médio (PCNEM, 2006), visto que as propostas governamentais para o ensino de história são pautadas na construção do conhecimento, na valorização do saber local, na criticidade e na relação do saber escolar com a sociedade.

 

O desenvolvimento do cidadão crítico e participante pensado pelas Leis de Diretrizes e Bases da Educação (LDB, 1996), pelo Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Médio (PCNEM, 2006) e pela Base Nacional Comum Curricular (BNCC, 2018) propicia, na perspectiva da professora Sirlene Kosouski (2016), um cidadão que se identifica com o local e que consegue, partindo de sua vivência, fazer uma leitura do país e do mundo. Deste modo, o estudo da história local é ponto de partida para o comprometimento do estudante na formação crítica, visto que envolve as memórias e a participação nas ações da realidade social em que se encontra. Isso não pode ser entendido como “localismo”, e sim como o gérmen de uma tomada de consciência de sujeito atuante capaz de contribuir, modificar e participar nas decisões da sociedade.

 

Reflexão conclusiva

 

A intenção desta pesquisa foi de permitir ao professor da educação básica refletir sobre o uso do jornal no ensino de história e possibilitar que o cotidiano e a história local possam ser abordados no ensino de história. Tal proposta promove a interação da realidade do estudante com o conteúdo didático que é apresentado na escola, mostrando a importância do local, além de instigar a participação ativa na sociedade. Sendo assim, a análise do jornal no ensino escolar insere o contexto social local como proposta para uma ação pedagógica e atribui sentido à aprendizagem oriunda do cotidiano da sociedade.

 

Referências biográficas

 

Ricardo Rocha Balani possui graduação em Filosofia e História, mestre em Ensino de História. Professor da Secretaria de Educação do Estado de Mato Grosso, SEDUC-MT. E-mail: ricardobalani@hotmail.com

 

Referências bibliográficas

 

ALBUQUERQUE JUNIOR. O objeto em fuga: algumas reflexões em torno do conceito de região. Fronteiras, Dourados, MS, v. 10, n. 17, p. 55-67, jan./jun. 2008.

 

ALFREDO, André Freires; AMARO, Hudson Siqueira. Jornal na sala de aula. In: AMARO, Hudson Siqueira; RODRIGUES, Isabel Cristina (Org.). História: Metodologia do ensino. Maringá: Eduem, 2012. p. 101-109.

 

ANHUSSI, Elaine Cristina. O uso do jornal em sala de aula: sua importância e concepções de professores. Universidade Estadual Paulista, Faculdade de Ciências e Tecnologia. Dissertação. Presidente Prudente: 2009.

 

BARROS, Carlos Henrique Farias de. Ensino de história, memória e história local. In: Criar Educação (Recurso eletrônico) – V. 2, n. 2, Criciúma, Santa Catarina, 2012. Disponível em: http://periodicos.unesc.net/criaredu/article/view/1247/1191.  Acessado em 20 de setembro de 2019

 

BRASIL. Leis de Diretrizes e Bases da Educação. Lei nº 9394/96, de 20 de dezembro de 1996. Brasília: MEC, 1996.

 

___________. Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Médio: Ciências Humanas e suas tecnologias. Brasília. MEC, 2006.

 

___________. Base Nacional Comum Curricular: Educação é a Base. Ensino Médio. Brasília: MEC/Secretaria de Educação Básica, 2018.

 

BITTENCOURT, Circe Maria Fernandes. “Capitalismo e cidadania nas atuais propostas curriculares de História”. In: ____________ (org.). O saber escolar em sala de aula. São Paulo: Contexto, 1998.

 

____________. Ensino de História: fundamentos e métodos. São Paulo: Cortez, 2004. Coleção Docência em Formação.

 

FARIA, Maria Alice de Oliveira. O jornal na sala de aula. São Paulo: Contexto, 2004

 

FREIRE, Paulo. Pedagogia da tolerância. 1 ed. São Paulo: Paz e terra, 1995.

 

GHILARDI, Maria Inês. Mídia, educação e leitura. In: BAZOTTO, Valdir Heitor; GHILARDI Maria Inês. Mídia, poder, educação e leitura. São Paulo: Anhembi Morumbi: Associação de Leitura do Brasil, 1999.

 

MEDEIROS, A. M.; LIRA, Silvano Fidelis de. Uma proposta de História Local: Redescobrindo perspectivas para o ensino fundamental. In: Congresso Internacional de Educação e Inclusão, 2015, Campina Grande. Anais CINTEDI – (2014). Campina Grande: Realize, 2014. v. 1. Disponível em: http://editorarealize.com.br/revistas/cintedi/trabalhos/Modalidade_1datahora_30_10_2014_14_32_39_idinscrito_3422_e9edd984fed94c89872f62d6f25b228b.pdf. Acessado em 27 de novembro de 2019.

