Eleilda da Silva Santos

ENSINO DE HISTÓRIA: UMA PERSPECTIVA CRÍTICO-REFLEXIVA NA CONSTRUÇÃO DO SABER HISTÓRICO


Introdução

 

O Ensino de História tem sofrido transformações desde que surgiu como componente curricular, até os dias atuais. O Estado buscou desde sempre, manter uma certa influência sobre o que se ensina ou o que se deixa de ensinar em sala de aula. Sempre esteve preocupado em saber como o conhecimento era levado ao educando e qual era a dimensão alcançada com esse conhecimento. Magalhães (2006) afirma que a partir da transição política para um estado democrático, houve a reestruturação do ensino, mas infelizmente essa reestruturação enfatizava as tradições auferidas e evidenciadas na LDB de 1971, onde os Conselhos Federal e Estadual de Educação proferiam o que iria ser ensinado nas escolas, sem levar em consideração a realidade do educador e do educando, mostrando uma desvalorização do professor e a inexistente preocupação com o presente e o futuro do educando.

 

O Ensino de História busca mostrar, não só o que já aconteceu no passado, mas busca mostrar o que está acontecendo no presente. Fazendo um confronto entre fatos atuais e medidas tomadas no passado. Trabalhar o Ensino de História é ajudar o educando a entender o mundo em que vive, entender a diversidade humana, propondo uma criticidade, um questionamento ao mundo no qual estar inserido. A construção do Saber Histórico em sala de aula, pode parecer fácil, contudo, Monteiro (2007) afirma que:

 

“Tornar acessível aos estudantes o conhecimento constituído sobre a sociedade e as ações humanas do passado, recomposto pelos historiadores a partir de documentos constituídos como fontes; possibilitar a leitura de textos e imagens, a escrita de suas apropriações, aprendizagem, a (re)construção de representações, relacionar quais saberes, quais narrativas, quais poderes legitimar ou questionar, são alguns de seus desafios” (MONTEIRO, 2007, p. 76-77).

 

Nesse sentido o educador é essencial para construção desse saber, pois seu papel como mediador, visa colocar o educando como parte da história, gerador de conhecimento, agente do processo. O Ensino de História busca fazer com que o educando possa comparar questões atuais com questões do passado assim como seu cotidiano. O Ensino de História está ligado na construção do pensamento, na formação crítica-reflexiva do indivíduo.

 

 O Saber Histórico, partindo da experiência do educando e do meio em que vive, faz com que este aprenda a questionar o porquê da sua realidade e como transformá-la. Sobre a disciplina de História os PCN’s (1998) dizem que:

 

“A seu modo, o Ensino de História pode favorecer a formação do estudante como cidadão, para que assuma formas de participação social, política e atitudes críticas diante de sua realidade atual, aprendendo a discernir os limites e as possibilidades de sua atuação, na permanência ou na transformação da realidade histórica na qual se insere” (BRASIL, 1998, p. 36).

 

Cabendo ao educador estimular o educando para que este possa construir uma ponte entre o que é estudado e o vivido e assim compreender através de uma prática crítica reflexiva o seu papel como sujeito da história.

 

Segundo as ideias defendidas por Alarcão (2001) a escola reflexiva é uma rede fundamentada na coletividade e na reflexão de si mesma, dialogando com a comunidade, focando a formação continuada de seus professores, renovando assim, os níveis de ensino-aprendizagem do educando, provocando mudanças significativas na maneira de pensar e agir de cada indivíduo. É oportuno mencionar que, para que haja questionamentos, ponderações e reflexões do educando sobre sua realidade é necessário que a escola definida por Isabel Alarcão (2001) como escola reflexiva, busque dialogar com a comunidade, buscando manter uma visão aberta, uma visão questionadora, que aliada ao Ensino de História busca levar o educando para um novo horizonte, como um ser pensante, reflexivo e questionador. Os PCN’s de História para o Ensino Médio orientam os seguintes princípios:

