Altair Bonini

 OS LIVROS DIDÁTICOS DE HISTÓRIA E AS NOVAS ABORDAGENS: EM FOCO OS ESPORTES

 

 

Introdução

 

Buscamos refletir sobre a presença da História dos Esportes nos livros didáticos escolares da disciplina de História. A metodologia escolhida foi selecionar e analisar, com base na educação histórica (SCHIMIDT e CAINELLI 2004, JUSEN) como o tema foi trabalhado por autores de livros didáticos de História do Ensino Fundamental e Médio, identificando em quais conteúdos mais amplos foram atrelados e que questões podem ser colocadas a partir desta inserção. Os livros didáticos analisados foram: “História, Sociedade e Cidadania”, de Alfredo Boulos Junior, produzido pela Editora FTD em 2013; “Estudar História: das origens do homem á era digital”, de Patrícia Ramos Braíck, editado pela Editora Moderna, em 2015 e “Historia”, dos autores/as: Ronaldo Vainfas, Sheila de Castro Faria, Jorge Ferreira e Georgina dos Santos, editado pela Editora Saraiva, no ano de 2010.

 

Desenvolvimento

 

Nos anos 1990, com o impulso de novas publicações e pesquisas, e o surgimento de novas categorias explicativas aliada às criticas as permanências de elementos do ensino “tradicional” presentes na prática pedagógica de muitos professores, forneceram o embasamento para novos currículos e propostas de ensino que respondessem às questões mais significativas das sociedades contemporâneas, bem como pela formação da cidadania. (SCHIMIDT, 2004, p. 13.).

 

Além da incorporação de novas perspectivas historiográficas, foram incorporadas inovações metodológicas tais como: levantamento de questões problemas, do trabalho com pesquisa, da utilização de novas linguagens culturais (cinema, música, fotografia, entre outros), além de atividades com reproduções de documentos históricos.

 

Nos anos 2000, o entendimento de que aprender história faz parte da consciência histórica dos sujeitos, ou seja, como uma necessidade antropológica dos seres humanos, com várias funções para a sociedade, entre elas é de suprir as necessidades de orientação no tempo, não desvinculada de questões práticas que são colocadas na vida cotidiana das pessoas. São estas necessidades que impulsionam os seres humanos a buscarem no passado respostas para questões do presente (RÜSEN, 2001, pp. 30-36.). Sabendo disto, podemos aferir que aprender história é uma ação que requer significado, pois ela faz parte da constituição do sentido da experiência do tempo, fornecendo uma interpretação do passado, a compreensão do presente e a elaboração de projetos de futuro.

 

Observamos que por mais tímido que seja os autores de livros didáticos, vem buscado acrescentar novos métodos de ensino em suas obras, entre eles: as questões do passado vinculadas ao presente, o uso e a análise de imagens, trechos de textos historiográficos, uso de diferentes fontes e atividades de cunho mais interpretativas e reflexivas, bem como, novas temáticas, como: as questões de gênero e história das mulheres, a história indígena e afro-brasileira e africana, a história ambiental e a história dos esportes.

 

Entre os autores estudados selecionamos Alfredo Boulos Júnior, que lecionou no Ensino Fundamental da rede pública e particular e em cursinhos pré-vestibulares no Estado de São Paulo. Atualmente sua área de atuação é em História da Educação na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – PUC. É autor das coleções de livros didáticos: “Construindo Nossa Memória”, “O Sabor da História” e “História Sociedade & Cidadania”.

 

Boulos Júnior (2013) apresenta em sua obra, os conteúdos da História do Brasil e da História Geral de forma integrada, em uma perspectiva cronológica linear. A coleção apresenta um trabalho cuidadoso com a História da África, afrodescendentes e indígenas. Também, privilegia o trabalho com imagens e documentos históricos. O manual do professor da obra “História, Sociedade e Cidadania” apresenta orientações para o professor quanto ao desenvolvimento de estratégias e de recursos de ensino a serem empregados durante as aulas.

