Antonio Carlos Figueiredo Costa

     O ENSINO DE HISTÓRIA NA FORMAÇÃO DE PROFESSORES GENERALISTAS:                     ALGUMAS ACHEGAS QUANTO À TEORIA DA CONSCIÊNCIA HISTÓRICA

 

Introdução

 O presente trabalho procura situar a importância da teoria e da metodologia da História nos cursos de licenciatura em Pedagogia. Consideramos que é da formação de professores generalistas no ensino de História que dependem os primeiros passos a serem dados no caminho da autorreflexão dos cidadãos em termos históricos. Da validade dessa premissa implica uma espécie de alfabetização histórica ainda nos primeiros anos escolares, o que aprioristicamente faz caber às estratégias de ensino mobilizadas por tais professoras, no chão da escola, o emprego de uma didática própria ao ensino da História, capaz de oferecer sentido à práxis humana vital na sua carência de sentido, na passagem entre o passado e o futuro.

Dessa forma, ainda que em caráter introdutório e resumido aos estreitos limites desse trabalho, nosso intento é oferecer algumas achegas que demonstrem a viabilidade de uma sofisticada matriz disciplinar inaugurada na Alemanha acerca da teoria da História, à qual, como tentaremos demonstrar, elege a consciência histórica e a cultura histórica na condição de conceitos centrais, e no bojo dessa teoria, na qualidade de lócus do processo ensino-aprendizagem, nos autoriza a realçar o privilegiado papel destinado à didática da História, que sob o novo paradigma, apresenta-se inelutavelmente articulada à teoria da História.

 

Teoria da Consciência Histórica e Didática da História

Investigar a Didática da História em conformidade com o paradigma proposto pela ‘nova historiografia alemã’, corrente inovadora que articula a teoria da história ao ensino da própria disciplina escolar, é tarefa instigante e desafiadora. Afinal temos que levar em conta que se trata de um movimento de ruptura com uma forma que se aponta como ultrapassada de pensar a pesquisa – ou melhor dizendo, a ‘ciência da história’ – de maneira separada do ensino da história, e que vem paulatinamente ganhando terreno, face aos desafios de ensinar história no âmbito escolar. Em suma, o que propõe a nova historiografia alemã é a criação do sentido histórico enquanto relação ativa com o passado, e como motivação para a vida humana.

 

A chamada ‘Teoria da consciência histórica’ surgiu na Alemanha, afirmando-se ao longo das décadas de 1970 e 1980, sendo difundida durante esse tempo, inicialmente no centro da Europa, tendo ocorrido ainda a inclusão de alguns países nórdicos. No Brasil, seus primeiros núcleos de cientificidade foram divulgados em um artigo assinado por Jörn Rüsen, intitulado ‘Reflexão sobre os fundamentos e mudança de paradigma na ciência histórica alemã-ocidental’ (RÜSEN, 1987), incluso no volume “a nova historiografia alemã” (NEVES; GERTZ, 1987), publicado sob os auspícios da editora da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, em parceria com o Instituto Goethe/Instituto Cultural Brasileiro Alemão. O novo paradigma passou a ser assim denominado em alusão privilegiada a um dos três tipos de resultados intelectuais da reflexão histórica: a consciência histórica. Os outros dois, conforme se sabe, são a cultura histórica e o formato científico da historiografia.

 

Nessa vertente teórica da ciência da história, o produto historiográfico, obtido laboriosamente pelos historiadores de ofício, ao tocar diretamente a corda da identidade pessoal e social dos sujeitos e de seus grupos, conforme nos diz Estevão de Rezende Martins (MARTINS, 2002), passa a ser articulado aos chamados efeitos externos, tais como o cinema, as artes, a literatura, e a escola, efeitos esses de grande impacto sobre a práxis social, que corresponde nesse caso, à visão de si e do mundo que os indivíduos constroem.

 

Os avanços obtidos pela nova historiografia alemã refletem o esforço dos seus historiadores no sentido de dar tanto a forma, quanto o sentido, ao produto final que consiga atender às expectativas científicas dos especialistas, mas também exercer uma função de orientação que sirva não somente a esses iniciados, mas também ao grande público.

 

Conforme é sabido, após ser unificada no último quartel do século XIX, a Alemanha enfrentou ao longo do século vinte um longo processo mediado por uma modernização de caráter conservador, cujo ápice foi uma espécie de derrapagem no roteiro almejado pela antiga burguesia guilhermina, que desembocou entre 1933 e 1945, na experiência nazi-fascista, e nas conseqüências do pós-guerra.

 

Essa história dramática, com efeitos também traumáticos na comunidade dos historiadores, guarda alguns pontos de contato com a experiência brasileira, também fustigada na forma do passado escravista, dos sucessivos períodos ditatoriais, e em consequência desses fatores, de uma herança que alinha nos dias de hoje, o racismo e a exclusão social à inexperiência democrática, conforme alhures se revela em grupos que atentam contra a democracia, e que parecem não encontrar o devido repúdio na massa da sociedade.

 

Cumpre ressaltar que na esteira da modernidade lançada pelos homens que se ocupavam da história no século XIX – fossem estes franceses, ingleses ou alemães – havia ocorrido um esforço para tornar a história uma ciência, porém, conforme observou Jörn Rüsen, os historiadores começaram a “...perder de vista um importante princípio, a saber, que a história é enraizada nas necessidades sociais para orientar a vida dentro da estrutura do tempo” (RÜSEN, 2011, p.25). Isso corresponde a dizer, continuamos a acompanhar o raciocínio de Rüsen, que a didática da história não era mais o centro da reflexão dos historiadores, tendo sido substituída pela metodologia da pesquisa histórica. Em suma, a modernidade havia trazido, além do descolamento de uma antiga percepção de previsibilidade que fizera da história repositório e acervo confiável na tradição ocidental (a historia magistra vitae ‘ciceroniana’), também uma desvalorização da aprendizagem histórica, onde a didática da história veio a tornar-se “...um saber auxiliar da didática geral...” (FRONZA, 2016, p.51).

 

O conceito de consciência histórica cunhado por Hans-Georg Gadamer (1900-2002) passou a ser definido, desde o momento de criação do campo de pesquisas de didática da história como central, sofrendo contudo alteração significativa de sentido, conforme a alinhada por Jörn Rüsen, que a define como:

“o trabalho intelectual realizado pelo homem para tornar suas intenções de agir conformes com a experiência do tempo. Esse trabalho é efetuado na forma de interpretações das experiências do tempo. Estas são interpretadas em função do que se tenciona para além das condições e circunstâncias dadas da vida” (RÜSEN, 2001, p. 59).