 

“[...] a História para os jovens do Ensino Médio possui condições de ampliar conceitos introduzidos nas séries anteriores do ensino fundamental, contribuindo substantivamente para a construção dos laços de identidade e consolidação da formação da cidadania. O ensino de História pode desempenhar um papel importante na configuração da identidade, ao incorporar a reflexão sobre a atuação do indivíduo nas suas relações pessoais com o grupo de convívio, suas afetividades, sua participação no coletivo e suas atitudes de compromisso com classes, grupos sociais, culturas, valores e com gerações do passado e do futuro” (PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS, 1999: 22).

 

Nota-se que o Ensino de História sob a orientação dos PCN’s busca ligar-se ao cotidiano do educando, articulando um contraste de uma história total, para compreender o processo histórico. Fazendo uma reflexão sobre o Ensino de História e o processo de formação histórica do educando, colocando estes como Sujeitos da História.

                                                                                                                             

 Ensino de História e a Construção do Saber Histórico

 

O desafio do Ensino de História é construir na sua narrativa múltiplas dimensões do cotidiano do educando. Levando em consideração os eventos, os acontecimentos, ou seja, o tempo da história. Segundo Florescano (1997):

 

“[...] a função da história é dotar de identidade a diversidade de seres humanos que formavam a tribo, o povo, a pátria ou nação’, assim dizendo, ensinar história vai além de uma organização cronológica da narrativa, mas uma compreensão crítica da existência humana” (FLORESCANO, 1997, p. 67, grifos do autor).

 

A disciplina de História é importante na medida em que é considerada um item essencial na formação do educando. Corroborando com essa ótica, Oriá considera que: “Compreender quem somos, para onde vamos, o que fazemos, mesmo que muitas vezes pessoalmente não nos identifiquemos com o que esse mesmo bem evoca, ou até não apreciemos sua forma arquitetônica ou seu valor histórico. [...], pois é revelador e referencial para a construção de nossa identidade histórico-cultural” (ORIÁ, 2006, p.134). Segundo Hofling, (2003):

 

“Ensinar história é estimular os alunos a refletirem e fazerem descobertas valorizando o saber do aluno. A história não existe apenas nos livros, ela é real; por meio de relatos de pais, avós, o aluno pesquisa, seleciona e produz um texto informativo. Essa nova maneira de ensinar história muda o foco: dos grandes homens e seus feitos para as pessoas comuns e seu cotidiano” (HOFLING, 2003, p. 181).

 

Nesse sentido, o espaço escolar não é um espaço onde se reproduz conhecimento, é um espaço onde se constrói conhecimento. O professor de História através de suas práticas, deve buscar incentivar no educando o gosto pelo Saber Histórico. Para se compreender de fato o que significa o Saber Histórico, é preciso refletir o contexto escolar. Não há um sentido imutável sobre o termo “saber histórico”, “saber histórico escolar” e “consciência histórica” Abud assinala que:

 

“O conhecimento histórico é a principal ferramenta na construção dessa consciência histórica, que articula o passado com as orientações do presente e com as determinações do sentido com as quais o agir humano organiza suas intenções e expectativas no fluxo do tempo. Mas, é nas escolas que se estuda a História e onde se cruzam de modo comprometido o conhecimento científico e o conhecimento escolar, por que o ambiente escolar é privilegiado para que os alunos aprendam maneiras de pensar sobre o passado que deverão ajudá-los a se orientar no tempo, relacionando o passado, o presente e o futuro com suas vivências como seres temporais” (ABUD, 2005, p. 28).

 

Nesse sentido, o Saber Histórico se entrelaça ao Saber Histórico Escolar, pois o conhecimento acadêmico está refletido nas práticas docentes, contextualizando com a relação educando e educador, sem perder de vista suas relações sociais de Sujeitos Históricos, com pensamentos distintos.

