Anna Luiza Constancio e Elaine Cristina Florz

       A GUERRA DO CONTESTADO, UM ÁLBUM DE MEMÓRIAS: TRAZENDO A MODA                        COMO RECURSO DIDÁTICO PAUTADO PELO ENSINO MULTIMODAL



Durante o ano de 2018 dentro da disciplina de História da América do curso de Licenciatura Plena em História ofertado pela Universidade Estadual do Paraná, campus de União da Vitória, o Professor Dr. Michel Kobelinski com o objetivo do cumprimento da prática dos componentes curriculares da disciplina, que determinavam a produção de uma atividade de extensão curricular, propôs que fosse realizada a elaboração de uma “Caixa de Histórias”, um material que objetivava reunir múltiplos elementos didáticos que auxiliariam as discussões de uma determinada temática dentro do contexto da sala de aula, permitindo que o docente enxergasse como possibilidade desviar do modelo de ensino tradicional pautado em aulas unicamente expositivas.

 

Trazendo como intuito promover uma conexão com o eixo temático de História da América nos foi incumbido a produção de diferentes materiais didáticos onde abordaríamos os movimentos de independência da América Hispânica. Nessa perspectiva, em conjunto com as alunas Anna Luiza Pereira e Ligia Daniele Parra trouxemos como proposta, para compor a “Caixa de Histórias”, a produção de um álbum de fotografias interligando a indumentária como um elemento vivo e significante nos processos de Independência da América Hispânica e ainda correlacionando a Guerra do Contestado, um acontecimento histórico mais próximo do cotidiano do aluno, para que visualizassem como a veste se apresenta como um elemento articulador no contexto da guerra.

 

A inspiração para a produção de um álbum fotográfico partiu do projeto “O álbum das mulheres incríveis”, desenvolvido pela roteirista, filmmaker e atriz Natalia Milano, percebemos que a constituição de um material com tais características submeteria os estudantes a um processo pedagógico de grande valor para a incitação de diversos estímulos cognitivos valiosos para a efetivação da aprendizagem. Partindo da proposta da atriz, cada fotografia conta uma história, ao apresentar aos alunos um conjunto de imagens, atreladas a dado período histórico, fazemos com que construam uma análise iconográfica, unida a seus conhecimentos sobre o conteúdo, compartilhando com os colegas suas interpretações. A fotografia se enquadra como uma possibilidade de fonte histórica que auxilia grandemente o ensino, promovendo um processo de aprendizagem mais dinâmico. Ao trabalharmos com esse tipo de material trazemos como fator principal de análise a construção da imagem estudada, já que a fotografia pode não corresponder a uma “verdade” histórica, mas sim se mostrar como uma representação daquilo que se quer passar perante o leitor, variando assim, as formas de interpretações. Uma imagem contém não apenas um significado, o verdadeiro ou oficial, mas múltiplos, de acordo com o sentido que faz para o sujeito que vê, ou seja, de acordo com sua subjetividade (ARAÚJO, 2013). Ao levarmos esse elemento para a sala de aula fazemos com que o estudante perceba a complexidade dos processos históricos, instigando o início de um processo reflexivo acerca da construção das diferentes histórias que as temáticas trabalhadas em sala podem apresentar.

 

Quando pensamos na construção do álbum entendemos que seria ideal que fosse uma atividade acessível, que qualquer escola tivesse a facilidade de produzir, independente se seu contexto social, para isso optamos por utilizar a capa de um caderno antigo como base e com ela fizemos uma colagem com recortes de revistas, promovendo toda uma ideia de reaproveitamento.

 




Imagem 1: Capa do Álbum (acervo pessoal)

 

A proposta de trazer as questões vinculadas as vestimentas como objeto central de análise foram vistas como uma escolha ideal, pois se encaixa como um artifício que promove conexão direta com qualquer pessoa, o vestuário se mostra como um elemento presente em todas as classes sociais. A indumentária classifica a sociedade, ela nos permite “ver o papel social das restrições naturais e funcionais, internas ou externas ao sistema do qual ela é ao mesmo tempo objeto e sujeito” (ROCHE, 2007), o vestuário é um tradutor dos códigos e mecanismos dos quais a sociedade se constitui, apresenta toda uma história sendo um grande representante do processo de diferenciação social.