 

Ao final dos anos 1980, os próprios pesquisadores do campo estabeleceram sob o mesmo status, o conceito de cultura histórica, entendida por Rüsen como “o campo em que os potenciais de racionalidade do pensamento histórico atuam na vida prática”. (RÜSEN, 2010, p.121). De acordo com Klaus Bergmann, um dos próceres dessa nova forma de pensar as tarefas da história enquanto ciência, vórtice que encontra no historiador Jörn Rüsen um dos seus principais corifeus:

“A Didática da História é indispensável para a Ciência Histórica exatamente por causa de ela indagar sobre e problematizar este significado e, destarte, se opor ao perigo de a Ciência Histórica se isolar das necessidades legítimas de uma orientação histórica daquela sociedade que, em última análise, a sustenta. Com isso, ela desempenha uma função que é de importância vital para a própria Ciência Histórica. Esta própria ciência, entretanto, não pode mais desempenhar aquela função exatamente por causa de seu elevado grau de especialização.” (BERGMANN, 1990, p. 34).


Cabe ressaltar que na tradição alemã, a didática da história, e o ensino de história, consequentemente, se debruçam nas formas de circulação social da história, conforme viemos mencionando. Cumpre perceber que a circulação social da História da maneira mais ampla, e não apenas o ensino da História na Educação Básica, compõe o campo de estudos criado pelos pesquisadores da teoria da consciência histórica, no qual as reflexões didáticas encontram-se inclusas.  Devemos ainda entender que o espectro compõe as reflexões e possíveis intervenções que abrangem um amplo leque que inclui a história das comemorações cívicas, a televisão, os monumentos, a internet e os videogames, a literatura, o cinema, o teatro, os museus, o turismo, as festas populares, os memoriais, e as publicações nos jornais e revistas, entre outros.

De acordo com Fronza (2016), há alguns pressupostos para realizar a função didática da história, a partir da teoria da consciência histórica. Baseando-se nos estudos do didata da história Bodo von Borries, Fronza(2016, p.61-62) identificou quatro formas de operacionalizar  a consciência histórica na cultura escolar, sendo estas: 1. Formas de abordar o pensamento histórico autorreflexivo; 2. Formas de abordar as histórias tradicionais antirreflexivas; 3. Formas de abordar histórias alternativas a partir da teoria dos conceitos de segunda ordem em história – cumpre esclarecer que conceitos de segunda ordem aparecem definidos por SCHMIDT; BARCA;GARCIA (2011, p. 11-12) como aqueles conceitos em torno da natureza da história, como explicação, objetividade, evidência, narrativa, subjacentes à interpretação de conceitos substantivos tais como ditadura, revolução, democracia, Idade Média ou Renascimento; e, 4. Formas de abordagens a partir de métodos inovadores em relação ao ‘lidar com a história’.

 

Ora, conforme Jörn Rüsen estampou em seu primeiro livro da trilogia voltada à teoria da história (RÜSEN, 2001, p. 54), as experiências e as interpretações do tempo, ou seja, aquilo que podemos designar como situações genéricas e elementares da vida prática dos homens, permite constituir o que identificamos como consciência histórica. Operadas por qualquer homem, sabemos que elas geram resultados cognitivos, e envolvem a completude das operações mentais da formação de sentido que passamos a desenvolver a seguir. A categoria ‘sentido’ oferece na obra de Jörn Rüsen (RÜSEN, 2001; 2010; e, 2014) o deciframento analítico e a interpretação sintética desse processo, que como sabemos, afigura-se elementar para a vida humana, mediante interpretação temporal e consequente a isso, a apropriação do passado na forma de história. Assim, experimentar (o tempo dotado de significado), interpretar (responder à contingência desafiadora do tempo experimentado), orientar (versão prática à interpretação do tempo) e motivar (direcionar finalisticamente a vontade para algo) se apresentam como atividades decisivas que perfazem a consciência histórica do homem.

 

Conforme proposto por Jörn Rüsen (RÜSEN, 2014, p.181) devemos prover com especial importância, com vistas ao instrumental teórico do novo paradigma didático nas séries iniciais do ensino, a motivação, que conforme vimos, é o quarto componente de tais operações. Como nos lembra Jörn Rüsen:

 

 “o lugar da filosofia da história não é nas classes mais avançadas da escola, quando tudo já se consumou, mas no início, quando as crianças começam a ingressar no espaço da experiência histórica e este deve ser explorado como campo temporal próprio” (2014, p. 187).

 

Tratemos de adensar discursivamente a nossa explanação feita acima acerca das operações mentais da formação de sentido, para termos consolidada a seguinte compreensão: 1.Na experiência histórica o tempo é experimentado historicamente, porém não simplesmente como transformação e mudança, mas como escreveu J. Rüsen (2014, p. 182-183), “...como uma transformação importante para a vida humana, que possui significado, mas exatamente: que precisa ser dotada de significado para que a vida possa prosseguir na mudança experimentada pelo ser humano e pelo mundo”; 2. Por sua vez, interpretar constitui em pergunta desafiadora da contingência. Assim, ainda de acordo com Rüsen (2014, p. 183), é aí que se “relaciona o tempo experimentado com o senso temporal interior, no qual a subjetividade humana se afirma como interação de memoração e expectativa.”; 3. Orientar, por seu turno, significará dar uma versão prática a essa interpretação do tempo, relacionando o mundo à subjetividade humana; e, 4. Motivar, significará então, “enviar o tempo interpretado ao endereço da vontade humana”, momento no qual se tornam eficazes as orientações históricas, momento no qual a ação fundamentada atinge o cerno do agir intencional (RÜSEN, 2014, p. 185).