 

O saber histórico pode seguir duas vertentes distintas: o saber histórico acadêmico e o saber histórico escolar. O saber produzido dentro das universidades, muitas vezes, tem um grau de importância muito maior do que o saber produzido dentro das escolas. Abud afirma que:

 

“Algumas afirmações são recorrentes quando se coloca em discussão o ensino de História e a formação de professores da disciplina para a escola básica. Documentos emitidos por historiadores ressaltam, por exemplo, a indissolubilidade dos laços entre o ensino e a pesquisa nos cursos de formação do professor de História. A pesquisa a que se referem, contudo, é a pesquisa acadêmica, que produz o conhecimento histórico, acadêmico, que pode ser destituído de qualquer relação com os objetivos do ensino de História. Por outro lado, a História a ser ensinada ou a que é apreendida pelos alunos não é considerada como um possível objeto de pesquisa” (ABUD, 2005, p. 25).

 

Ainda segundo as afirmações de Abud (2005) ela diz que muitas vezes essa listagem de conteúdo não passa de um conteúdo engessado permanente, onde os conteúdos de História são entregues aos educandos através de uma metodologia tradicional. No que tange ao Saber Histórico Escolar, este estar ligado com os saberes construídos dentro do espaço escolar. Chervel diz que:

 

“O sistema escolar é detentor de um poder criativo insuficientemente valorizado até aqui e que ele desempenha na sociedade um papel o qual não se percebeu que era duplo: de fato ele forma não somente indivíduos, mas também uma cultura que vem por sua vez penetrar, moldar, modificar a cultura da sociedade global” (CHERVEL, 1990, p. 184).

 

Nesse sentido, é imprescindível que o educador, assim como toda comunidade escolar busque perceber e relacionar esses dois saberes, fazendo com que estes assumam seu potencial de Ensino-Aprendizagem. Fazendo com que o educando passe a ser autor da sua história. Segundo os PCN’s (1997):

 

 “O saber histórico escolar, na sua relação com o saber histórico, compreende de modo amplo, a delimitação de três conceitos fundamentais: o fato histórico, de sujeito histórico e de tempo histórico. Os contornos e as definições que são dadas a estes três conceitos orientam a concepção histórica, envolvida no ensino da disciplina. Assim, é importante que o professor distinga algumas dessas possíveis conceituações” (BRASIL, 1997, p. 35-36).

 

Nesta perspectiva, é importante que o professor de História busque promover a reflexão do educando, motivando este a conhecer a história da sociedade à qual ele faz parte. Segundo Coelho e Certeau:

 

“O saber histórico escolar está voltado para um público específico, a comunidade escolar, diante da qual se concretiza. Diferentemente do saber historiográfico, criticado e dimensionado pelos pares, esse assume todo o seu potencial nas situações de aprendizagem, por meio do seu uso, qual é feito por professores, alunos e demais agentes escolares” (COELHO, 2014; APUD CERTEAU, 1988, p. 20-24).

 

A vista disso, pode-se dizer que o Saber Histórico Escolar é um ponto fundamental no contexto escolar, pois através desse conhecimento se consegue formar uma consciência histórica no educando, promovendo um processo de descoberta sobre si e sobre o meio no qual o educando estar inserido, colocando-o como sujeito da sua história.

 

O papel do professor de história na construção do saber histórico

 

O professor de História é a peça-chave na construção do conhecimento histórico. Pois, ao ensinar o educando a construir sua concepção sobre a história, dá condições para que estes se percebam enquanto cidadãos com direitos e deveres. Para Pinsky “O professor é o elemento que estabelece a intermediação entre o patrimônio cultural da humanidade e a cultura do educando, é necessário que ele conheça da melhor forma possível, tanto um quanto o outro” (PINSKY, 2009, p. 23).

A vista disso, o educador é o elo entre o Ensino de História e o contexto social do educando, dando-lhe subsídio ao educando para perceber a disciplina de História, não como aquela que estuda o passado, mas aquela que o coloca com sujeito da história.

