Giovana Maria Carvalho Martins e Marlene Rosa Cainelli

ENSINO E APRENDIZAGEM DE HISTÓRIA DIFÍCIL (BURDENING HISTORY) ATRAVÉS DAS HISTÓRIAS EM QUADRINHOS

 

Este texto traz as reflexões iniciais do projeto de Doutorado em Educação pela Universidade Estadual de Londrina, sob orientação da professora Marlene Rosa Cainelli. A proposta é discutir sobre o ensino e a aprendizagem da burdening history, ou história difícil, usando histórias em quadrinhos para abordar a temática do Holocausto com jovens alunos. A pesquisa se insere na esteira das discussões da Educação Histórica, e

 

“nessa área, os investigadores procuram focar a sua atenção nos princípios, fontes, tipologias e estratégias de aprendizagem histórica, seja no recorte específico das análises das ideias de alunos e professores, seja investigando o significado da aprendizagem histórica nos artefatos da cultura escolar e da cultura da escola.” (CAINELLI; SCHIMDT, 2012, p. 509-510).

 

A Educação Histórica tem, entre seus referenciais teóricos, as ideias do filósofo e historiador alemão Jörn Rüsen, que desenvolve o termo “Novo Humanismo”, conceito fundamental para a abordagem aqui descrita do trabalho em sala de aula, bem como nos escritos do historiador alemão Bodo Von Borries, que discute sobre a burdening history. Ambos elaboram seus conceitos a partir da experiência alemã do Holocausto, o genocídio em massa de milhões de judeus realizado no período da Segunda Guerra Mundial. Trata-se de uma questão sem precedentes por todas as suas características políticas e sociais, e traz reflexões que necessitam ser realizadas ainda nos dias de hoje.

 

Desta maneira, Jörn Rüsen (2015) entende o humanismo enquanto “[...] um recurso fundamental e uma referência para a natureza cultural dos humanos na orientação da vida humana, bem como um alinhamento desta com o princípio da dignidade humana” (RÜSEN, 2015, p. 25). Já o Novo Humanismo, para Rüsen, seria então uma resposta aos desafios dos tempos recentes, em consonância com as experiências históricas dos séculos XIX e XX “e às exigências específicas por comunicação intercultural e por princípios fundamentais da orientação cultural contemporânea” (RÜSEN, 2015, p. 26), pois o autor faz “[...] um apelo por um novo humanismo no mundo todo após a experiência histórica do Holocausto” (RÜSEN, 2008b, p. 191) que, segundo o autor, trouxe para o humanismo a normativa de que algo como aquilo não deve acontecer nunca mais, de maneira que “esta declaração se refere ao princípio básico do humanismo de que os seres humanos não podem ser tratados da forma como foram no Holocausto” (RÜSEN, 2008b, p. 193).

 

Bodo von Borries, por sua vez, discute sobre o ensino de História, bem como o ensino de História difícil, ou burdening history. O autor afirma que aprender os casos afirmativos que contenham heroísmo ou glória e orgulho parece ser mais fácil, e experiências que ele chama de “burdening”, ou opressoras, difíceis, são muito mais complicadas, como o Holocausto. Ele esclarece que o aprendizado a que se refere não é apenas a investigação científica, mas também o conflito mental e a mudança, pois lidar com a história dita difícil é um problema de trabalho mental e de atividades intelectuais (BORRIES, 2011, p. 165). O Holocausto, portanto, se configura enquanto experiência histórica traumática deste século, e é neste sentido que alinhamos o Novo Humanismo de Rüsen com o conceito de História difícil de Bodo von Borries (2011), que afirma que “a História só é aprendida efetivamente sobre três condições: se novos insights podem ser ligados a antigos, se ela está conectada a emoções -negativas ou positivas – e se ela é relevante para vida” (BORRIES, 2011, p. 165, tradução nossa). 