 

Defendemos que essa quarta operação merece maiores considerações, por visar ao desenvolvimento, conforme frisou Marcelo Fronza (2016), da capacidade de empatia histórica e do julgamento histórico. De acordo com observações desse autor, que parafraseou a von Borries, a empatia é um dos atos cognitivos mais difíceis de serem alcançados por professores e estudantes. Fronza nos lembra também que se o método se apresenta complexo, não por escolha, mas por necessidade face à complexidade do intento, as narrativas e fontes deverão se caracterizar pela simplicidade, para serem:

 

“entendidas e acessíveis cognitiva, moral, política e esteticamente. Isso porque a empatia exige que a experiência do outro no tempo seja internalizada pelos jovens de modo intersubjetivo...(...)...para conquistar a empatia o método científico da aprendizagem histórica ...[deverá]...lançar mão da imaginação, da fantasia, e da estética, pois elas tem o poder de ser um túnel do tempo ao aproximar valores e sentimentos antigos e contemporâneos. A história é, portanto, uma experiência de passagem entre o passado, o presente e o futuro. Esta é sua dimensão lúdica. A empatia é, também, o caminho para que os jovens construam, a partir da lógica do método histórico, um ‘julgamento retrospectivo’ que mobiliza e controla a fantasia  e a dimensão estética da narrativa sobre o passado” (FRONZA, 2016, p. 64-65)

 

O apelo à empatia e a ludicidade orientam a colocar na linha de frente das estratégias de ensino, fontes, materiais didáticos e atividades em sala de aula que transitem pelas denominadas novas linguagens e novos objetos voltados ao ensino de história. Nesse aspecto vem despontando nos últimos anos, materiais que variam entre o uso das histórias em quadrinhos, o teatro, a música, o cinema, o jornal, o patrimônio histórico, e obviamente, os recursos da informática. O aceno à ludicidade na escola não é algo novo. O potencial do lúdico nas ações humanas vem ocupando um espaço considerável na bibliografia contemporânea, onde podemos destacar a obra de Johan Huizinga (2010) ao evidenciar as grandes atividades arquetípicas da sociedade humana (a linguagem, os mitos, o culto), inteiramente marcadas, desde o início, pelo ludus, pelo jogo.

 

Richard Courtney (1980) por sua vez, nos oferece um panorama do teatro na história do pensamento educacional, enquanto John Gassner (1997) esclareceu as relações entre a música, o mito e o teatro na formação ocidental, pelo menos, desde a Antiguidade, e conforme se sabe, o teatro,  a música, a poesia e os jogos agonísticos eram formas de educar o cidadão (CAMBI, 1999), onde a catarse servia como um expurgo simbólico aos potenciais perigos que rondavam a pólis, a qual, encontrava-se sustentada em seus pilares pela relação de caráter simbiótico mantida entre os cidadãos e a sua cidade-estado.

 

Na modernidade, podemos acrescer que o patrimônio histórico, consolida afetiva e empaticamente o cidadão à sua comunidade política, restituindo, ainda que parcialmente, o sentimento de pertencimento a um passado público, logrando preencher parte do vazio, expresso pelo ‘presente contínuo’ denunciado pelo historiador Eric J. Hobsbawm (HOBSBAWM, 1995; 1998).

 

Considerações finais

Os referenciais teóricos que apresentamos vem sendo observados em um projeto de ensino de História desenvolvido desde 2018, aproveitados tanto nas atividades em sala de aula, quanto em experiências possibilitadas em projetos de ensino, pesquisa e extensão. Os resultados têm sido extremamente satisfatórios, e que parecem chegar com a impressão de um sopro oxigenador, a renovar velhas e antiquadas práticas no ensino da História.

 

Ainda é comum, o que imputamos pela falta de divulgação de uma didática própria à História, a repetição de velhas práticas de escrita no quadro negro, cujo objetivo maior, ao fim e ao cabo, é encher folhas de cadernos do alunado, com datas, nomes e eventos que acabam por não fazer sentido à vida prática desse público estudantil. Esse esdrúxulo contrato didático – unilateral diga-se de passagem – se completa por meio de avaliações na base da ‘decoreba’ dos dados oferecidos, sob a chancela do ‘certo’ e do ‘errado’, fazendo da História, enquanto disciplina escolar, um dos espaços de aprendizado dos mais odiados entre os alunos.

Abordagens na linha oferecida pela teoria da consciência histórica, contemplando as quatro operações mentais da formação de sentido (percepção, interpretação, orientação e motivação) podem, finalmente, retirar o alunado de um presente contínuo, oferecendo a possibilidade de se encantarem pelo passado, mediante exercícios de alteridade e empatia históricas, através de atividades significativas, criativas e prazerosas, com jogos, cinema, histórias em quadrinhos, teatro e todo um manancial de práticas de natureza lúdica que ofereçam recursos fundamentados à práxis vital humana na travessia entre os tempos pretéritos e o futuro.

Afinal de contas, ao tratar dos eventos do passado, e com isso, aproximar os homens do presente daqueles que já assumiram papel de protagonismo na ribalta histórica, o aprendizado histórico passa, desde que submetido a uma didática própria, a compor uma espécie de repositório para que o aspecto aterrador das incertezas oferecidas pela ordem temporal imposta por Cronos seja amenizado, ao transformar o passado em conhecimento fundamentado racionalmente (história), tornando em consequência disso, o ontem em algo melhor, onde pandemias possam ser vencidas, dado que já existiram outras, e o candidato a ditador, seja apeado do seu cavalo branco, para assumir o papel de louco caricato, a ser desmascarado em público, além de ridicularizado e deposto do poder que indignamente esteja usurpando. 

Formar mais e melhores professoras generalistas para o ensino da História, conscientes do seu papel na mudança social, e em momento de pungente necessidade de contarmos com cidadãos conscientemente ativos ocupando o espaço público e demandando na agenda republicana, nos parece tão dignificante quanto escarafunchar velhos arquivos. Paralelo a todas essas ações, trazer a lume textos de divulgação, em caráter sumamente didático, assim entendemos, ajudam a preencher alguns hiatos na paleta de opções voltada à formação histórica mais adequada desse professorado. Esses pequenos passos parecem constituir um formidável anhelo de esperança. E que o tempo possa confirmar as nossas alvissareiras expectativas.

 

Referências biográficas

 

Prof. Dr. Antonio Carlos Figueiredo Costa, professor de História na Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG), tendo ingressado por concurso de provas e títulos, e atuando na Unidade Acadêmica Ibirité (formação de Professores), líder do Grupo de Pesquisa José Carlos Mariátegui e autor de livros e artigos na imprensa universitária.

 

Referências bibliográficas

 

BERGMANN, Klaus. A história na reflexão didática. Revista Brasileira de História. São Paulo, v.9, n.19, set.89 fev.90, p. 29-42.