 

No livro “História, Sociedade e Cidadania”, para o 9º ano, Boulos Júnior (2013) apresenta o esporte articulado com propaganda política.  Ele tenta desenvolver nos alunos o senso crítico de como o esporte em determinadas épocas de crise política e econômica, foi utilizado ideologicamente por governos em regimes ditatoriais. Para observarmos melhor as questões apontadas acima, selecionamos três momentos em que o autor faz esta abordagem. No capítulo 4, intitulado “A Grande Depressão, o Fascismo e o Nazismo”, destaca a imagem do atleta estadunidense James Cleveland Owens (1913 - 1980), conhecido como Jesse Owens, que venceu a prova dos duzentos metros rasos nas Olimpíadas de 1936, realizada em Berlim, na Alemanha. Este evento foi muito emblemático, pois sobre os olhares de Hitler que assistia a disputa no estádio Olímpico de Berlim, um atleta negro derrota seus adversários e coloca em dúvida o discurso do líder alemão sobre a superioridade da “raça” ariana. Hitler se recusou a assistir os jogos nos quais os atletas negros competiram, não cumprimentou os atletas negros americanos e se rejeitou a tirar fotografias com eles (BOULOS JÚNIOR, 2013, p. 90).

 

Descolado da imagem Owens, o autor apresenta um texto sobre a economia nazista e os altos investimentos que o Estado nazista fez na indústria de base Alemã, o investimento em grandes obras públicas para gerar emprego e aumentar sua popularidade. Este governo também fortaleceu a economia destinando quase 70% para fins militares. Mas, por outro lado, o governo de Hitler não cumpriu as promessas de reforma agrária, de conceder aumento de salário para os operários, por outro lado extinguiu sindicatos para que movimentos contrários não surgissem. O autor menciona no texto, o grande investimento que o Estado nazista realizou nos esportes, para que os povos germânicos pudessem ganhar o maior número de medalhas nos jogos de 1936 (CF: MOSTARO, 2012). Assim, deu ênfase ao aspecto econômico do Estado nazista e não no racismo e ao uso ideológico do esporte, se colocando como apenas uma ilustração. Também, deixa de mencionar que os atletas negros enfrentavam o racismo dentro de seu país, os Estados Unidos, que viviam em regime de segregação racial nos estados do Sul. Para Jesse Owens, foi marcante que seu presidente nem se quer lhe enviou um telegrama de felicitações e não foi recebido na Casa Branca pelo presidente Franklin Rooseveld.

 

Neste evento, vemos o esporte sendo manipulado ideologicamente pelos dois países (Alemanha e EUA), que procuravam utilizar a imagem do atleta para veicular uma imagem falseada de seus governos. Uma da Alemanha sem problemas e promissora, e, no outro caso, os Estados Unidos como um lugar da liberdade e da igualdade, que não existia para os afro-americanos.

 

Em outro exemplo, no capitulo VII, sob o título “A Guerra Fria”, Boulos Júnior (2013, p. 146) apresenta a imagem da ginasta romena Nádia Comaneci (1961 -  ). A atleta atuou nos Jogos Olímpicos de 1976, em Montreal (Canadá). Foi a primeira atleta a conseguir nota 10 em todos os quesitos, fato que os organizadores não estavam preparados e tiveram que improvisar o placar (Figura 1). Nádia Comaneci foi colocada como exemplo da superioridade dos países socialistas.

 

Figura 1: Participação de Nádia Comaneci em olimpíadas e a Guerra Fria.


  Fonte: BOULOS JÚNIOR, Alfredo. Sociedade e cidadania. São Paulo: FTD, 2015.                                                     Coleção História. (9º ano), p. 146.

 

Neste caso, imagem e texto estão mais interligados, apesar de falar pouco sobre a atleta e sua modalidade. O autor propõe questões mais reflexivas sobre o texto, o que é muito positivo, mas perdeu a oportunidade de mencionar as dificuldades das mulheres em participar dos jogos olímpicos.