 

NASCIMENTO JÚNIOR. Manoel Caetano do; GUILLEN; Isabel Cristina Martins. História local e o ensino de história: das reflexões conceituais às práticas pedagógicas. In: VIII Encontro Estadual de História, ANPUH/BA: Feira de Santana, 2016. Disponível: http://snh2011.anpuh.org/resources/anais/49/1477852456_ARQUIVO_Trabalhocompleto.pdfAcessado em: 03 de dezembro de 2019.

 

PAVANI, Cecília. Jornal: (In) formação e ação. Campinas: Papirus, 2002.

 

RODRIGUES, Joelza Ester Domingues. História em documento: imagem e texto, 6º, 7º, 8º e 9º ano/Joelza Ester Domingues. Ed. renovada. – São Paulo: FTD, 2009.

 

SAMUEL, Raphael. Documentação – história local e história oral. Rev. Bras. de Hist. v. 09. n. 19. p. 219 – 243. set. 89. fev. 90. Disponível em: www.anpuh.org/arquivo/download. Acesso em: 01 de fevereiro de 2020.

 

SCHMIDT, Maria Auxiliadora. Construindo conceitos no ensino de história: "a captura lógica" da realidade social. In: Hist. Ensino, Londrina, v. 5, p. 147-163, out. 1999.

 

_____________; CAINELLI, Marlene. Ensinar História. São Paulo: Scipione, 2004.

 

____________. A formação do professor de história e o cotidiano da sala de aula. In: BITTENCOURT, Circe (org.). O saber histórico na sala de aula. 9ª ed. São Paulo: Contexto, 2004, p.54 – 66.

 

VIANA, José Italo Bezerra. História Local. Sobral: INTA, 2016.

14 comentários:

  1. A princípio, gostaria de parabenizar pelo seu trabalho e pelo enfoque ao uso dos jornais como ferramentas didáticas no ensino de História na educação básica. É importante ressaltar que o uso desse material por parte dos educadores não é uma prática de ensino tão recente. O trabalho de tese da professora Adriana Maria de Paulo da Silva, destaca que na falta de materiais didáticos os professores das escolas públicas da província de Pernambuco no século XIX utilizavam os jornais enquanto recursos para alfabetização e inclusive para estudos relacionados a história. É evidente que esta prática era considerada negativa e alvo de críticas por parte de alguns grupos da sociedade pernambucana que enxergavam essa realização como uma doutrinação política, tendo em vista, que nesse momento histórico esses materiais eram produzidos para expressar uma determinada opinião do grupo político que era dono do meio de comunicação, não havia ainda a ideia de imparcialidade que o jornalismo defende hoje. Por esse motivo que o jornal foi marginalizado e resignado a ser apenas um material de informação. Contudo, hoje enxergamos esse material além de uma fonte ou de um recurso didático. Se antes ele foi utilizado apenas para suprir a falta do material didático, hoje, como você mesmo destacou em seu trabalho, ele pode ser usado enquanto um recurso atrelado ao material didático. Nesse sentido, lanço a minha questão partindo do entendimento que os jornalistas são produtores de histórias do cotidiano. E dessa maneira, as suas narrativas repercutem o momento histórico em que estes sujeitos produziram seus escritos, muitas vezes com poucas informações sobre o caso narrado. Mas, com uma excessiva ânsia de ver seu texto publicado e lido. Logo, você acredita que seja necessário repassar para os alunos, antes de apresentar esses materiais uma noção introdutória de como um jornalista e o historiador tratam o fato?

    Ronyone de Araújo Jeronimo

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    1. Desde de já agradeço sua atenção e sua contribuição.
      Sim, é importante abordar as distintas visões do historiador e do jornalista diante do fato para que o estudante compreenda a subjetividade existente na narrativa do acontecimento e todos os interesses que a reportagem de jornal carrega em sua mensagem. Do mesmo modo, é importante frisar que o historiador não deve conceber as reportagens de jornais como descrição verdadeira e fiel do acontecimento e com isso propiciar um olhar crítico do estudante sobre a reportagem do jornal.

      Ricardo Rocha Balani

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  2. Parabéns, Ricardo pelo trabalho.
    Fiquei a pensar com qual concepção de história local você dialoga. Trata-se de um conceito complexo e que não raro, se atribui a ele um significado que o associa à dimensão espacial (de lugar), quase sempre "pequeno". Ou seja, é local porque é do bairro, da vila, ou de um pequeno município.
    Há alguns que fazem essa problematização.
    No mais, parabéns pelo trabalho.