 

A busca constante do educador por conhecimento ajuda o mesmo a implementar novas maneiras de ensinar, novas práticas, isso é um processo contínuo que precisa acontecer desde a educação básica, de acordo os apontamentos dos Referenciais para a Formação de Professores:

 

“O professor se desenvolve à medida que vai estudando, refletindo sobre a prática e construindo conhecimentos experienciais por meio da observação e das situações didáticas reais ou de simulação de que participa. Entretanto, o início dessa construção não se dá no momento em que ele ingressa num curso de formação inicial. A condição de aluno, pela qual todo professor passa durante muitos anos de sua vida antes da formação profissional, faz com que ele aprenda muito sobre a profissão no convívio diário com seus professores e colegas. Essa intensa experiência como aluno não pode ser desconsiderada, pois marca consideravelmente suas representações e concepções sobre o papel de professor e de aluno, e sobre as formas de atuação profissional” (REFERENCIAIS PARA A FORMAÇÃO DE PROFESSORES1999, P. 85).

 

Partindo do enunciado acima pode-se dizer que o educador estar em uma formação constante que exige conhecimento histórico e específicos sobre o que é ensinar e como ensinar, já que os saberes se transformam de acordo a vivência de cada um.

 

História da sociedade é um processo de acontecimentos que ocorreram no passado correlacionados com os acontecimentos do presente, sendo assim a grade curricular do ensino de História deve estar pautada em mudanças. Horn destaca que:

 

“O currículo deve voltar-se para uma perspectiva política de transformação social. Deve estrar comprometida em auxiliar os alunos na reflexão crítica dos mecanismos que moldam suas vidas, como os mitos ou verdades absolutas, objetivando, portanto, a desmistificação dos conteúdos curriculares em sua forma tradicional” (HORN, 2003, p. 44).

 

Percebe-se no enunciado que é essencial que o educador objetive através da sua prática pedagógica uma reflexão no educando, levando este a questionar a estrutura na qual está inserido. Nas palavras de Almeida, o educador é “um investigador da sala de aula, que formula suas estratégias e reconstrói a sua ação pedagógica”. Dessa forma, se colocando como educador pesquisador, que traz a ideia de que a formação contínua é parte integrante do processo de ensino.

 

Pensar o Ensino de História no Ensino Médio de maneira atual que busca levar o educando a exercer o papel de cidadão transformador não é fácil, a pesquisadora Isabel Barca (2007) ressalta que “[...] é tarefa complexa, e como sempre, polemica. É complexa porque não basta passar a crianças e jovens o conteúdo que seus pais aprenderam, na escola e fora dela, como pensamento único de um determinado grupo influente”. É necessário pensar o Ensino de História atualmente como uma unidade.

 

Uma unidade que aliada ao conhecimento, precisa trabalhar o pensamento crítico reflexivo no educando, principalmente em uma sociedade que está imersa às tecnologias, onde as relações entre as pessoas, a maneira de se comunicar e de pensar, o individual e o coletivo mudam muito rapidamente.

 

Tendo como princípio de que a história é mutável e estar sempre buscando novos horizontes, novos saberes, é preciso que o educador implemente práticas que irão fazer com o educando do Ensino Médio reflita sobre suas ações no mundo e aguce sua curiosidade sobre a disciplina de História. Corroborando com essa ideia Freire destaca:

 

“A curiosidade como inquietação indagadora, como inclinação ao desvelamento de algo, como pergunta verbalizada ou não, como procura de esclarecimento, como sinal de atenção que sugere alerta faz parte integrante do fenômeno vital. Não haveria criatividade sem a curiosidade que nos move e que nos põe pacientemente impacientes diante do mundo que não fizemos, acrescentando a ele algo que fizemos” (FREIRE, 2001, p. 53).