 

CAMBI, Franco. História da Pedagogia. São Paulo: edUNESP, 1999.

COURTNEY, Richard. Jogo, teatro&pensamento. São Paulo: Perspectiva, 1980.

FRONZA, Marcelo. A interculturalidade na aprendizagem histórica dos jovens a partir da Teoria da Consciência Histórica: perspectivas da Didática da História Alemã. In: SCHMIDT, Maria Auxiliadora; FRONZA, Marcelo (orgs.). Consciência histórica e  interculturalidade: investigações em Educação histórica. Curitiba: W.A, 2016, p. 49 - 67.

GASSNER, John. Mestres do teatro. V.1. São Paulo: Perspectiva, 1997.

GONTIJO, Rebeca. Cultura histórica. In: FERREIRA, Marieta de Moraes; OLIVEIRA, Margarida Maria Dias de (coord.). Dicionário de Ensino de História. Rio de Janeiro: FGV, 2019, p. 66 – 71.

HOBSBAWM, Eric J. Era dos Extremos: o breve século XX (1914-1991). São Paulo: Companhia das Letras, 1995.

 

________________.  Sobre História: ensaios. São Paulo: Companhia das Letras, 1998.

 

HUIZINGA, Johan. Homo ludens: o jogo como elemento da cultura. São Paulo: Perspectiva, 2010.

 

KUHN, Thomas Samuel. A estrutura das revoluções científicas. 6.ed. São Paulo: Perspectiva, 2001.

 

MARTINS, Estevão de Rezende. Historiografia contemporânea – um ensaio de tipologia comparativa. Varia História. Belo Horizonte, n.27, 2002, p.13-26.

 

RÜSEN, Jörn. Reflexão sobre os fundamentos e mudança de paradigma na ciência histórica alemã-ocidental. In: NEVES, Abílio Afonso Baeta; GERTZ, René E. A nova historiografia alemã. Porto Alegre: edUFRGS/Instituto Goethe, 1987.

 

RÜSEN, Jörn. Razão histórica: teoria da história (os fundamentos da ciência histórica). Brasília: edUNB, 2001.

 

RÜSEN, Jörn. História viva: teoria da história (formas e funções do conhecimento histórico). Brasília: EdUNB, 2010.

 

RÜSEN, Jörn. Cultura faz sentido: orientações entre o ontem e o amanhã. Petrópolis: Vozes, 2014.

 

SCHMIDT, Maria Auxiliadora; BARCA, Isabel; MARTINS, Estevão de Rezende (orgs.). Jörn Rüsen e o ensino de História. Curitiba: UFPR, 2011.

34 comentários:

  1. Bom dia colega, primeiramente dizer que gostei muito do tom do seu texto, trabalhando com sacarmos necessário para enfrentar com saúde um contexto tão difícil como o nosso.
    Fiquei em dúvida sobre quando você coloca que "esse referencias estão sendo observados em um projeto de ensino de História desenvolvido desde 2018". Seria possível você explicar melhor que projeto seria esse?
    agradeço,
    Sandra Regina Mendes

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    1. Obrigado! Trata-se do projeto de ensino Novos temas, novas abordagens, novas linguagens.

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  2. Hoy ¿Cuáles son los retos curriculares en el proceso de formación de profesores generalistas al momento de proyectar la aplicación de los fundamentos epistémicos y metodológicos de la conciencia histórica como ejes orientadores para aprender a enseñar historia?

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  3. Caro Prof. Nilson Javier, obrigado pela pergunta. Tenho adotado algumas linhas de ação que parecem oferecer bons resultados. Na minha IES, UEMG, há duas disciplinas eletivas: Curriculo Mínimo Comum de História I e II. No curso de 2 semestres letivos (5° e 6° Períodos do Curso de Pedagogia) tenho respectivamente 36hs e 72 hs para oferecer os fundamentos da ciência histórica e escolas históricas; na disciplina posterior, os recursos propriamente didáticos, com incursões nos jogos, cinema, patrimônio histórico, HQ's.

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  4. Caro Prof. Antonio Carlos sou sua aluna do 5º Período - Noite do Curso de Pedagogia na UEMG de Ibirite. Gostaria aqui mais uma vez, parabeniza-lo por mais um texto que nos traz ricos conhecimentos referentes ao Ensino e Apredizagem da História . Minha pergunta é a seguinte : No texto é citado que “o lugar da filosofia da história não é nas classes mais avançadas da escola, quando tudo já se consumou, mas no início, quando as crianças começam a ingressar no espaço da experiência histórica e este deve ser explorado.
    Sabemos que a trajetória do ensino de história nas escolas públicas, principalmente nos anos iniciais apresenta dificuldades de se efetivarem conforme é estabelecido pelo currículo escolar e pelas diretrizes oficiais. Quais recursos e como um professor deve (e pode) fazer para tentar mudar esse quadro?

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    1. Olá Lilian! Obrigado pela pergunta, e por ter topado participar. Saiba que você, suas colegas de UEMG e demais moças e rapazes distribuídos pelas mais diversas IES são a minha motivação, minha "matéria prima e combustível" para prosseguir, assim, agradeço a você e suas colegas somente por existirem. O trecho ao qual se refere é uma transcrição da obra do Prof. Jörn Rüsen, intitulada Cultura faz sentido: orientações entre o ontem e o amanhã. Para esse autor, no que me inclino a concordar, é que o aprendizado histórico é uma aquisição de experiências, que obedecem as quatro operações mentais de formação de sentido (percepção/interpretação/orientação/motivação). A aprendizagem histórica não poderá ser mera decoreba, memorização, ou o nome que alhures os repetidores de fórmulas queiram dar. O mundo é constante transformação, como disse o Cazuza em uma de suas canções, o tempo não para...a aprendizagem histórica tem de ser remodelada, e isso depende dos professores atuarem no sentido de um firme e inabalável posicionamento de apresentar soluções, encontrando como disse, espaços para desenvolver o aprendizado histórico. Disso depende a formação da identidade, a valorização do patrimônio cultural e a orientação para além da tradição familiar. Hoje se fala muito em transversalidade, e nos PCN's encontramos os 5 temas transversais para a educação nacional: 1.ética; 2. pluralidade cultural; 3. saúde; 4. orientação sexual; e, 5. meio ambiente. Ou seja, um verdadeiro prato cheio para desenvolver trabalhos que façam jovens alunos perceber que a história poderá se afirmar, em meio à contingência, em afirmação da subjetividade humana, enquanto interação entre memoração e expectativa. Assim, para esses garotos, o passado se transforma em História, e o ontem, em algo melhor, pois poderá ser ressignificado. Vamos exemplificar? A questão das favelas e do tráfico, nas grandes cidades: pode ser abordada sob esses cinco temas, a partir da montagem do aparato colonial de exploração, que trouxe consigo a escravidão. Inscrever esses jovens no passado público, com essas orientações, é posicioná-los em uma agenda coletiva, onde os direitos humanos, o pertencimento cívico (com seus direitos e obrigações), a defesa de um patrimônio comum, natural e histórico, são pontos de contato. Em todo caso, há uma exigência que todos os professores se preparem, estudem e recusem aqueles velhos papéis amarelados (rs.) que poderão lhe oferecer (velhos planos de aula, rs) dizendo que "facilitarão" sua vida. Educação é revolução. Revolução permanente!!!