 

O autor também fala sobre o propósito de aprender e ensinar sobre o Holocausto – ou Shoah, no idioma iídiche, que é mais aceito pelos judeus por se tratar de um termo em sua própria língua e também mais aceito pelo próprio Borries:

 

“A Shoah é um caso extremo e esmagador de genocídio; o propósito de aprender e ensinar sobre a Shoah é primariamente permitir a prevenção de genocídios, a promoção da educação para a paz, dos direitos humanos, da tolerância, da democracia e da boa cidadania” (BORRIES, 2017, p. 427).

 

Cabe mencionar o motivo da escolha da temática desse trabalho, que se deu por uma série de fatores. Trata-se de um tema que evoca questões seríssimas, considerado o maior genocídio do século XX, a partir do qual diversos autores, como Rüsen, repensaram a discussão sobre o Humanismo. O tema ainda compõe o currículo de História dos anos finais do Ensino Fundamental e Ensino Médio nas escolas brasileiras, e, sobretudo, ainda não é totalmente compreendido e trabalhado de maneira a levantar discussões e questões ligadas ao Humanismo, embora a ocorrência do Holocausto tenha sido algo inimaginável, até então, nos moldes humanistas. Diversos autores escreveram sobre o tema, e concordamos com a perspectiva de Borries (2017) que afirma que “o genocídio alemão anti-judeu, chamado de “Holocausto” [...], datado mais frequentemente de 1941 a 1945, mas começando de fato na Polônia em 1939 [...] acabou há mais de 70 anos, mas não pode ser esquecido” (BORRIES, 2017, p. 425).

 

Jörn Rüsen (2008a) levanta outra questão: o lugar do Holocausto. Onde nós, enquanto humanos vivendo no período após sua ocorrência vamos colocar este evento na História:

 

“O principal problema no cerne do debate sobre a historização é o lugar histórico do Holocausto. Obviamente, constitui uma experiência de fronteira do que é histórico, com importância primordial para ver como entendemos e conceitualizamos história e historicidade. O Holocausto põe em questão radical o próprio caráter do que é histórico. Não pode ser incorporado nos limites representacionais de um objeto de pesquisa usual para investigação histórica. Em vez disso, no recuo, ele exerce um impacto meta-histórico sobre a própria maneira pela qual os métodos e categorias de pesquisa são constituídos. Assim, o debate sobre a historização aborda várias questões centrais para a teoria histórica (RÜSEN, 2008a, p. 165).”

 

Maria Luiza Carneiro (2002) também faz reflexões sobre o Holocausto, o que representou e as histórias que chegaram aos dias de hoje de milhões de pessoas que foram alvo do extermínio promovido pelo governo nazista. Ela resume esta questão afirmando que

 

“Após a Segunda Guerra Mundial, quando foram tomados públicos os crimes praticados pelos nazistas contra os judeus, uma série de programas foi acionada com o objetivo de lembrar -sempre- o que foi o Holocausto. A preservação dessa memória – ainda que uma página triste na história da humanidade- deve ser vista como uma das formas possíveis de luta contra os regimes totalitários e de repúdio ao anti-semistismo” (CARNEIRO, 2002, p.81).

 

Carneiro (2002) acrescenta que

 

“É difícil pensar nessas histórias sem se envolver emocionalmente. Imagens de morte em massa, fome e degradação humana em todos os níveis tomaram-se referências para a reconstrução de um passado que nem todos querem lembrar.” (CARNEIRO, 2002, p. 07).

 

Carneiro (2002) também ressalta a questão do debate sobre o Holocausto e os direitos humanos, que deve ser considerada quando pensamos sobre seu ensino na escola:

 

“O debate sobre o Holocausto passa, necessariamente, pela compreensão dos direitos humanos, levando-nos a refletir sobre a responsabilidade do Estado pela preservação da vida do cidadão. Por meio de uma análise crítica das teorias anti-semitas implementadas pelo III Reich (Terceiro Império) a partir de 1933 (e que culminaram com o extermínio de milhões de judeus e não-judeus), podem-se desenvolver atitudes que favoreçam a convivência democrática e a construção da cidadania.” (CARNEIRO, 2002, p. 05).