 

Trazer como pauta de discussão em sala de aula às questões ligadas a moda, a partir de uma análise histórica, estabelece no aluno um senso de relação, já que propõe compreender um elemento próximo a ele. Pensar a moda na atualidade, e estabelecer uma ligação com a história, estimula a consciência histórica gerando no estudante um “conjunto coerente de operações mentais que definem a peculiaridade do pensamento histórico e a função que ele exerce na cultura humana” (RÜSEN, 2006), possibilitando o aprimorando o processo de entendimento do conteúdo. Trabalhar com essa temática também traz como possibilidade de ampliar as abordagens históricas dentro da sala de aula, com ela se pode desenvolver análises comparativas com momentos diferentes do nosso passado, ou presente, se constrói novos ângulos de discussões e desperta no aluno a visão de que a história está muito mais próxima do que ele imaginava.

 

Revisitando e propondo uma nova perspectiva

 

Utilizando dessa proposta, o objetivo deste trabalho é acrescentar esse material que já oferece grande potencialidade, podendo ser aproveitado de forma mais ampla, sendo enriquecido com novos recursos a partir da inserção de uma metodologia de ensino multimodal, que promove a fusão de diversos recursos de distintas linguagens, acessíveis e utilizáveis simultaneamente, provocando um significativo impacto no processo cognitivo (XAVIER, 2004).

 

Compreendemos que os estudantes possuem formas distintas de aprendizagem, sendo elas focadas em diferentes estímulos sensoriais, nós somos seres essencialmente multimodais, nossos modos semióticos (som, imagem e linguagem verbal) não funcionam separadamente (KRESS, 2010), portanto visualizamos como primordial pensar em um material que estimulasse diferentes funções sensoriais, para que todos os estudantes fossem contemplados de forma adequada, visando os processos individuais de construção do conhecimento, trazendo não somente a ideia de um álbum fotográfico, mas sim um álbum de recordações.

 

Nesse contexto buscamos entrar mais fortemente em uma história cotidiana do estudante, apresentando as temáticas envolvendo a Guerra do Contestado, tendo como objetivo utilizar os traços da regionalidade para aproximar os alunos do conteúdo. A relevância desta abordagem está em aproximar o estudante morador da região a interessar-se pelo ambiente ao qual está inserido, a fim de compreendê-lo através do sentimento de pertencimento, para assim ir além, problematizando e identificando os significados revelados diante do conflito, e ainda promover uma comparação entre o âmbito nacional e regional, apresentando as diferentes realidades existentes em um mesmo território.

 

Mantemos a proposta do projeto original de construir um olhar voltado para a indumentária, já que a partir de um elemento do cotidiano, presente em todas as realidades, conseguimos realizar uma análise voltada para a micro história, onde se promove “a redução na escala de observação do historiador com o intuito de se perceber aspectos que, de outro modo, passariam despercebidos (...) como um meio para se atingir a compreensão de aspectos específicos relativos a uma sociedade mais ampla” (BARROS, 2007).  Vemos essa estratégia como uma boa ferramenta para desenvolver a consciência histórica, relacionando passado presente e futuro, apresentando “o passado como um espelho da experiência na qual se reflete a vida presente, e suas características temporais são, do mesmo modo, reveladas” (RÜSEN, 2010).

 

Para a composição desse instrumento pedagógico utilizaremos as fotografias de Claro Gustavo Jansson, que retratam o conflito armado ocorrido entre os estados de Paraná e Santa Catarina, em conjunto com alguns trechos de periódicos que circulavam naquele período, que contemplavam conteúdos entendidos ao mundo feminino, com o propósito de instruir mulheres a se vestir e se portar de maneira apropriada diante de cada situação cotidiana, as revistas eram diversas, entre elas, podemos citar o Jornal das Senhoras e Jornal das Moças, circulando em âmbito nacional, e os paranaenses:  Olho da Rua; A Bomba; A Carga; O Jazz; O Itiberê e Ilustração Paranaense (VILLATORE, 2015), os conteúdos se assemelhavam, além de trazerem ilustrações e modelos de roupas que estavam na moda, as revistas continham textos variados, tablaturas de músicas, folhetos infantis, gráficos para crochê, tricô, e artesanatos no geral. A união dessas fontes torna oportuno que seja realizada uma avaliação histórica dos fatos ocorridos naquele contexto, buscando diagnosticar múltiplas questões como distinção social e status, a ainda ampliar o foco para o vestuário.