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    2. Obrigada pelo carinho, comprometimento e sensibilidade com todos nós estudantes da UEMG IBIRITE, em especial a turma de Pedagogia – Noturno.Seus artigos, textos, aulas,reflexões, enfim...todos os seus ricos conhecimentos nos trazem uma compreensão muito clara de que realmente o aprendizado histórico é principalmente uma aquisição de experiências.

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    3. Agradeço as amáveis palavras e reitero, prezada Lilian, minha inabalável disposição e contribuir com algo duradouro para a formação das nossas Alunas e Alunos. Vocês, Alunas e Alunos, são na verdade, o grande patrimônio da nossa unidade acadêmica. Sempre militantes e lutadora(e)s a serviço da educação, dignas jovens representantes das tradições de Helena Antipoff.

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  5. Lilian - Pedagogia -Noturno - UEMG IBIRITE

    O seu texto trabalha a questão de situar a importância da teoria e da metodologia da História nos cursos de licenciatura em Pedagogia. Atualmente, os estudantes estão imersos em um mundo de Iphone, MP3, internet, enfim, um mundo bastante digitalizado. Essas tecnologias contribuem de forma positiva ou negativa para o professor de história? Como falar sobre conceitos e consciência histórica, discutir o passado com um estudante que vive em uma realidade tão fascinada com o próprio presente?

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    1. Esses jovens vivem no chamado presente contínuo. É que não lhes foi oferecido nada além desses passatempos. Retomemos o caso da escravidão, que trouxe a violência urbana, as moradias precárias, etc...Eu perguntaria, eletricidade é algo bom ou mau? Podemos dizer que é bom, pois sem ela, e toda essa parafernália de redes, pcs, etc...que dela dependem, nem estaríamos nesse Simpósio. Por outro lado, se estivermos molhados, encostados em uma cerca metálica e algum fio desemcapado der passagem da corrente, estaremos literalmente fritos. Os Iphone, mp3, internet poderão ser utilizados como recursos para motivar esses jovens. Peça que façam uma pesquisa em algum museu, tipo, museu imperial. Olha só, o menino 'viajou' até Petrópolis, em plena aula. E as músicas? Será que eles conhecem o Gabriel Pensador, os rap's de protesto, o Gonzaguinha? Ah, então você poderá oferecer o contexto no qual o Gonzaguinha escreveu suas melhores músicas: a Ditadura Civil-Militar. Olha o passado aí. O que há entre o Gonzaguinha e os atuais rapper's de protesto? A exclusão social, as ditaduras de toda ordem, a falta de participação popular. Apresente também o Chico Buarque, o Caetano e o Gil, a Elis...ah, e o Simonal: Tributo a Martim Luther King! É a História na forma de música.

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  6. Olá! Gostei muito do seu texto! De fato, é nítida a lacuna existente na formação para o ensino de história dos anos iniciais nos cursos de Pedagogia, de modo que, na escola, isso se reflete muitas vezes em aulas maçantes e secundarizadas, do ponto de vista da valorização curricular e didática conferida pelo professor à disciplina. De que formas você pensa que os especialistas poderiam comprar essa briga, em nome da boa alfabetização histórica das turmas do Fundamental I?

    Abç,
    Caroline Trapp de Queiroz.

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    1. Olá, Caroline! Obrigado pelo elogio. E pela pergunta. Parece que o texto 'dá para o gasto', mas se pudéssemos acrescer mais umas 1500 palavras, poderia melhorar. Acertar esses artigos em no máximo 3000 palavras não é tarefa para historiadores, mas para um cirurgião vascular...rs. Bem, ao que parece, ao que percebo em minha prática profissional, é que a formação de professores generalistas, no que tange à História, está meio esquecida. Então, já temos um problema que é a improvisação. Como alguém que terá de lecionar Língua Portuguesa, Matemática, Ciências...conseguirá adquirir os conhecimentos precisos para disciplinas tão diversas? No que tange à didática, a coisa fica ainda pior, pois não basta conhecer eventos, no que estaríamos incentivando as atvd maçantes a que se referiu. Então, acho que os especialistas, os professores de História, deveriam atentar muito para essa didática própria à História, que vem colhendo frutos muito bons, não somente na Alemanha e países nórdicos e germanófilos. Acho que esse 'comprar a briga' passa por calçar as sandálias da humildade, as vestes do pescador, entender que o que fazemos somente proporcionará um ganho social significativo, se investirmos em didática da história, se já nos bancos universitários dos cursos de História, os graduandos forem convencidos que a História pela História, sem interpelar aquelas e aqueles que nos precedem na nobre tarefa de ensinar a História - falo das professores e professores generalistas - lhes dando condições de desenvolver os aspectos incontornáveis da disciplina nas séries iniciais - consciência histórica, cultura histórica, relação entre as estruturas temporais, conceitos que transitam pela nova antropologia, etc...- não conseguiremos chegar a lugar nenhum, e ficaremos ilhados em uma belíssima torre de marfim, que ficará conhecida por ser território de um conhecimento meio esotérico produzido para poucos iniciados. Produzir bons e mais materiais para a formação de professoras e professores generalistas, estudar e conhecer o que vem sendo feitos pelos historiadores e didatas da história alemã, é um bom começo, acho. Textos mais simples, didáticos, e se possível, curtos. Nesse aspecto, esse Simpósio é grau 10!