 

Rüsen (2008a) acrescenta que a experiência do Holocausto pressupõe um problema de sentido não só para a história contemporânea, mas para o pensamento histórico. Há uma questão intrínseca do conhecimento histórico que não pode ser ignorada “[...] se o pensamento histórico tem a intenção, em algum sentido, de ser objetivo, que é se ele tem a intenção de fazer justiça à significância do Holocausto como uma experiência de fronteira do histórico como tal” (RÜSEN, 2008a, p. 168). 

 

Desta maneira, conforme abordado inicialmente, desenvolveremos um trabalho voltado para o uso de quadrinhos no ensino do Holocausto em aulas de História. Selecionamos, inicialmente, duas histórias em quadrinhos para esta abordagem: “O Diário de Anne Frank” (FRANK, 2018) e “Maus” (SPIEGELMAN, 2009). Ambos são relatos sobre os eventos ocorridos no período do governo nazista durante a Segunda Guerra Mundial, na primeira metade do século XX. O primeiro é uma adaptação do diário de Anne Frank, adolescente alemã vítima do Holocausto, e o segundo são os relatos de Vladek Spiegelman, pai do autor, sobrevivente do Holocausto. Os relatos foram colhidos posteriormente e transformados em quadrinhos por Art Spiegelman.

 

Sobre o uso de quadrinhos em sala de aula, nos apropriamos das discussões trazidas por Angela Rama e Waldomiro Vergueiro (2004), que trazem, primeiro, os debates sobre as proibições dos quadrinhos e os altos e baixos que esta forma de arte passou ao longo do século XX, para então ser reconhecida e largamente utilizada em materiais didáticos, tornando-se objeto de estudos de diversos pesquisadores, e cujas discussões acabaram “evidenciando seus benefícios para o ensino e garantindo sua presença no ambiente escolar formal” (RAMA; VERGUEIRO, 2004, p. 21). No Brasil, “o emprego das histórias em quadrinhos já é reconhecido pela LDB (Lei de Diretrizes e Bases) e pelos PCN (Parâmetros Curriculares Nacionais)” (RAMA; VERGUEIRO, 2004, p. 21). As HQs também constam na BNCC (Base Nacional Comum Curricular), publicada em 2018, em diversas competências, sobretudo ligadas às áreas de Língua Portuguesa e Artes Visuais. É importante salientar que seu uso no ensino e aprendizagem de História também é difundido, e pesquisadores como Fronza (2012) trabalham com o uso de quadrinhos em aulas de História e desenvolveram teses e dissertações sobre o tema. Martins (2019) também desenvolveu a temática ligada aos quadrinhos em sua dissertação, em que utilizou Os Miseráveis para discutir a temática do novo humanismo com alunos do 9º ano, concluindo que o uso de HQs em aulas de História não só é possível, como desejável e viável.

 