 

No capítulo VII, com o título “Debatendo e concluindo”, Boulos Júnior. (2013, p. 148), traz como exemplo o futebol brasileiro, conhecido e admirado mundialmente. O esporte foi utilizado pelo presidente Luís Inácio Lula da Silva para criar empatia entre a população haitiana e a missão de paz da Organização das Nações Unidas (ONU) conhecida como Minustah. (Figura 2).

 

Figura 2: O esporte como pacificador.



Fonte: BOULOS JÚNIOR, Alfredo. Sociedade e cidadania. São Paulo: FTD, 2015. Coleção História. (9º ano), p. 148.

 

O amistoso entre a seleção brasileira de futebol e do Haiti foi organizado pela ONU, governo brasileiro e Confederação Brasileira de Futebol (CBF), e teve a participação de Ronaldo, Ronaldinho, Kaká, Robinho, Cafu, Roberto Carlos etc. Boulos indica que a ida da seleção brasileira ao Haiti, em 2004, foi um instrumento da política externa brasileira, na busca por maior prestígio internacional, bem como a “[...] participação nas missões também permite ao Brasil buscar dois outros objetivos fundamentais: solidariedade regional na América Latina e relações comerciais mais intensas com o Sul global” (BRACEY, 2011, p. 319).

 

A segunda obra selecionada para o estudo foi “Estudar História: das origens do homem á era digital”, de Patrícia Ramos Braíck, mestre em História, pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC/RS), atuou como professora do ensino médio em Belo Horizonte/MG. Foi produzido pela Editora Moderna, em 2015. O material didático do 6º ao 9º ano foi concebido em uma “[...] perspectiva temporal cronológica linear, privilegiando o viés político e social [...] recorrendo às variedades de fontes históricas, investindo na conexão entre os conteúdos com questões do tempo presente” (BRASIL, 2017, p. 69). Também segue a abordagem da história intercalada entre fatos da História Geral e do Brasil.

 

Na coleção “Estudar História”, no livro do 9º ano, no capitulo VI, com o tema “Segunda Guerra Mundial e a participação do Brasil no conflito”. Braick (2015, 145) traz o esporte atrelado às primeiras décadas da República Velha (1889 – 1930), quando imigraram para o Brasil pessoas de muitas nacionalidades, surgem os primeiros times de futebol, no governo Vargas, algumas destas populações foram perseguidas devido ao fato de o Brasil se envolver no conflito ao lado dos Aliados, decretando guerra à Itália, Alemanha e Japão. Estas populações sofreram perseguições de trabalho, econômica e principalmente política. Ela destacou o caso do time de futebol Palestra Itália, que nesta época trocou o nome para não perder seus patrimônios e não ser expulso do campeonato paulista. O clube fundado em 26 de agosto de 1914, por imigrantes italianos, teve que mudar seu nome para Sociedade Esportiva Palmeiras, em 20 de setembro de 1942. Braick (2015) destaca, nesta página o governo Varguista, com uma imagem em conjunto com o Presidente Norte americano Franklin Delano Roosevelt, no qual são tratados acordos da entrada do país na Guerra. Abaixo na mesma página a autora traz em um box o brasão da equipe do Palestra Itália. Esta página não apresenta perguntas para o aluno responder, mas o objetivo é problematizar questões de como o esporte e o lazer então vinculados a economia e política do país em um contexto mais amplo.

 

No capítulo 11, Braick (2015, p. 215), com tema “Os Governos Militares no Brasil”, no final do capitulo, a autora inseriu uma atividade com o título: “Conquistas da democracia”, destaca o clube do Corinthians, de São Paulo. No qual, sobre liderança de seu grande jogador, Sócrates, defendeu o lema “Ganhar ou perder, mas sempre com Democracia”. A partir de 1983, o clube passou a apoiar os movimentos pelo fim da Ditadura Militar, sendo estampada, nas camisas dos jogadores, a frase “Democracia Corinthiana”. Este movimento político envolveu tanto jogadores como torcedores pela volta da democracia. Nesta página, a autora também explica o valor da democracia. Complementando com um texto sobre os cinquenta anos do golpe militar, data que se completou em 31de Março de 2014. Assim, se os ditadores militares utilizaram o futebol para fazer apologia de seu regime, os jogadores também aprenderam a utilizá-lo para combater a falta de liberdade.