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  7. Olá professor, sou aluna do quinto período noturno da UEMG/ Ibirité do curso de Pedagogia. O texto discute sobre a ludicidade para se trabalhar a história por intermédio de jogos, teatros e etc. Porém sabemos que o senso comum acredita ainda que aprender se dá por meio da decoreba e grandes textos no caderno. Como conversar com os pais dos alunos e até mesmo a própria instituição escolar sobre essa metodologia ? Poderia dar um exemplo de aula de história onde uma dinâmica lúdica dessas citadas no texto é trabalhada?

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    1. Olá, Andreina. UEMG Ibirité presente! Imagina o garoto chegar em casa, e a mãe perguntar: filho, o que teve hoje? Onde está o caderno? Uai! (estamos em Minas Gerais, pessoal...)Não tem nada? O que você fez? Joguei, mãe! Olha, conversemos sim com a Escola e com os pais. Copiar de quadro não deu bons resultados. Nem serve para endireitar a letra. Ainda bem que estamos no regime remoto, pois vcs de Ibirité sofreriam com a minha letra. Verdadeiros garranchos! Então, nem para isso, encher o quadro serve. Mas, e se o utilizarmos para algumas palavras-chave, caças-palavras, regras de jogo...e se formarmos equipes, com avatares para participantes, pegarmos papelão e fizermos um grande tabuleiro, um RPG de mesa? Ah, Antonio, como explico isso? Se estivesse no lugar de vocês, eu perguntaria se os pais haviam aprendido realmente História. Sabem? Não? E a coordenadora do turno, a diretora? Bem, se para os pais vcs podem pedir para esperar e ver os resultados, para suas pares, colegas de profissão e 'chefas', poderão dizer que o ensino lúdico funcionou (e muito bem) desde a Antiguidade. Autores? mencionem a Paideia, do W. Jaeguer, o Franco Cambi, etc...Johan Huizinga (homoludens), W. Benjamim (coletânea sobre os jogos e brincadeiras) e o Jenkins, da teoria da convergência. Documentação? a LDB fala em estimular novas linguagens para o ensino, e os PCNs oferecem os temas transversais. Se fala muito em interdisciplinaridade, transdisciplinaridade...chame a prof. de artes, de dança, de geografia para participar, fazer um projeto. Criar, Ousar, Revolucionar. Educação é Revolução...e coragem. Mas se fundamente e estude muito, para ter convicção naquilo que fala. Acho que é isso.

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  8. Caro professor, boa noite! Sou aluna do 5º período noturno do curso de Pedagogia da UEMG de Ibirité. Primeiramente gostaria de parabenizá-lo pelo texto e dizer que sua visão ampla nos instiga a pensar sobre o processo de ensino-aprendizagem da história no contexto escolar e os problemas ainda existentes neles. Nesse sentido e levando em conta o contexto pandêmico que estamos inseridos, acredito que a maioria das instituições ainda seguem nas metodologias tradicionais de cópia e cola, mas sabemos que nem sempre é que traz os melhores resultados. Com isso, como você acha que poderia se encaixar essa didática mais lúdica no ensino remoto com as crianças?

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    1. Olá, Cara Marianne! Espero que estejam gostando de participar desse Simpósio. Acho que haverá um crescimento muito bom na formação. Obrigado pelas palavras amáveis. Olha, essa conjuntura de pandemia que enfrentamos há mais de ano tem colocado aqueles que pensam a Educação com as barbas de molho. Nada mais será como antes. A qualquer momento poderemos vir a ser surpreendidos com a eclosão de novas epidemias, o Homem avança sobre a natureza, destruindo, predando. O lúdico (ludus) não é algo novo. Pensadores da Educação desde a Antiguidade, pensaram a educação nos parâmetros do lúdico. Uma das três atividades arquetípicas do ser humano, conforme observou J. Huizinga no clássico Homo Ludens é o jogo. As outras são a fala e o culto. O jogo é preexistente mesmo à cultura. Jogar é próprio ao ser humano. No jogo não precisa haver derrotados, mas é bom que ocorra a cooperação. Que começa pela observância às regras estabelecidas para o jogo. Jogar implica participar de uma equipe, colaborar, dar o melhor de si, e saber que poderá assim mesmo, perder. Mas certamente, todos sairão ganhando, pois foram testados em suas habilidades, conhecimentos, estratégias singulares ou coletivas. Já sabemos, por você que o copia e cola não dão bons resultados. Não queremos adestrar cachorrinhos ou amansar carneirinhos, mas formar gente, cidadãos, autônomos, e comprometidos com a sociedade, com seus deveres cívicos, com seus direitos e os direitos dos outros. O jogo permite isso, com a vantagem de ser lúdico. Pensei em algo que pudesse ser jogado, tipo uma gincana (via MEET), entre duas equipes de alunos, onde a professora atue como mediadora. Um jogo de perguntas, não de certo ou errado, mas de respostas contextualizadas, com réplica, tréplica, etc...ou ainda, rodas de conversa sobre algum filme ou desenho: a fuga das galinhas, por exemplo. Daria para, a partir dela alcançar a questão da organização de trabalhadores: Granja, galinhas, ovos, mas também, a fuga como única opção à sobrevivência dessas galinhas. Para fugir, somente pelo alto, voando fora do galinheiro e da granja, mas galinhas não voam. Assim, elas se reunem para deliberar. Essa é uma grande lição: o compromentimento a partir das decisões tomadas pelo coletivo. Esse seria um dos exemplos. O grande ditador de Chaplin, Carlitos nas trincheiras, e Tempos modernos, também do mesmo Chaplin. Tudo pode ser utilizado nessa faixa, com algumas alterações, dos 8 aos 11 anos, acho. E para amparar suas escolhas, dentro dos critérios científicos, temos Huizinga, W. Benjamin e H. Jenkins. Em termos de legislação, a LDB que promove novas linguagens, e os PCN's, com seus temas transversais e o incentivo à interdisciplinaridade e transdisciplinaridade. Caderno cheio e decorebas, nunca trouxeram ou trarão, arrisco, bons resultados. Abraço!

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  9. Olá Professor Antonio Carlos! Sou aluna do 5° Período noturno do curso de Pedagogia da UEMG. É sempre um prazer aprender com os seus textos. Gostaria de agradece-lo por tanto conhecimento compartilhado.
    O texto fala sobre as quatro operações mentais da formação de sentido (percepção, interpretação, orientação e motivação) e a importância deles para despertar o interesse dos estudantes.
    Levando em consideração o contexto pandemico e a falta de estrutura das escolas (que muitas vezes o único contato com o aluno é feito através de um bloco de atividades impressas), como realizar atividades significativas e prazerosas? Como fugir do padrão "decoreba" utilizando o papel como único recurso?