 

Ainda com o objetivo de desenvolver as multimodalidades, entendemos que poderíamos proporcionar uma maior complexidade para as discussões envoltas pelas fontes históricas incluindo um elemento que salientasse o lúdico para os estudantes, possibilitando uma experiência cinestésica, valorizando o aluno que tem seu processo de aprendizagem mais efetivo quando promove relações táteis. Como nossa abordagem reflexiva parte da indumentária decidimos incluir alguns recortes de tecidos ao álbum de recordações que se assemelhassem aos originais presentes nas fotografias e reportagens com as quais iremos trabalhar, para melhor ilustrar as disparidades entre esses elementos dentro de cada contexto.

 

O contexto histórico e as interferências da moda em seu desdobramento

 

As mudanças sociais e culturais advindas da Primeira República solicitavam aos brasileiros novos moldes de comportamento, aspirando uma sociedade moderna e tecnológica. Incluindo assim, a indumentária. Os moldes estéticos e as maneiras de agir, representariam as virtudes pessoais frente ao espaço público, nessa perspectiva a veste se apresenta como um elemento articulador das relações sociais, se mostrando como um objeto de inclusão ou exclusão dos sujeitos em dados espaços. Tal contexto se apresenta em todas as vertentes da sociedade, dês de os ambientes luxuosos frequentados por uma elite até o espaço envolvido pela guerra, o ato de se vestir estava totalmente atrelado ao coletivo, a fazer parte de um grupo, mesmo que inconscientemente.

 

A classe mais abastada se preocupava em transparecer o luxo, buscando nas revistas o perfil estético ideal, como podemos verificar no trecho de uma das reportagens da primeira edição do Jornal das Moças:

 

“Nessa secção não cuidarei apenas de vos dar conselhos quanto ao cuidado da vossa pelle ou das vossas unhas, mas tentarei também de vos por a par do que a moda, dama caprichosa e deliciosamente contradictoria, possa inventar de mais novo e raro” (JORNAL DAS MOÇAS, 1914, Edição I).

 



 Imagem 2: Jornal das Moças: Revista Quinzenal Illustrada (RJ)

                                                 - 1914 a 1919, Edição 2, 1914.

 

Para simplesmente se fazer presente em um espaço social utilizavam vestimentas confeccionadas com os tecidos da mais alta qualidade como seda pura, faille, lã e veludo em conjunto com rendas e babados variados, chapéus ricamente adornados com plumas eram fielmente empregados no uso cotidiano, assim como a vastidão de acessórios detalhadamente produzidos (VILLATORE, 2015), se constituía um imaginário entorno dessa indumentária.

 



Imagem 3: Jornal das Moças: Revista Quinzenal Illustrada (RJ)

                                                 - 1914 a 1919, Edição 2, 1914.

 

Em contraponto vemos a roupagem daqueles que batalhavam nos enfrentamentos do Contestado, onde a roupa se apresentava como referência clara dos diferentes lados do conflito.

 

A primeira fotografia (imagem 4) retrata ao centro da imagem, o líder messiânico José Maria, acompanhado por três mulheres, chamadas de virgens, que integravam as populações de famílias que se refugiaram em redutos/cidades santas em busca de abrigo ao longo do ano de 1912. As famílias sertanejas não possuíam conhecimento das leis necessárias para obter a posse das suas terras de origem, o que ocasionou o desabrigo devido a expulsão violenta por meio da empresa Southern Brazil Lumber and Colonization Company.

 

Originou-se o movimento de cunho político-religioso, ocasionando na eclosão de um conflito que contou com a intervenção do Exército, que não poupou esforços por longos quatro anos (1912-1916) para exterminar essa população cabocla que foi por muito tempo mal vista e considerada “fanática”, por seguirem sua fé e sua sede por direitos básicos.

 

Após a morte do monge José Maria durante o primeiro combate em Irani, foram essas mulheres que ficaram encarregadas de comunicar-se com a alma do monge, para que através dessas visões e mensagens, conseguissem ter êxito durante o conflito e diante as tomadas de decisões.