 

Outro material estudado foi “História – Ensino Médio”, produzido pela Editora Saraiva no ano de 2010, sendo a sua primeira edição. Esta obra foi desenvolvida por vários autores entre eles: Ronaldo Vainfas, doutor em História e professor na Universidade Federal Fluminense (UFF), Sheila de Castro Faria, doutora em História e professora na Universidade Federal Fluminense (UFF), Jorge Ferreira, doutor em História e professor na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e Georgina dos Santos, doutora em História e professora na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Este material didático, também está organizado na forma de história intercalada, com temas de história geral, história do Brasil, da América e da África. O livro trabalha muito bem com o uso de imagens e traz vários exemplos de documentos históricos.

 

No relevante ao tema do esporte, observamos que os autores optaram por trazer em seu volume 3, a história das copas do mundo e suas ligações com a política nos séculos XX e XXI. Enfatizam que é um evento que envolve milhões em negociações para transmissão em rádios, televisão, jornais, revistas, bem como em patrocínios da indústria esportiva. Ressaltam a importância econômica que ela gera nas indústrias de eletroeletrônico e no país no que sedia a competição. No capítulo VIII, sendo o tema Brasil “A república nacional-estadista”, os autores/as fazem um resumo das copas do mundo de 1930, 1934 e 1938. Sendo que explicam a copa de 1930 como o marco inicial desta competição, que hoje é tão reconhecida e valorizada por muitos países do mundo. Mas, em 1930 as coisas eram diferentes, não existiam as transmissões de rádio, a população ficava eufórica nas portas dos jornais esperando os resultados.

 

Figura 3: Manipulação do futebol na ditadura militar no Brasil

   


           Fonte: VAINFAS, R. et al. História: o mundo por um fio: do século XX ao XXI:

                                        volume 3. São Paulo: Saraiva, 2010, 206.

 

Está época, no esporte existiam divisões sociais, raciais e de federações no Brasil. A seleção nesta primeira edição da copa do mundo, não contou com a participação de atletas negros e apenas com atletas paulistas já que existia uma cisma entre federação paulista e Carioca. Com o texto o professor pode trabalhar a questão do racismo no Brasil e como isto ainda se manifesta nos estádios. A segunda edição foi realizada no ano de 1934 na Itália que vinha sendo governada pelo regime fascista. A seleção brasileira contava com dois atletas negros que se destacavam pela técnica e habilidade. Domingos da Guia e Leônidas da Silva foram os grandes destaques. A copa de 1938 foi a primeira a ser transmitido pelas rádios, que paralisavam o país com suas respectivas transmissões. O civismo na época do Estado Novo (1937 – 1945) era muito incentivado e o esporte foi usado como meio para isto. Nesta edição o Brasil contou com a participação dos melhores atletas pela conciliação entre todas as federações estaduais. O resultado dentro de campo foi positivo e conseguiu o terceiro lugar.

 

Os autores estabelecem relação entre a Copa do Mundo de 1970 e a ditadura civil - militar no Brasil (1964 -1985) e a utilização do futebol como um meio de manipulação social. As disputas nos esportes foram e continuam sendo um instrumento de divulgação de ideias e a afirmação do Estado e da nação, intensificando o sentimento de nacionalismo. No Brasil, os governos sempre souberam utilizar o futebol para a propaganda política, como forma de ressaltar as qualidades do país e desviar a atenção da população. Procurou-se vincular o sentimento de nacionalismo em nosso país por meio do futebol, nosso passado glorioso, nosso orgulho é ser a única seleção pentacampeã mundial e isso é fácil perceber observando o comportamento da população em geral. Esta temática pode ser utilizada pelo professor para que os alunos percebam outras formas de manipulação.