    Larissa Malta Vasconcelos

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    1. Olá, Larissa! Grande 5º Período! Gosto muito de todas vocês. Não sei se tenho "tanto conhecimento" assim conforme você diz, mas vamos tentar responder. Contexto difícil, não Larissa? Falta de estrutura, nas escolas e em tantas famílias, onde até o alimento falta ou é muito escasso. Se o único contato for pelo 'bloco de atividades', e esperamos, e confiamos que não dure para sempre, talvez uma situação paliativa fosse textos curtos e palavras-chave vinculadas a esse, escondidas no meio de um caça-palavras. Essas palavras não precisam todas constar necessariamente no tal texto curto oferecido, mas estar vinculada a esses. Certamente, provavelmente, obrigará o aluno a consultar algum dicionário escolar (esses pequenos aurélios de bolso que algumas escolas distribuem no programa do livro didático, mas qualquer celular acessam dicionários gratuitos na rede), pois irá encontrar palavras, e relacioná-las ao texto, e àquelas constantes do caça-palavras. O que esperamos em história, na formação de sentido, é a subjetivação da ligação dos seres viventes às estruturas temporais, onde o passado sirva como recurso aos contingenciamentos oferecidos no presente, tornando a contingência - os nossos problemas no presente - em portador de um sentido, vinculado ao aprendizado histórico. O futuro perde seu aspecto aterrador, pois sabemos pela História, que outros seres que viveram, assim como nós, enfrentaram, exemplificando, pandemias, como a Gripe Espanhola de 1918: fizeram isolamento social, usaram máscaras, aprenderam a tossir e espirrar sem contaminar pessoas e objetos, etc...e importante, seguiram os conhecimentos científicos disponíveis à época. Enfim, não foram negacionistas.

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  10. Excelente texto. Muito imprtante evidenciar o problema que assola o ensino de história nos anos iniciais do ensino fundamental - a falta de uma didática própria a história. Vizualizar trabalhos que buscam resolver o problema da didatica do ensino de história além de acalorar a área traz esperança para o ensino de história e consequentemente traz futuro das crianças que têm direito a um ensino de qualidade.

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    1. Acho que esse é o espírito que anima aqueles que se interessam pela dinamização da história escolar. Entender a Didática da História enquanto campo específico e autônomo em relação a outras disciplinas escolares e aplicá-la metodologicamente enquanto forma de afirmação da necessidade de prover com sentido o conhecimento histórico oferecido nas salas de aula.

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  11. Caro professor Antônio Carlos! Sou Mayra Estefane dos Santos, aluna do 5° período-Noturno UEMG/Ibirité. Agradeço imensamente pelas contribuições que aguçam nosso olhar para práticas educativas no contexto do ensino da história.
    No texto, o termo alfabetização histórica, com vistas a uma didática própria ao ensino de história, aparece como sendo uma possibilidade de prática educativa extremamente eficaz nos anos iniciais. Contudo, sabemos que infelizmente a maioria dos docentes, pouco sabem sobre o conhecimento histórico e seu processo de construção em séries iniciais. Nessa perspectiva, para aqueles que desejam se aprofundar na temática, introduzindo-as em sua metodologia de ensino, e buscam referenciais e fundamentações teóricas, o que você indica para estudo, para além do que já foi apresentado no seu brilhante texto?

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  12. Olá, Mayra Estefane. Já contamos com muitas fontes em língua portuguesa e espanhol, mais acessíveis para nós, leitores brasileiros. Como é minha aluna no 5º Período, e possivelmente continuará sendo no 6º P, indico para uma possível leitura o texto do Luís Fernando Cerri, "Ensino de História e Consciência Histórica", editado pela FGV, na série História, FGV de bolso. Oportunamente passarei para vocês alguns textos que venho publicando sobre essa temática. Obrigado pelo incentivo, faço esforço por vocês, minhas alunas, e por todos que acessem o que ajunto em minhas mal traçadas linhas. É 1% e 99% de transpiração, rs. Abraços,

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  13. Boa Noite Professor Antônio Carlos, sou aluna do Curso de pedagogia 5º Período Noturno UEMG- Ibirité. Gostaria de agradecer pela oportunidade de estarmos participando do 7º Simpósio, e parabenizar pelas reflexões através deste texto. O ensino da História é muito importante para a aprendizagem dos estudantes, embora contiver conteúdos complexos de informações, dificultando o entendimento. Você acredita que o lúdico, e as diversas formas interativas, dinâmicas de ensino, possibilitariam para que o ensino da História seja ainda mais instigante?

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    1. Perdão, não mencionei meu nome, Sou Poliane Diniz, do 5º Período Noturno UEMG- Ibirité. Fiz o comentário acima.

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    2. Olá, Poliane. Eu é que devo agradecer por aceitarem o desafio de participar. Sei o quanto estão (sempre) ocupadas. A UEMG forma bem, mas exige um tanto, sabemos não é mesmo? Muitos consideram que ensinar História está entre as tarefas docentes mais difíceis. Pelos métodos ditos tradicionais, da saturação e da "decoreba" a tarefa fica quase impossível. Como a necessidade obriga a andar, a ir buscar resultados, os alemães com sua trágica história ao longo do sec. XX cruzaram o deserto, e nos oferecem algo que poderemos dar continuidade, dentro das nossas necessidades próprias. O lúdico é importante na História, assim como na Matemática, nas Ciências, etc...e a interação é condição para o interesse. Somente aprendemos aquele conhecimento pelo qual nos interessamos. Estimular, fascinar, encantar, prover com alteridade histórica e alcançar a empatia histórica; alteridade e empatia, palavras mágicas, permitindo que a experiência do outro (do indígena aprisionado pelo bandeirante, protegido e ao mesmo tempo explorado pelos jesuítas, do negro, aprisionado em sua aldeia, para, caso sobrevivesse à travessia oceânica, ser lançado no canavial, como trabalhador escravizado em condições precaríssimas) apenas para ficarmos nesse exemplo, nos fazem perceber o 'túnel do tempo' que é o cinema, uma dimensão que é enfim, lúdica, mas que permitem a esse jovens, realizar julgamentos retrospectivos sobre o passado, formar identidades (desde que os professores problematizem no pós-filme), e que os ajudem a construir valores cívicos e der respeito aos direitos humanos e do patrimônio cultural, que enfim, lhes permitam uma relação de pertencimento ao passado público da sua sociedade.