 

Logo, estimular no educando o interesse de conhecer, de estudar, de pesquisar sobre os saberes da história, aliado a uma prática inovadora, fará com que esse educando trate situações complexa de forma clara e objetiva. Refletindo sobre o porquê e para que é importante estudar História.

 

O Ensino de História ao longo do tempo passou por diferentes correntes historiográficas dentre as quais podemos destacar: positivismo, marxismo e a escola dos Annales. Essas três concepções tiveram e têm uma influência direta nas práticas pedagógicas de professores, coordenadores, gestores etc., e muitas vezes reproduzem conteúdos em sala de aula sem levar em consideração a criticidade do mesmo e a realidade do educando. O que o Ensino e História busca realmente de acordo os PCNs, (1998):

 

“A intenção é que ele desenvolva a capacidade de observar, de extrair informações e de interpretar algumas características da realidade do seu entorno, de estabelecer algumas relações e confrontações entre informações atuais e históricas, de datar e localizar as suas ações e as de outras pessoas no tempo e no espaço e, em certa medida, poder relativizar questões específicas de sua época” (Brasil, 1998, p. 40).

 

Portanto, o conhecimento que o aluno deseja aprender deve ser baseado em seu próprio conhecimento e racionalidade da História, pois esse processo cognitivo deve ser consistente na história como ciência de referência para a aprendizagem do estudante.

 

Considerações finais

 

A História é uma ciência humana que busca entender a relação do homem com as transformações sociais e culturais ao longo do tempo para compreender fatos que circundam os dias de hoje. Levando em consideração que o Ensino de História tem uma relevância significativa para a construção do saber histórico e o saber histórico escolar, essa pesquisa fez-se necessária, pois vem contribuir de forma significativa na construção de uma consciência histórica reflexiva e questionadora.

 

Refletir sobre o Ensino de História é pensar em enfrentar uma gama de desafios, principalmente porque gradualmente ele vem sendo desvalorizado dentro das instituições e até mesmo pela gestão federal. Quando levamos essa questão para dentro da sala de aula o desafio é maior, já que atualmente o saber escolar vem sendo desvalorizado. Por esse motivo é de suma importância entender que o Ensino de História é um instrumento essencial centrado em formar alunos engajados com a vida social.

 

Todo o estudo exposto nesta pesquisa, objetiva desde o princípio, analisar como os professores de História do Ensino Médio concebem a construção do saber histórico a partir da perspectiva crítica-reflexiva. Entendemos que os mesmos reconhecem e defendem uma concepção histórica na qual o aluno seja parte da história, relacionando este aprendizado com a construção de uma consciência histórica reflexiva em que o aluno entenda qual o seu papel na sociedade.

 

Referência biográfica

 

Eleilda da Silva Santos, Graduanda em História Licenciatura pela Universidade Federal do Maranhão - UFMA pelo Programa de Formação de Professores para atuar na Educação Básica – PROFBPAR-PARFOR/UFMA – Campus: Urbano Santos. Graduanda do curso de Pedagogia pela Faculdade do Maranhão – FACAM. E-mail: eleildasantos@gmail.com.

 

Referências bibliográficas

 

ABUD, Katia Maria. Processos de construção do saber histórico escolar. História & Ensino, Londrina, v. 11, jul. 2005.

 

ALARCÃO, Isabel (org.). Escola Reflexiva e nova racionalidade. Porto Alegre, Artmed, 2001, Notas de estudo de Pedagogia.

 

BARCA, Isabel. A Educação Histórica numa Sociedade Aberta: Currículo sem Fronteiras. v.7, n.1, pp.5-9, Jan/Jun. 2007.

 

BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Ciência e Tecnológica. Parâmetros Curriculares Nacionais: ensino médio. Parte IV - Ciências Humanas e suas tecnologias. Brasília, Ministério da Educação, 1999.