 

Considerações finais

 

Na atualidade as constantes queixas dos professores que versam sobre a falta de interesse pelos alunos pelas aulas de História, geralmente entendidas como indisciplina, demonstram o que já era denunciado por Elza Nadai (1992/1993, p. 143.), no início dos anos 1990, que os alunos achavam a forma como a história era ensinada odiosa. Desta forma, compreendemos que as mudanças nos métodos de ensino de História para os alunos da Educação Básica ainda necessitam de maiores discussões, uma vez que o conhecimento histórico continua sendo reproduzido, baseado na repetição dos conteúdos pelos alunos. Nesta perspectiva o ensino de História torna-se desinteressante, pois se apresenta enquanto um conhecimento estático a ser decorado.

 

Para Schmidt, a sala de aula não é apenas um espaço onde se transmite informações, mas o espaço onde se estabelece uma relação em que interlocutores constroem significações e sentidos (2004, p. 31.). A construção do sentido é dada quando se estabelece a relação teoria e prática, entre ensino e pesquisa.

 

Desde a antiguidade diferentes grupos humanos realizavam jogos e competições. Mas, foi na modernidade, principalmente, no período da Revolução Industrial (séculos XVIII e XIX), na Inglaterra e posteriormente nos Estados Unidos, que os jogos, as práticas corporais ou físicas se institucionalizam. As várias questões pertinentes às práticas corporais, acreditamos constituem-se em amplo campo de investigação para a história, no qual o esporte não é visto como um fenômeno autônomo, pois se entende, nesse caso, que as práticas corporais e esportivas fazem parte de um processo de transformação cultural, através do qual elas passam a atuar como um sistema significativo e por meio do qual uma ordem social é comunicada, reproduzida e legitimada (BOURDIEU, 1983; VIGARELLO, 2005; PRIORE e MELLO, 2009).

 

Percebemos que a história do esporte pode ser um mote para o professor estabelecer relações e aproximações com a vida cotidiana dos alunos e a partir daí estabelecer relações com outros aspectos sociais, econômicos e políticos, bem como, pode ser abordado temas como: racismo, relações desiguais de gênero e a luta por igualdade, a exemplo do que indicam as obras estudadas.

 

Uma questão que se coloca agora é se com a nova Base Currícular Comum Nacional os professores terão oportunidade de ensinar a partir de outras abordagens históricas.

 

Referências biográficas

 

Me. Altair Bonini, professor da Educação Básica, Secretaria de Estado da Educação do Paraná (SEED/PR).

 

Referências bibliográficas

 

BITTENCOURT, Circe. O saber histórico em sala de aula. São Paulo: Contexto, 1997.

 

BOULOS JÚNIOR, Alfredo. Sociedade e cidadania. São Paulo: FTD, 2015. Coleção História. (9º ano).

 

BRACEY, Djuan. O Brasil e as Operações de Manutenção da Paz da ONU: Os Casos do Timor Leste e Haiti. Contexto Internacional. Vol. 33, nº 02. Rio de Janeiro: PUC-RIO, 2011.

 

BRAICK, Patrícia Ramos. Estudar história: das origens do homem à era digital. 1. ed. – São Paulo: Moderna, 2015 (9º ano).

 

BRASIL. Ministério da Educação. PNLD 2017: guia de livros didáticos – ensino fundamental anos finais / Ministério da Educação – Secretária de Educação Básica - SEB – Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação. Brasília, DF: 2015. Disponível em: <http://www.fnde.gov.br/programas/livro-didatico/guias-do-pnld/escolha-pnld-2017>.

 

PRIORE, Mary Del e MELLO, Victor Andrade de (orgs.). História do esporte no Brasil: do Império aos dias atuais. São Paulo: Editora UNESP, 2009.

 

RÜSEN, Jörn. Razão Histórica: teoria da história: os fundamentos da ciência histórica. Brasília: UnB, 2001.

 

SCHIMIDT, Maria & CAINELLI, Marlene. Ensinar História. São Paulo: Scipione, 2004.

 

VAINFAS, R. et al. História: o mundo por um fio: do século XX ao XXI: volume 3. São Paulo: Saraiva, 2010.