As roupas claras das quais tais mulheres vestiam estavam associadas a pureza feminina. As cores tinham um valor simbólico, uma vez que maioria da população brasileira não sabia ler. As cores “queriam dizer muitas coisas: desde o preto do luto ao branco da pureza, ao rosa das boas intenções, o lilás da seriedade, o azul da alma limpa. Esses significados estavam em constante transformação.” (MONTELEONE, 2016). O branco era reservado as crianças e mulheres, simbolizando a virgindade que garantiria a preservação do casamento e a religiosidade. 

 

“[...] o mito bíblico da criação inscrito no livro do Gênesis, fundou concepções acerca das mulheres no mundo ocidental, ele justifica a inferioridade feminina e sua consequente associação com o pecado da carne. O culto à virgem Maria, instituído pela Igreja no século XII na Europa e trazido pelos colonizadores para o Brasil - na verdade, a construção da “virgindade” de Maria mesmo após a concepção -, se propôs a oferecer uma segunda chance às eternas Evas, ao conceder-lhes a oportunidade de se redimirem do pecado original, desde que dispostas a manterem a pureza do corpo e a se sacrificarem como esposas e mães devotadas.” (VASCONCELOS, 2018. p. 120)

 



Imagem 4 - "Monge" José Maria ao lado das virgens (data desconhecida). Fonte: Acervo da família de Claro Jansson – Itararé, imagem digitalizada por Jandira Jansson. (BEZERRA. P.118)

 

É importante destacar que as análises das cores são imprevisíveis, devido as técnicas de tratamento fotográficas do período. As cores mais escuras como por exemplo roxo, vermelho e verde não eram captadas, transparecendo ao preto. A cor preta era muito utilizada para simbolizar o luto das famílias de todas as classes sociais e era comumente utilizada para remeter seriedade, além de ocultar o pó, que era muito frequente, já que as ruas não eram pavimentadas. (MONTELEONE, 2016).

 

Conforme Monteleone (2019), costurar em casa era um hábito muito comum e estava incluso nas tarefas domésticas das mulheres brasileiras. As máquinas de costura eram desejadas já que na maioria das vezes, as técnicas de costura eram realizadas à mão, demandando tempo de mulheres que não tinham condições de comprar roupas feitas e confeccionavam seus próprios trajes.

Não podemos afirmar diante das fotografias da guerra do contestado qual eram as origens das roupas, porém, a imagem abaixo revela a impossibilidade em manter as roupas de maneira integra nos redutos, já que mudavam de acampamento inúmeras vezes para que conseguissem fugir das tropas do exército, e ainda deixando maioria de seus pertences para trás.

 

“[...] os sertanejos, diante da situação em que se encontravam de penúria, foram rendendo-se às forças legais. Nela, o fotógrafo procurou colocar em destaque os sertanejos rebelados, pois se encontra bem à frente dos demais, um homem acompanhado de seis crianças, estrategicamente dispostas. Pés descalços, roupas maltrapilhas, com a pele queimada do sol, empoeirados, sugerem, pela imagem, que há dias perambulavam pelas matas em busca de um lugar com segurança e alimentação (TONON e LIMA, 2015, p. 203, apud, WITTE, 2017)

 



Imagem 5 – Família de rebeldes "churrasqueando" após a rendição em Canoinhas, 1915. Fonte: Acervo da família de Claro Jansson – Itararé, imagem digitalizada por Jandira Jansson. (BEZERRA. P 156).

 

A família de sertanejos e o restante dos indivíduos que compõe a fotografia acima, se apresentam com roupas de manga longa, afim de combater o frio intenso da região sul. Em contraste, a imagem 6 nos apresenta trajes invernais do ano de 1916, exalando a modernidade, o luxo, e acima de tudo, as desigualdades.  Enquanto sertanejos lutavam por necessidades básicas na região sul, a elite do país aprovava o que havia de mais recente no mercado da moda nacional e internacional.

 



Imagem 6: Jornal das Moças: Revista Quinzenal Illustrada (RJ) - 1914 a 1919

Edição 50 de 1916.