 

COELHO, Mauro Cezar; COELHO, Wilma de Nazaré Baía. História, historiografia e saber histórico escolar: a educação para as relações étnico-raciais e o saber histórico na literatura didática. v. 21, n. 2, Passo Fundo, p. 358-379, jul./dez. 2014 | Disponível em: <https://www.upf.br/seer/index.php/rep>. Acesso em 01 de dezembro de 2020.

 

CHERVEL, André. História das disciplinas escolares: reflexões sobre um campo de pesquisa. Teoria e educação. n. 2. Porto Alegre, 1990. p.177-229.

FREIRE, P. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 2001.

 

FLORESCANO, E. A função social do historiador. Tempo Revista do Departamento de História da UFF. Volume. 4. Rio de Janeiro: 1997.

 

HORN, Geraldo Balduíno. O Ensino de História Teoria, Método e Currículo. Curitiba: Livro de Areia, 2003.

 

HOFLING, Maria Arlete Zülzke. As páginas de história. Cad. CEDES [online]. 2003, vol.23, n.60, pp.179-188. ISSN 1678-7110. Disponível em: <https://doi.org/10.1590/S0101-32622003000200005>. Acessado em 12 de novembro de 2020.

 

MAGALHÃES, Marcelo de Sousa (2006). Apontamentos para pensar o ensino de História hoje: reformas curriculares, Ensino Médio e formação do professor. In. Tempo, v.11, n.21, pp.49-64.

 

_______. Ministério da Educação e Desporto Secretaria de Educação Fundamental. Referenciais para formação de professores. Brasília: MEC/SEF, 1999.

 

MONTEIRO. Ana Maria. O ensino de História: lugar de fronteira. In: NETO, Jose M.A. (org.) História: Guerra e Paz – XXIII Simpósio Nacional de História – Londrina: ANPUH/Mídia, 2007.

 

ORIÁ, R. Memória e ensino de História. In: BETTENCOURT, Circe (Org.). O Saber Histórico na sala de aula. 11° Edição. Editora Contexto. São Paulo: 2006.

 

_______. Parâmetros Curriculares Nacionais - História, Brasília, DF, MEC/SEF, 1998, p. 36.

 

PINSKY, Carla Bassanezi (Org.). Novos Temas nas Aulas de História. São Paulo: Ed. Contexto, 2009.

 

_______. Secretaria de Educação do Ensino Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: história e geografia. Brasília: MEC/SEF, 1997.

 

 

15 comentários:

  1. Inicialmente, parabéns pela reflexão proposta.
    Você diz: "O Ensino de História busca mostrar, não só o que já aconteceu no passado, mas busca mostrar o que está acontecendo no presente".
    Você "enxerga" algum limite nesse "mostrar o que está acontecendo no presente"? Explico: faço referência, por exemplo, ao "Escola sem Partido" e outras ações que tentam cercear a liberdade do professor e a perspectiva crítica que faz parte da própria natureza do conhecimento histórico.
    GUSMÃO FREITAS AMORIM (Seduc-CE).

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    1. Primeiramente, obrigada pelas observações e pelo questionamento.

      Acredito que sim. Pois a ideia do Escola sem Partido impossibilita o professor de debater assuntos importantes e de grande relevância em sala de aula. E assim junto com seus alunos o professor possa construir um conhecimento baseado no questionamento e na criticidade.

      Tem um trecho do projeto que coloca o aluno como “audiência cativa” e o professor como “transmissores dos conteúdos” Esta é a visão obsoleta na qual entende o aluno passivo , como uma folha em branco e coloca o professor apenas como um conteudista e amordaçada tanto aluno quanto professor tirando a liberdade
      de expor suas opiniões dentro do ambiente escolar.