 

22 comentários:

  1. Según su opinión, ¿la perspectiva lineal de la mayoría de textos analizados altera o no altera negativamente la calidad de los ejercicios interpretativos propuestos alrededor de la relación entre historia y deporte? ¿Por qué?

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Este comentário foi removido pelo autor.

      Excluir
    2. Obrigado, pela leitura e pela questão. O ensino de história pautado pela perspectiva de linearidade temporal torna-se complicado ao fixar uma narrativa histórica pautada na ideia de um tempo progressivo e homogêneo. Que foi desenvolvido em concepções teóricas progressista e evolutiva da história (Positivismo), uma história universal, baseada na noção de progresso da humanidade. Muitas obras didáticas no Brasil ainda estão pautadas por esta linearidade, na tentativa de produzir obras em que a História do Brasil estivesse integrada a uma história global, produziu-se obras de história intercalada, mas na mesma ótica anterior. Quando a partir dos anos 1990/2000 procurou-se incluir novos temas no ensino de história, como: meio ambiente, diversidade cultural, direitos humanos, etc., se fez de forma figurativa, sem causar mudanças nas velhas estruturas. No caso do esporte, percebo que também foi inserido de forma figurativa, muitas vezes desconectada do texto principal, não contribuindo para mudar a forma de ensinar e de aprender história. Vejo que pelo esporte os professores podem ensinar tantos temas interessantes que podem mudar a percepção dos estudantes sobre o passado, no Brasil mesmo, a maioria dos jogadores de futebol eram negros, saiam da periferia, ganharam status de heróis, enfrentaram os preconceitos e racismo, as questões de gênero também estão muito evidentes nos esportes. Enfim poderia ser bem mais rico. Abraços;
      Altair Bonini

      Excluir
  2. Parabéns Altair pelo trabalho.
    O texto possibilita uma reflexão pertinente sobre novas abordagens para o ensino de História de modo que possibilita relacionar o cotidiano do estudante com o conteúdo escolar. É perceptível no texto você não dialoga com a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) que é uma proposta normativa para a educação no Brasil. Mas minha pergunta caminha para a história local. Em sua análise dos livros pode perceber propostas presente nos materiais didáticos que possibilite a abordagem da história local no ensino de História por meio do esporte?

    Ricardo Rocha Balani

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Olá Ricardo! Obrigado pela leitura e pela questão.
      O esporte é entendido atualmente como parte da cultura, e como um elemento que tem estado presente em diferentes épocas, culturas e sociedades. Como Goellner (2006) destaca o esporte é histórico, reflete a ação de sujeitos em suas práticas corporais, sejacom o trabalho, lazer ou opção de divertimento. Assim, o esporte não está desligado do do sistema significativo por meio do qual uma ordem social é comunicada, reproduzida e legitimada. A maior parte das pesquisas em esporte se fazem tendo como fonte as associações, times, pessoas, e imprensa locais. Acredito que a maioria dos munícipios brasileiros apresentam alguma destas fontes de pesquisa. E como os esportes estão relacionados com os momentos de lazer e divertimento pode sim ser trabalhado a partir da abordagem da história local, assim as crianças poderiam pesquisar eventos esportivos que ocorreram em sua localidade, locais de lazer da localidade, entrevistar pessoas que se dedicaram às práticas corporais, entre outras possibilidades.
      Abraços,
      Altair Bonini

      Excluir
  3. Este comentário foi removido pelo autor.

    ResponderExcluir
  4. Primeiramente, gostaria de lhe parabenizar pelo excelente trabalho, a temática e a escrita não deixam a desejar.
    Durante meu percurso acadêmico desenvolvi grande interesse pela disciplina de Educação física, e me questionei diversas vezes como eu poderia trabalhar com as duas disciplinas, que aparentemente, se encontram em lados opostos. A questão é, como poderíamos desenvolver uma metodologia interdisciplinar? Ensinando a História através da disciplina de educação física, levando os alunos a sair da sala de aula, assim frisando a importância da aprendizagem em espaços não formais, e aplicando a prática esportiva com o intuito de demonstrar seus benefícios físicos e sociais.