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    1. De antemão agradeço pela leitura, apreciação e contribuição.
      De fato o conceito de história local é associado ao lugar, no caso desta pesquisa ao lugar no qual está o sujeito. Deste modo, o conceito abordado está em consonância com Joana Neves (1997), que definir o local como o espaço em que está o sujeito e por valorizar as experiências e as vivências na construção do saber.

      Ricardo Rocha Balani

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  3. De antemão agradeço pela leitura, apreciação e contribuição.
    De fato o conceito de história local é associado ao lugar, no caso desta pesquisa ao lugar no qual está o sujeito. Deste modo, o conceito abordado está em consonância com Joana Neves (1997), que definir o local como o espaço em que está o sujeito e por valorizar as experiências e as vivências na construção do saber.

    Ricardo Rocha Balani

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    1. Esta resposta é referente a pergunta anterior.

      Ricardo Rocha Balani

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  4. De antemão quero agradecer por sua contribuição.
    Usar o jornal como ferramenta do ensino local permite a abordagem do geral, visto que segundo Joana Neves (1997) o local é uma faceta de uma realidade mais ampla. Local e geral deste modo se articulam. No ensino de História possibilita ao estudante compreender tendo como ponto de partida a realidade no qual está inserido sem minimizar o geral, mas relacionar, contextualizar e aproximar tal conhecimento das vivências e das experiências do aluno.

    Ricardo Rocha Balani

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  5. Olá, Ricardo Balani!
    Primeiramente, parabéns pela escrita, e articulação teórico-conceitual.
    Sua perspectiva em relação ao Ensino de História Local, é imprescindível para a efetividade do processo de ensino-aprendizagem, do alunado da educação básica. Dito isso, como você percebe o Ensino de História Local, frente ao predomínio de uma tradição de ensino curricular eurocêntrica, ainda vigente em nossas escolas?
    Atenciosamente,
    Maykon Albuquerque Lacerda
    Graduando em História - CESC/UEMA

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    1. Desde já quero agradecer sua contribuição.
      A proposta do uso da História Local é justamente de possibilitar novos olhares na construção do conhecimento e com isso valorizar as experiências cotidianas do sujeito como ponto de partida para a construção do saber. Esta abordagem possibilita que o estudante relacione seus conhecimentos com os conhecimentos gerais. Deste modo, os sujeitos se percebem como parte integrante da história e não alheios aos acontecimentos regionais, nacionais ou mundiais.

      Ricardo Rocha Balani

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  6. Olá, meu caro Ricardo Rocha Balani.
    Primeiramente gostaria de parabeniza-lo pelo trabalho de suma importância.
    Como educadores também devemos formar estudantes para o exercício da cidadania e o seu trabalho evidencia essa questão. Já tive contato com outros pesquisadores que fizeram uso de jornais e telejornais em sala de aula, antes da pandemia, e tiveram resultados muito interessantes, em um dos casos os estudantes apresentaram um trabalho final em que abordaram os problemas de seus bairros em modelo de telejornal. Pensando em uma abordagem prática, gostaria que comentasse, a partir do trabalho as possíveis propostas elaboradas para uso do material com os estudantes, poderia comentar tais propostas?

    Atenciosamente,
    Marcia Gabrielle da Silva Almeida.

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    1. Quero, primeiramente, agradecer por suas contribuições.
      De fato, tal pesquisa é importante por possibilitar uma aproximação do saber cotidiano do estudante ao conteúdo escolar. Esta ação de trabalhar com o jornal no ensino de História pode ser realizada, por exemplo, mediante o uso da reportagem como ponto de ponto de partida para a abordagem do conteúdo escolar. Também pode ser pensado como proposta de análise das reportagens de jornais e observar as entrelinhas da mensagem jornalística e diante disso relacionar com o conteúdo escolar. Finalizo com outra sugestão, que é usar o jornal como um documento histórico e propiciar aos estudante um olhar crítico para analisar a narrativa do evento.


      Ricardo Rocha Balani

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  7. Parabéns pelo belíssimo trabalho! Gostaria de saber se, no decorrer da sua proposta, algumas indagações enquanto utilização de recursos não disponibilizados dentro das escolas, especialmente as públicas, seria algum empecilho para nós, professores, trabalharmos a História Local?
    Desde já agradeço!

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    1. Desde já agradeço sua contribuição.
      Sempre que são utilizadas novas metodologias de ensino há um estranhamento, no início, mas tais ações não podem ser percebidas como empecilhos e sim como superações a se concretizar. É importante utilizamos de novas metodologias porque somente desta maneira conseguimos abordar a história local no ensino de História e, com isso, possibilitar a aproximação do saber escolar à realidade discente e valorizar as vivências e as experiências cotidianas.

      Ricardo Rocha Balani

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