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    2. Grato pela resposta!
      Concordo e acrescento que, mesmo sem a aprovação do Escola sem Partido, já me sinto um pouco tolhido em minha liberdade em sala de aula pelo menos desde 2017, quando toda essa onda negacionista (e de tamanha estupidez) começou a tomar proporções maiores.
      Mais uma vez, parabéns pelo trabalho!
      Gusmão Freitas Amorim

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  2. Primeiramente gostaria de parabenizá-la pelo belíssimo trabalho.concordo com você quando diz que "o educador está em umaformação constante que exige conhecimento histórico e específico sobre o que é ensinar e como ensinar". Mas nesse período de pandemia em que assola o nosso Brasil e o mesmo necessita encontrar meios para continuar com o desenvolvimento da nossa educação de que modo o educador de história consegue continuar sendo essa fonte de ensino e de estudo constante, no processo de ensino-aprendizagem?
    (Nubiana Vieira Nascimento)

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    1. Obrigada pela sua pergunta e pelo seu comentário.


      Como eu falei no meu texto o professor é a peça-chave na construção do conhecimento histórico. Também falei que esse professor precisa estar em uma busca de conhecimento constante e hoje a Internet é um mundo a ser explorado.

      A pademia nos mostrou descaradamente a grande desigualdade social que existe no nosso país.Acredito que nesse cenário, é fundamental que tanto o professor quanto a escola reavalie sua prática pedagogica e busque, mais ainda, construí uma ponte de diálogo entre gestão, professor e família.

      De modo geral a educação no Brasil já sofria grandes transtornos antes mesmo da pandemia. Os desafios foram e estão sendo grandes, por exemplo falta de planejamento, dificuldade de acesso, adaptação, estresse, ansiedade foram muitos os desafios enfrentados e que estão sendo enfrentados.

      Para que o professor possa continuar buscando e exercendo o papel na construção do saber. Em primeiro lugar é preciso ter muita paciência. Mas também é o momento de buscar conhecimento novo, buscar experiências novas e colocar em prática.

      Usar a tecnologia em favor da Educação. Criar grupos nas redes sociais compartilhar materiais didáticos e o principal manter o diálogo entre família e escola.

      Se não houver diálogo e muito difícil avança em meio ao desafio da pandemia.

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  3. Parabéns pela reflexão e obrigada por compartilhar conosco.
    Muitas vezes a História do Cotidiano aparece nas narrativas dos professores e nos materiais didáticos como meras curiosidades e pitorescas que tornam a aula "divertida". Como é possível mudar essa visão no âmbito Educacional, uma vez que você ressalta que o conhecimento histórico ( história do cotidiano também faz parte) é a principal ferramenta na construção da consciência histórica?

    Naiara Protacio Moura

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    1. Obrigada pelo seu comentário e por sua pergunta.

      Existe um distanciamento muito grande entre a teoria, e a prática docente. É notório que a escola de modo geral precisa repensar suas práticas pedagógicas e a importancia do conhecimento histórico.

      É preciso lembrar que a história é feita por homens, mulheres, crianças, ricos e pobres. E colocar esses personagens como sujeito da história é o papel do historiador. Nesse sentido é preciso que a escola repense o planejamento, repense os conteúdos didáticos, colocando o aluno como um sujeito que tem uma história e lembrar que esse aluno não é uma folha em branco, ele tem uma bagagem de conhecimento que vem com as experiências do convívio familiar.

       Essa visão do "aluno como sujeito histórico" é um tema que aparece nas propostas curriculares para o ensino que precisa ainda de muito debate e exige mudanças de atitude na constituição do interesse do indivíduo e que exige uma mudança de pensamento de toda a comunidade escolar. Essa mudança é pertinente , mas complexa pois precisa de uma mudança de pensamento. Para assim compeender as diferenças entre os alunos, percebendo que cada indivíduo é um ser em particular, tem sua própria história.

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  4. Na sua opinião, porque o ensino da história está ligado na construção do pensamento e na formação crítica-reflexiva do indivíduo?

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  5. Obrigada pela sua pergunta.