O traje militar vinha como um prelúdio do autoritarismo, de forma alguma se via atrelado as figuras da moda, ele se compunha através das funções simbólicas vinculadas a imagem das patentes militares. Quando pensamos nos soldados, suas vestes eram articuladas para as funcionalidades braçais, ligadas a execução de atividades físicas, voltadas ao contexto de batalha deveriam ser apropriadas para a sobrevivência, vitais ao sucesso das investidas contra os sertanejos, mas ao mesmo tempo se via como primordial retratar uma postura autoritária de superioridade, inferiorizando seus rivais.

 

“As funções diacríticas são fundamentais nestes uniformes, posto que utilizados em instituições organizadas em torno da relação hierárquica entre os vários níveis de atuação e comando que possuem, e da distinção e articulação entre os diferentes corpos militares que as compõem. Os uniformes são elementos materiais indispensáveis para a sinalização e, portanto, desenvolvimento das relações estruturantes de tropas armadas” (ALMEIDA, 2003).

 

A imagem 7 retrata a rendição do piquete de Bonifácio Papudo, um dos sertanejos que era antigo soldado da revolução federalista, agricultor e ervateiro (WITTE, 2017). Conforme os escritos deixados pelo Tenente Castello Branco, Bonifácio se rendeu devido à enfermidade de sua esposa. Ambos homens citados se encontram na área central da foto, Tenente Castello Branco possivelmente repreendendo Bonifácio. É notável a disparidade entre a farda do soldado localizado do lado esquerdo, em comparação ao traje do Tenente Castello Branco. A diferença hierárquica que há no exército implica nas modelagens das roupas e no estilo dos tecidos. Devemos considerar também que nesta fase da guerra houve pouco investimento no exército do contestado por parte do governo brasileiro, uma vez que o conflito perdurava por anos. Essa falta de recurso interferiu na integridade das vestimentas.

 

 


Imagem7: Tenente Castello Branco e Bonifácio Papudo, 1915. Fonte: Acervo da família de           Claro Jansson – Itararé, imagem digitalizada por Jandira Jansson. (BEZERRA. P 170)

 


O material didático como elemento de dinamização do ensino

 

A união das fontes com a presença dos recortes de tecido pensadas a partir do contexto histórico, são capazes de construir uma aula com uma dinâmica inovadora, tirando o estudante da comodidade cotidiana, ele será estimulado e explorar novas perspectivas, fazer um estudo de análise de fontes, lendo as imagens e averiguando as matérias dos periódicos, e ainda se imergindo de forma mais profundo nessa realidade através da experiência cinestésica que os tecidos iram proporcionar. Essa proposta didática mexe com uma dinâmica pré-estabelecida, estimulando o interesse do discente, constrói uma nova maneira de visualizar a história.

 

Referências biográficas

 

Anna Luiza Constancio Monterio é graduada em licenciatura em história pela UNESPAR, campus de União da Vitória e graduanda em Pedagogia pela UFSCAR.

 

Elaine Cristina Florz é graduada em licenciatura em história pela UNESPAR, campus de União da Vitória.

 

 

Referências bibliográficas

 

ALMEIDA, Adilson. J. Uniformes da Guarda Nacional (1831- 1852): a indumentária na organização e funcionamento de uma associação armada. Anais do Museu Paulista. São Paulo. N. Sér. v. 8/9. p. 77-147 (2000-2001). Editado em 2003.

 

ARAÚJO, M. d.  Era uma vez uma imagem. Revista de História da Biblioteca Nacional, ano 8, nº 92, 2013.

 

BARROS, J.D.A. Sobre a Feitura da Micro História. OPSIS, vol. 7, nº 9, jul-dez 2007.

 

JORNAL DAS MOÇAS: Revista Quinzenal Illustrada (RJ). A Arte de Ser Elegante. Rio de Janeiro: 21 de maio de 1914, edição nº 1, IN: http://memoria.bn.br/pdf/111031/per111031_1914_00001.pdf

 

JORNAL DAS MOÇAS: Revista Quinzenal Ilustrada (RJ). Moda e Modos. Rio de Janeiro: 1914, edição nº 2.

 

JORNAL DAS MOÇAS: Revista Quinzenal Illustrada (RJ) - Trajes para o Próximo inverno. Rio de Janeiro: Edição 50, 1916.

 

KRESS, G. Multimodality: A social semiotic approach to contemporary communication. London: Routledge. 2010.