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  14. Olá prof. Antônio. Felicitações pelo texto, é sempre bom olhar por novas perspectivas. Sabemos que para tornar as aulas mais lúdicas é necessário pensar "fora da caixa". O senhor acha que essa nova geração de futuros docentes, que estão se formando agora, terão uma melhor visão de formas variadas do conhecimento, incluindo a ludicidade?
    grata,
    Sabrina Inácio, 5°P pedagogia.

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    1. Olá, Sabrina! Ao que parece, assim, sem qualquer pesquisa ou método, só de "olho" eu diria que sim. Pois creio que esses futuros docentes, como vocês, estão mais abertos às inovações, às tecnologias, a não se enclausurar em velhas práticas, ao atavismo da tradição, e sobretudo, menos propensos a impor certas autoridades que não se justificam. Ontem proferi a aula magna da nossa unidade, com o tema 'As lições de Paulo Freire". O interesse foi além das nossas fronteiras do Estado. Haviam professoras do Maranhão, do Ceará, Rio Grande do Norte, etc... Pois o tema era Freire!!! Freire está mais forte que nunca. E o livro que organizei e em breve lançaremos, por uma quase imposição, terá de ser impresso, ao invés do planejamento inicial, de e-book.

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  15. Caríssimo Profº Antonio Carlos! Sou coordenadora pedagógica do ensino fundamental, anos iniciais, de uma escola municipal de São Luís, MA. Obrigada pelo texto que traz perspectivas da adoção de metodologias mais criativas e estimulantes para a inserção das crianças no universo da experiência histórica, através da abordagem da teoria da consciência histórica. Nesse sentido, que atividades práticas, mão na massa, podem ser utilizadas pelos professores, generalistas, no estudo dos conteúdos da grade curricular dessa modalidade de ensino?

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    1. Cara Meire, obrigado pela pergunta. Questão ampla. Os conteúdos são selecionados, sabemos que não há tempo para todo o livro didático. Uma questão que parece bem mão na massa, se é que entendi, é que após a seleção, estes professores façam uma pequena transposição didática, na forma de infográficos. Projetados, eles poderão dar o tom das aulas. Textos curtos (infográficos e resumos). A próxima "mão na massa" seria selecionar materiais na própria escola: papelão, tintas, massa de modelar, garrafas pet, tampinhas, para que consigam com os seus alunos, preparar materiais de ensino. Que tal um rpg de mesa, que na verdade ficará no chão. Dado, cartas (que ajudarão a fixar conhecimentos sem que os alunos percebam), mapas, avatares. Imagine um joguinho onde portugueses partem em uma busca por pau-brasil, fazem escambo com os indígenas, voltam para a Europa, negociam, há moedas (tampinhas pintadas na cor dourada) tipo um banco imobiliário. Onde entre os continentes haverão naufrágios, corsários franceses, negociantes de escravos, negócios com a Ásia, etc...Para ficar mais significativo e fundamentado na legislação, sugiro uma lida na LDB, e transcreva o parágrafo sobre as "novas linguagens para o ensino", consulte os PCN's, seus temas transversais, a transversalidade com os cinco temas para a educação nacional: ética, pluralidade cultural, saúde, orientação sexual e meio ambiente. Quem inova, deve se precaver com isso. Você é coordenadora, então pense em uma espécie de grade para avaliar os progressos, pois eles ocorrerão: menos faltas, menos sanções disciplinares, mais interesse e comprometimento, menos dores de barriga, violência física ou simbólica. Esse rpg é seria uma forma modernizada do "banco imobiliário", ou do 'monopoly". Lembra desses jogos? Falei do amparo legal, agora cabe citar a fundamentação teórica: Johan Huizinga; Walter Benjamin e Henry Jenkins. E depois me diga como foram os resultados. Abraço!!!

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  16. Reconhecendo que uma dada fonte audiovisual possibilita a sensação da inserção no mundo globalizado,intertextualizando o cinema neste contexto,o considerando como uma fonte educominicacional-audiovisual,se é possível evidenciar de forma contundente o seu aporte como um crucial instrumento pedagógico.Relevando ainda que,no que tange ao conhecimento histórico de ensino aprendizagem da História em si,o educador de Historia poderá acreditar que somente assistindo a uma determinada produção cinematográfica e, repassando os "fatos" retratados no filme,será suficiente para que os seus educandos adquirem habilidades e competências para tratar,discutir e portanto, adquirir conhecimentos históricos sobre o assunto em questão de forma significativa?Boa noite professor sou Claudinea Ferreira do 5°Período noite da UEMG.Pedagogia

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    1. Não, Cara Claudinea. Um filme será sempre um filme, por mais esmerada em termos de tratamento histórico que seja a produção. Cabe ao professor explorar as possibilidades da película, antes, explicando porque irão assistir, depois, no pós-filme, promovendo o debate em torno do tema eleito para a discussão.

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  17. As produções cinematograficas que abordam momentos considerados de relevâncias históricas,podendo citar,a exemplo,"Tempos Modernos(1939)-Direção:Charlie Chaplin;"Ivan,o Terrível-parte I"(1944) Direção:sergei M.Eisenstein;Em Nome do Pai"(1993)-Direção::Jim Sheridan:é "Doutor Jivago"(1965)-Direção:David Lean,podem ser considerados realmente como um absoluto viés de pleno conhecimento histórico que permite ampliar surgências de novos saberes que permitem aquisição de significativas aprendizagens da História é,portanto,infalíveis e cruciais mecanismos no ensino-aprendizagem da disciplina de História?Boa noite eu sou a Claudinéa Ferreira do 5°Período de Pedagogia Noite,UEMG Ibirité.

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  18. Esses filmes são clássicos para uso em sala de aula, mas como todo o material deverão receber tratamento pelo professor. Os cineastas cortam, omitem, juntam personagens, etc...ou seja, o papel do professor continua sendo algo inseparável da sessão de cinema. O cinema na escola, por mais completa ou irrepreensível que seja o filme do ponto de vista da ciência histórica, não prescinde do papel do professor.

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