    Quando falamos em educação, não estamos falando apenas de ensinar a ler e escrever. É muito mais que isso.
    Acredito que, para que tenhamos cidadãos críticos, reflexivos é preciso estimular o aluno questionsr o mundo a sua volta, a criticar a sua realidade, para que o mesmo possa transformar a sua realidade e a realidade da Comunidade.

    Esse estímulo ao questionamento, a criticidade não precisa ser apenas no ensino médio, ela precisa começar nos primeiros anos escolares da criança. Pois é nós primeiros anos de vida que a criança desenvolve a autodisciplina mental, por isso é importante o estímulo da criança a refletir e a questionar o meio no qual ela está inserida.

    Em relação ao ensino de história, ele está ligado principalmente às profundas transformações sociais e econômicas da sociedade por isso acredito que este tenha um papel fundamental nessa formação crítica.

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  6. Olá Eleilda.
    Gostei bastante do seu texto, que traz reflexões muito pertinentes (e também permanentes) sobre o Ensino de História. Sua explanação sobre à temática, vinculada também aos currículos, é bastante necessária, considerando o contexto negacionista sobre a pandemia no qual. Como questão, pergunto-lhe: qual é a sua perspectiva sobre o ensino de História no Ensino Médio da escola pública, no ensino remoto que é extremamente precário? Penso em quais seriam os caminhos possíveis que reduzissem os danos já constatados, na educação brasileira. Abraço desde Minas Gerais! Ana Maria Brochado de Mendonça Chaves (UEMG)

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    1. Obrigada pela pergunta

      A pandemia nos mostrou um dado, que já era fato, a desigualdade social existente no Brasil é alarmante. Muitos setores foram afetados e a educação em especial está em estado de calamidade. O ensino público em muitos lugares ele é inexistente.

      Muitos alunos não tem acesso à internet, não tem local adequado para estudos em casa e muitas vezes falta o contato com os educadores e com escola de modo geral. Falando em especial do ensino médio é preciso trabalhar com projetos que motive os alunos intrinsecamente, para que eles se mantenham conectados com a escola, com o processo de aprendizagem. Lembrando que a educação híbrida não exime o educador, a escola e o grupo de professores de repensar essa jornada para que se consiga desenvolver uma aprendizagem significativa. É preciso entender as motivações dos alunos, a capacidade de autogestão desse aluno.São necessárias ações de infraestrutura, para isso precisa de vários órgãos para garantir o acesso e vontade política, só a escola, professor e família não dá conta.

      Uso da tecnologia no ensino foi imposição da pandemia, teoricamente já era para se trabalhar com esse recurso em sala de aula, mas que na realidade não se trabalhava. Mesmo com todas as dificuldades acredito que com planejamento e-parceria possamos ter Êxodo em relação ao ensino e aprendizagem dos alunos.

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  7. Assim como Citado acima você diz que “O Estado buscou desde sempre, manter uma certa influência sobre o que se ensina ou o que se deixa de ensinar em sala de aula, sempre esteve preocupado em saber como o conhecimento era levado ao educando e qual era a dimensão alcançada com esse conhecimento, essa preocupação está relacionada com fato do da sociedade em si ter pensamentos e ações próprias agindo de acordos com seus ideais e não com ideais impostos a eles.” E isso é algo que acontece desde antigamente visando colocar a sociedade em completa ignorância.
    O que te leva a pensar sobre em como o ensino de história está sendo fornecido e apresentado na sociedade na contemporaneidade e de como a mesma pode tornar-se essencial na formação não só do educando mas da sociedade como um todo se a mesma não busca por meios de compreender e identifica-la como essencial em seu viver?
    Porque a concepção do estado possui uma forte influência na pratica pedagógica de professores no qual reproduzem os conteúdos fornecidos desconsiderando a criticidade e a realidade do educando sendo o educador essencial na construção desse saber? Se o mesmo visa colocar o educando como parte da história, gerador de conhecimento, agente do processo porque o Ensino de História preocupa tanto Estado ao ponto do mesmo modificar currículos escolares?

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