 

MONTELEONE, Joana. A moda, as cores e a representação feminina no Segundo Reinado (Rio de Janeiro, 1840-1889). 19&20, Rio de Janeiro, v. XII, n. 2, jul./dez. 2016, IN: http://www.dezenovevinte.net/arte%20decorativa/jm_moda.htm

 

ROCHE, Daniel. A Cultura das Aparências: uma história da indumentária (séculos XVII - XVIII). IN: Editora SENAC, São Paulo, 2007.

 

RÜSEN, Jorn.  Didática da história: passado, presente e perspectivas a partir do caso alemão. Práxis Educativa. Ponta Grossa, PR. v. 1, n. 2, p. 07 – 16 jul.-dez. 2006.

 

RÜSEN, Jorn; SCHMIDT, Maria Auxiliadora; BARCA, Isabel; MARTINS, Estevão Rezende. O desenvolvimento da competência narrativa na aprendizagem histórica: uma hipótese ontogenética relativa à consciência moral, In. Jorn Rusen e o ensino de história Curitiba, UFPR, 2010.

 

TOMPOROSKI. Alexandre Assis. Do antes ao depois: A influência da Lumber Company para a deflagração do movimento sertanejo do Contestado e seu impacto na região fronteiriça entre Paraná e Santa Catarina. Revista Esboços, Florianópolis, v. 19, n. 28, p. 68-87, dez. 2012.

 

VASCONCELOS, Tânia Mara Pereira. “MOÇA VIRGEM/MULHER HONESTA” VERSUS “PROSTITUTA”: A importância da virgindade feminina e a centralidade do corpo na construção dos binarismos de gênero em processos. Revista Feminismos, v. 6, n. 3, 2018.

 

VILLATORE, Flávia Roberta. Representações de moda feminina nas revistas ilustradas brasileiras do início do século XX. Universidade Tecnológica Federal do Paraná, 2015.

 

WITTE, Gerson et al. Os caboclos dos Campos de Palmas e sua representação na Guerra do Contestado. 2017.

 

XAVIER, A. C. (Org.). Hipertexto e gêneros digitais. Rio de Janeiro: Lucerna, 2004. P. 13-67.

13 comentários:

  1. Trabalho muito bonito e que certamente dinamizou as aulas de história, que em muitas vezes são muito tradicionais e desinteressantes para os alunos. Como surgiu o interesse em associar moda e história da educação?

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Trabalho muito bonito e que certamente dinamizou as aulas de história, que em muitas vezes são muito tradicionais e desinteressantes para os alunos. Como surgiu o interesse em associar moda e história da educação?

      Perola Miranda Pires, estudante de Pedagogia da Unespar Campus Paranavaí.

      Excluir
    2. Olá Perola, quando idealizamos trabalhar com a moda enquanto recorte temático trazíamos como objetivo estabelecer uma relação entre o passado e presente, a medida que a moda se apresenta em todas as esferas da sociedade, sendo ela um fator de distinção político, econômico e social. Quando o estudante entende como um elemento tão comum como a vestimenta era portador de grande articulação no âmbito da guerra, em um momento que se pressupõe que a última preocupação dos sujeitos seria a roupa, ele percebe o quanto as questões sociais estão incutidas no cotidiano, que quando pensamos em política vamos muito além de discussões unicamente pautadas no governo, mas sim como esse elemento se faz presentes nas coisas mais comuns do nosso cotidiano. Quando o aluno faz tal analogia ele volta seu olhar pra sua realidade e passa a fazer essa análise que propomos lá no passado, observando a Guerra do Contestado, para a sua própria vida, e começa a perceber que todo esse jogo político econômico e social se mantem presente até os dias de hoje.

      Excluir
  2. La estructura general del trabajo presentado es muy interesante. ¿Cuáles son las actividades pedagógicas concretas desde las cuales las fuentes seleccionadas viabilizan el aprendizaje histórico del estudiantado? ¿Qué ejercicios concretos se le proponen desarrollar al estudiantado en el marco de esta propuesta pedagógica?