De acordo com Rama e Vergueiro (2004), existem diversos motivos que levam as HQs a serem benéficas ao ensino, e citamos aqui alguns deles: “as histórias em quadrinhos fazem parte do cotidiano de crianças e jovens [...]”, de maneira que sua inclusão “na sala de aula não é objeto de qualquer tipo de rejeição por parte dos estudantes, que, em geral, as recebem de forma entusiasmada” (RAMA; VERGUEIRO, 2004, p. 21). Além disto, as HQs podem aguçar a curiosidade e desafiar o senso crítico destes alunos, que se identificam com vários personagens de quadrinhos que são ícones da cultura de massa. Outro ponto é que “palavras e imagens, juntos, ensinam de forma mais eficiente” (RAMA; VERGUEIRO, 2004, p. 22), pois há uma interligação entre o texto e a imagem, que passa a mensagem de maneira mais eficiente do que os dois códigos de maneira isolada. Além disto, “as possibilidades de comunicação são enriquecidas pela familiaridade com as histórias em quadrinhos” (RAMA; VERGUEIRO, 2004, p. 22), já que o estudante pode ampliar suas formas de comunicar-se ao incorporar a linguagem gráfica à linguagem oral e à linguagem escrita. Os quadrinhos, ainda “auxiliam no desenvolvimento do hábito de leitura”, e também “enriquecem o vocabulário dos estudantes” (RAMA; VERGUEIRO, 2004, p. 23), pois verificamos que muitos alunos têm contato desde cedo com quadrinhos, sendo a Turma da Mônica bastante popular e conhecida (MARTINS, 2019), com os gibis sendo usados inclusive desde os princípios da alfabetização, ainda na Educação Infantil, por serem de fácil acesso, baratos (em relação a outras formas de literatura infantil) e atrativas – mesmo sem compreender totalmente os códigos escritos, o acesso às imagens pode direcionar a compreensão dos alunos. Outra questão a ser ressaltada é que

 

“o caráter elíptico da linguagem quadrinhística obriga o leitor a pensar e imaginar [...] além disso, as histórias em quadrinhos são especialmente úteis para exercícios de compreensão de leitura e como fontes para estimular os métodos de análise e síntese de mensagens. É o que acontece, por exemplo, quando o professor solicita aos estudantes que passem para a linguagem dos quadrinhos uma história fornecida somente na linguagem escrita, o que irá exigir deles que realizem uma análise detalhada dos fatos narrados e que definam os acontecimentos mais importantes para o desenvolvimento da trama, antes de representá-los graficamente” (RAMA; VERGUEIRO, 2004, p. 23-24).

 

Por último, “os quadrinhos podem ser utilizados em qualquer nível escolar e com qualquer tema” (RAMA; VERGUEIRO, 2004, p. 24), como já mencionado, desde a alfabetização, passando pelo Ensino Fundamental e Ensino Médio, e também em aulas de História. Contudo, “[...] assim como o cinema e a literatura ficcional, os quadrinhos são muitas vezes vistos pelo professor de História como suporte de um conteúdo. Eles podem ser mais do que isso” (RAMA; VERGUEIRO, 2004, p. 106).

 

No nosso caso, selecionamos as duas HQs já citadas como fontes para trabalhar a história difícil do Holocausto. Ambas são de caráter autobiográfico – “O Diário de Anne Frank” foi transformado em quadrinhos a partir do livro homônimo que trazia as memórias da autora durante o período em que sua família ficou escondida e vivendo no “Anexo Secreto” em Amsterdã, na Holanda, entre 1942 e 1944, e “Maus”, a primeira história em quadrinhos a ganhar o Prêmio Pulitzer de Literatura, em 1992, reconta as memórias do pai do autor em forma de quadrinhos, do tempo em que este esteve em campos de concentração. Spielgelman retrata a história através de animais antropomorfizados, de maneira que os judeus são os ratos (maus, em alemão) e os alemães, os gatos, e assim sucessivamente. Sobre os quadrinhos autobiográficos, Rama e Vergueiro colocam que

 

“uma história em quadrinhos autobiográfica é, antes de tudo, um relato de certas memórias de um autor. Ela não é uma reconstituição dos fatos a que se refere, tal como aconteceram, mas a sua recriação, do modo como são lembrados pelo autor; ou, mesmo, como ele gostaria de ficassem registrados para a posteridade. Tais memórias se referem a fatos direta e indiretamente relacionados com a vida do autor, em lugares e tempos determinados. Estão, portanto, dentro de um contexto histórico específico” (RAMA; VERGUEIRO, 2004, p. 116).