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Olá Nilson! Quando pensamos na produção desse material, idealizamos que fosse um recurso que promovesse um dinamismo em sala de aula, justamente por isso a ideia é que não se tenha uma regra específica para sua utilização, ele vem a se apresentar como um recurso didático onde o professor pode, e deve, explorar várias dinâmicas. Como nós mesmas apresentamos, inicialmente pensamos em trabalhar com fotografias, mas posteriormente percebemos que poderíamos enriquece-lo com outros artifícios, que permitiriam novas abordagens, é assim que gostaríamos que o professor trabalhasse, observando ângulos a serem explorados, por isso não oferecemos um plano de ensino orientando o manuseio do Álbum.
      Trazendo algumas possíveis abordagens a serem aplicadas com esse recurso pedagógico, o docente pode solicitar que os estudantes observem as fotografias presentes no álbum e descrevam suas análises, posteriormente proponha que um dos alunos leia um dos trechos dos periódicos apresentados permitindo que os colegas reflitam sobre as discrepâncias entre a realidade presente nas fotografias do conflito com a realidade vivida em outros contextos do Brasil, gerando uma discussão diante dessas percepções. O professor também pode propor a construção do álbum em conjunto com os estudantes, pedindo que cada aluno traga algum recurso para pensar a realidade a ser trabalhada, seja um trecho de jornal, uma fotografia, uma letra de música, as possiblidades são inúmeras.
      Nosso recorte temática foi visualizar essa temática através da moda, mas o álbum não se limita a essa discussão, cabe ao docente se articular para explorar as variadas vertentes a serem abordadas.

      Excluir
  3. Olá Anna Luiza e Elaine Cristina.

    Certamente um belíssimo trabalho. Já fico imaginando a riqueza das narrativas construídas pelos estudantes a partir da proposta. Sejam crianças, adolescentes ou jovens, percepções e demandas de sua vida prática funcionam como propulsores de uma aprendizagem histórica centrada na atribuição de sentido e significados. O movimento de aprendizagem que parte do cotidiano em busca dos vestígios do passado que sustentem a compreensão do presente e oriente temporalmente os sujeitos escolares em direção às perspectivas de futuro passa por vários elementos dentre os quais, a cultura. O trabalho apresenta dois elementos muito cativantes, um deles é a perspectiva da história controversa e o outro é a moda. Que possibilidades didáticas contribuiriam para a produção de narrativas históricas que considerassem a cultura juvenil?

    Parabéns pelo trabalho.

    DANIELE SIKORA KMIECIK

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Olá Daniele!
      Complementando os temas trabalhados no texto, uma das possibilidades seria incluir a utilização de documentários. O audiovisual está presente no cotidiano de maioria dos estudantes, seja por meio televisivo, internet e streaming.
      Há dois documentários que são extremamente relevantes para pensar a Guerra: “Meninos do Contestado” produzido pelo Estadão e Terra Cabocla, produzido pela Plural Filmes. Em ambos documentários existem uma riqueza de informações e relatos sobre a cultura local, onde também pode ser analisada a indumentária das famílias e comunidades remanescentes a guerra. Nesse sentido podemos fazer uma comparação direta entre passado e presente e os impactos sofridos nessa região que permanecem até hoje.
      Links para os documentários: https://www.youtube.com/watch?v=uPXF0SQHM70&t=27s&ab_channel=Estad%C3%A3o
      https://www.youtube.com/watch?v=ucq56q3hD98&t=390s&ab_channel=Andr%C3%A9Brito

      Excluir
  4. Nossa! Que trabalho legal!!! Em tempos de pandemia acredito que essa fonte ser forte aliada nas aulas, vocês desenvolveram alguma experiência que se desdobrasse dessa?

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Oi Sandra! Quanto a primeira proposta apresentada no ano de 2018, para a composição da Caixa de Histórias, era objetivado que fizéssemos a aplicação dos materiais didáticos produzidos nesse projeto, o que infelizmente não ocorreu devido a alguns conflitos de tempo, mas com a ajuda do professor Michel Kobelinski pudemos realizar a exposição da Caixa de Histórias no Museu Municipal Deolindo Mendes Pereira na cidade de Campo Mourão – PR. Já pensando no material reformulado estamos ansiosas para coloca-lo em prática, quando revisitamos essa atividade percebemos seu grande potencial, por isso temos muita vontade de poder ver seu funcionamento em sala de aula e escrever sobre os nossos resultados!

      Excluir
  5. Respostas
    1. Nós que agradecemos a oportunidade de poder apresentar nosso trabalho e possibilitar a construção de diálogos acerca das temáticas trabalhadas!

      Excluir

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.