 

Em suma, o desafio é abordar a história difícil descrita por Borries (2017) nos moldes humanistas de Rüsen (2008, 2015) usando a linguagem dos quadrinhos como aliada para o ensino de História. É necessário que verifiquemos de que forma esta história pode ser significativa, mesmo que difícil, para os nossos estudantes, de maneira que a experiência traumática do Holocausto, que aconteceu no século passado, possa ser discutida enquanto História difícil na perspectiva do Novo Humanismo.

 

 

Referências biográficas

 

Dra. Marlene Rosa Cainelli, doutora em História Social pela Universidade Federal do Paraná. Professora Sênior da Universidade Estadual de Londrina. Investigadora do Centro de Investigação Transdisciplinar Cultura, Espaço e Memória (CITCEM) da Universidade do Porto em Portugal.

 

Ms. Giovana Maria Carvalho Martins, doutoranda em Educação pela Universidade Estadual de Londrina. Mestre em Educação e graduada em História pela mesma instituição. Graduada em Pedagogia pelo Centro Universitário Internacional (UNINTER). Professora da educação básica.

 

Referências bibliográficas

 

BORRIES, Bodo von. Learning and teaching about the Shoah: retrospect and prospect. Holocaust Studies, vol 23, n. 3, p. 425-440, 2017.

 

CAINELLI, Marlene Rosa. SCHMIDT, Maria Auxiliadora. Desafios teóricos e epistemológicos na pesquisa em educação histórica. Antíteses, v. 5, n. 10, p. 509-518, jul-dez 2012.

 

CARNEIRO, Maria Luiza Tucci. Holocausto: crime contra a humanidade.

São Paulo: Editora Ática, 2002.

 

FRANK, Anne. O diário de Anne Frank em quadrinhos. Adaptação de Ari Folman, ilustração de David Polonsky, tradução de Raquel Zampil. 3 ed. Rio de Janeiro: Record, 2018.

 

FRONZA, Marcelo. A intersubjetividade e a verdade na aprendizagem histórica de jovens estudantes a partir das histórias em quadrinhos. 465 p. Tese (Doutorado em Educação) – Programa de Pós-Graduação em Educação, Universidade Federal do Paraná, Curitiba, 2012.

 

MARTINS, Giovana Maria Carvalho. O uso escolar de “Os Miseráveis” em quadrinhos na aprendizagem histórica de jovens estudantes: um estudo na perspectiva do Novo Humanismo. 2019. 198 p. Dissertação (Mestrado em Educação – Universidade Estadual de Londrina, Londrina, 2019.

 

RAMA, Angela. VERGUEIRO, Waldomiro (orgs.). Como usar as histórias em quadrinhos na sala de aula. São Paulo: Editora Contexto, 2004.

 

RÜSEN, Jörn. History: narration, interpretation, orientation. Making sense of history v. 2. Berghan Books, New York, 2008a.

 

RÜSEN, Jörn. Humanism in response to the Holocaust – destruction or innovation? Postcolonial Studies, v. 11, n.2, p. 191-200, 2008b.

 

________. Humanismo e didática da história. Organização e tradução de Maria Auxiliadora Schmidt, Isabel Barca, Marcelo Fronza e Lucas Pydd Nechi. Curitiba: W.A. Editores, 2015.

 

SPIEGELMAN, Art. Maus: a história de um sobrevivente. Tradução de Antonio de Macedo Soares. São Paulo: Companhia das Letras, 2009.

 

15 comentários:

  1. A princípio quero parabenizar a mesa pela excelência da abordagem, de ora em diante direcionando meu comentário a pergunta, com a adoção dessa abordagem da história difícil descrita por Borries, usando a história em quadrinhos, temos em mente que facilitaria um entendimento do assunto, diminuiria o impacto de qualquer abordagem traumática e poderia até criar nos estudantes um hábito de leitura, mas como os estudantes teriam acesso as essas histórias em quadrinhos ? Tendo em vista que os impostos sobre os livros, HQs, mangás, estão aumentando cada vez mais e a atenção sempre se volta para o elemento físico, além de que a disponibilidade de aparelhos eletrônicos para fazer a leitura não é pra todos, complementando que para fazer uma leitura coletiva do material completo em sala de aula demoraria um determinado tempo pois cada aluno tem o seu tempo de leitura não podendo haver um afogo ou aceleração na leitura pois creio que isso iria desmotivar o aluno a dar continuidade desse projeto.
    Karen Paola Castelo Branco Gomez

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    1. Bom dia, Karen. Agradeço as considerações e perguntas! No mestrado, solucionei este problema da seguinte forma: entreguei um exemplar do livro (no caso, era "Os Miseráveis" em quadrinhos) para cada aluno, bancados de meu próprio bolso. Pretendo selecionar trechos para o trabalho no doutorado, mas fornecer, na melhor qualidade possível, os quadrinhos para que os alunos os tenham em mãos. Muitas escolas já tem quadrinhos em seu acervo, inclusive e, mesmo que não sejam estes que vou utilizar, creio que o contato com eles em sala de aula pode auxiliar no despertar do hábito de leitura de quadrinhos e no hábito de leitura em geral.
      Atenciosamente,
      Giovana Maria Carvalho Martins

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    2. Que bela atitude Giovana, tenho certeza que todos os seus alunos ficaram muito marcados com você! Obrigada pela resposta!!

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  2. Conforme citado no texto, “os quadrinhos podem ser utilizados em qualquer nível escolar e com qualquer tema” (RAMA; VERGUEIRO, 2004, p. 24), desde a alfabetização, passando pelo Ensino Fundamental e Ensino Médio, e também em aulas de História.” qual história em quadrinho seria ideal para o estudo introdutório a história, iniciado no ensino fundamental?
    Karen Paola Castelo Branco Gomez

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    1. Karen, existem diversas HQs que podem ser utilizadas no ensino fundamental. Sugiro, para tanto, a leitura do livro "Quadrinhos na Educação - da rejeição à prática", de Waldomiro Vergueiro e Paulo Ramos. Neste livro, os autores trazem diversos exemplos, como Mafalda, Asterix e Obelix (História Antiga), a própria Turma da Mônica, História do Mundo em Quadrinhos, entre diversos outros. Há também uma série de livros clássicos que foram publicados em quadrinhos, como Os Miseráveis (que utilizei em minha dissertação). O que é interessante é que o professor pode desempenhar um papel de mediador que guia o uso das HQs como fontes.
      Atenciosamente,
      Giovana Maria Carvalho Martins

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    2. Agradeço novamente pela resposta Giovana, estava ansioso pois quero muito me aprofundar no assunto em questão, parabéns pelo texto magnífico.

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  3. Parabéns pelo estimulante trabalho. Ao ler o texto, recordei o meu contato com a HQ Maus há alguns anos. Fiquei impactado por uma sensação de descoberta. Pois, mesmo conhecendo a história, eu estava sendo afetado de uma maneira particular, por se tratar de outra linguagem. O que imagino ser o ponto de partida da pesquisa, ou seja, considerar a mediação do estudo do difícil tema do Holocausto através de um meio pelo qual ele não é tradicionalmente apresentado aos alunos. Entretanto, como falei, eu já conhecia o tema, e a HQ reeducou o meu olhar para outras percepções narrativas, inclusive. No caso da pesquisa em curso, qual o posicionamento do uso de Maus e O Diário de Anne Frank em relação ao material didático dos alunos? Haverá algum tipo de diálogo problematizado entre as duas produções? Além disso, será proposta alguma atividade intercomponente com a área de Linguagens e Códigos?
    Josemar de Medeiros Cruz - josemardmc@yahoo.com.br

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    1. Bom dia, Josemar. Agradeço as considerações e perguntas. O nosso foco é escolher uma turma de ensino médio em que conste o tema Holocausto no currículo escolar. A preocupação não é com o livro didático em um primeiro momento, pois buscamos parcerias com escolas estaduais em que os professores (geralmente membros do PIBID) valorizam também o uso de outros recursos no ensino de História para além do livro didático. O que há, então, é a preocupação com o conteúdo e o contexto, que são, no caso, o Holocausto. Verificaremos o que disto consta no livro didático, mas não é o foco. Pretendemos, também, finalizar com a produção de HQs pelos alunos, fazendo uma intersecção com Linguagens e Códigos.
      Atenciosamente,
      Giovana Maria Carvalho Martins

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    2. Muito obrigado pela resposta. Desejo sucesso na pesquisa e já ansioso por poder fazer uso dela em sala de aula a posteriori.
      Josemar de Medeiros Cruz - josemardmc@yahoo.com.br

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  4. Primero queria parabenizar pelo artigo apresentado e pela abordagem, principalmente teórica, de uma ferramenta preciosa em sala, o uso das HQs.
    Minha pergunta é a seguinte: como a pesquisa está em fase inicial, já há ideia de quantas turmas serão analisadas para tal investigação e por quanto tempo?
    Lucilia Maria Esteves Santiso Dieguez

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    1. Bom dia, Lucilia. Muito obrigada pelas considerações e pela pergunta! Na construção da minha dissertação, eu fiz observações de turmas do ensino fundamental e médio e optei, juntamente com a professora da turma, por uma turma de nono ano baseando-nos nas características da própria turma (participativa, comunicativa, alunos interessados, que já tinham contato com estagiários e pesquisadores). Não definimos ainda como será feito no doutorado, mas acredito que será parecido. O que definimos é que desenvolveremos aulas no modelo de aula-oficina proposto pela professora portuguesa Isabel Barca, e analisaremos as ideias históricas dos jovens a partir das produções feitas nas aulas. Portanto, é um número reduzido de alunos, mas serão estudantes do Ensino Médio.
      Atenciosamente,
      Giovana Maria Carvalho Martins

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    2. Boa tarde, Giovana. Agradeço bastante a resposta. Sem dúvida os modelos aulas-oficinas são instigantes e rendem bons frutos e observações. Parabéns mais uma vez.
      Lucilia Maria Esteves Santiso Dieguez

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  5. Respostas
    1. André Ulysses De Salis26 de maio de 2021 às 18:37

      Giovana e Marlene primeiro de tudo excelente, parabéns pelo artigo e pela abordagem que deram a uma temática que é de extrema importância. A história difícil tem meandros que complexificam ainda mais a questão, no caso do Holocausto as escalas do "indizível" na discussão historiográfica ou no processo da sua discussão no ensino de história vão do macro tema em si e todos seus traumas a ressentimentos até aos tabus que o própria construção da história difícil acaba criando, como o silenciamento de outras perseguições do nazismo (ciganos por exemplo) que "desaparecem" diante da experiência e da memória do holocausto, ou mesmo o tabu em torno da discussão de parte da comunidade, vide a avalanche de criticas que tentaram silenciar algumas reflexões da Arendt sobre o assunto. Tratar desses aspectos levanta ainda mais um medo com relação as histórias difíceis, o do revisionismo. As linhas tênues que envolvem todo esse debate, suas possibilidades de uso no ensino, o receio e ao mesmo tempo a importância de discutir os tabus e ressentimentos (tão bem apontados por Marc Ferro) são de extrema importância. Não é propriamente uma pergunta, mas gostaria de saber como veem e refletem esses desdobramentos do "indizível" dentro da própria temática da história difícil, os temas difíceis no interior de uma história difícil.

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  6. A História difícil de fato é umas das leituras mais interessantes para abordagens históricas na sala de aula. Dentro da dimensão ficcional, quais ferramentas poderíamos utilizar para separar as questões humanistas do universo fantástico para aulas? Parabéns!

    Arnaldo Martin Szlachta Junior

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