    Bárbara Antônia Souza da Silva
    Graduanda de licenciatura plena em História, 7° período, Universidade Nilton Lins - Manaus/Am

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Olá Bárbara! Obrigado pela leitura e questão para refletirmos. Percebi que os autores estavam colocando questões mais voltadas para o cotidiano, mesmo que de forma figurativa, num box no canto da página, mas era um início, uma busca para mostrar que a história não se resume em economia, sociedade e politica de um povo, em uma ver são estruturalista. Acredito que dá para trabalhar inúmeros temas da sociedade a partir dos esportes. Seria um gerador e problematizador para entender as narrativas mais tradicionais. Quando apresento meu trabalho para os professores de Educação Física da minha escola eles adoram por que eles mesmo quase não trabalham a história do esporte/das práticas corporais, então relaciono com o cotidiano, com a política, com as questões de gênero de uma época, com o racismo. Existem trabalhos muitos bons de historiadores do esporte como: PRIORE, Mary Del e MELLO, Victor Andrade de (orgs.). História do esporte no Brasil: do Império aos dias atuais. São Paulo: Editora UNESP, 2009. Este livro aborda várias épocas. Se quiser entre em contato pelo meu e-mail: altairbonini5@gmail.com para trocarmos ideias.
      Abraços
      Altair Bonini

      Excluir
  5. Olá, Altair. Parabéns pelo texto! Uma das dificuldades de se trabalhar a história em sala de aula é a pequena quantidade de horas disponíveis, visto que no currículo escolar há diversos outros conteúdos e também uma certa priorização na qual as matérias que são mais cobradas em vestibulares e processos seletivos são selecionadas. Como aliar o ensino das duas disciplinas de forma realista, afim de desenvolver um processo interdisciplinar dentro da carga horária disponivel?

    - Elaine da Silva Simplicio

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Olá Elaine! Obrigado pela leitura e questão.
      Você esta corretíssima, cada vez mais os currículos oficiais ficam mais fechados, e os conteúdos tradicionais colocados como mínimos ou priorizados. Aqui no Paraná onde trabalho o governo estadual está padronizando tudo, os mesmos livros, os mesmos planejamentos, as mesmas atividades para todas as turmas e escolas. É um modelo copiado do Estado de São Paulo, para nós profissionais isso tira muito da nossa autonomia. Acredito que o poder não controla tudo e sempre temos nossas agências. Procuro trabalhar dentro dos temas propostos, não ficando preso totalmente nas apostilas, assim posso trabalhar outros aspectos que complementam os temas.

      Excluir
  6. Oi Altair. Parabéns pelo seu texto. Ele é muito elucidativo. Gostei como trabalhou a instrumentalização dos esportes pelos governos nos materiais didáticos, entretanto me parece que são questões bem gerais e atreladas apenas aos governantes e suas posturas. Neste sentido vai minha pergunta: não há menções mais aprofundadas, nos materiais didático que estudou, sobre os atletas, seus posicionamentos políticos e/ou ideológicos, sobre agremiações esportivas organizadas por grupos sociais, sindicatos, ou então sobre empresas privadas que financiavam equipes ou times como controle social capitalista?
    Se sim (e acredito que possa existir devido aos autores dos livros trabalharem algumas destas questões em suas especificidades historiográficas), em qual sentido isto ocorre? QUal a predominância?
    Muito obrigao.
    Heraldo Márcio Galvão Júnior

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Olá Heraldo! Obrigado pela questão. Acredito que a história do esporte está se desenvolvendo muito, não ficando só na questão do uso ideológico dos esportes pelos governos, muitas biografias vem sendo escritas por historiadores, também existe uma boa produção estabelecendo relações do esporte com o cinema, sobre os times de futebol em fábricas nas décadas de 1930/40 e 1950, sobre o voleibol, o surf também, que dá para relacionar com a sociedade dos anos oitenta no Brasil. Muitas destas produções poderiam fazer parte dos livros didáticos, mas infelizmente dificilmente vão aparecer por que a BNCC não trás esta abertura ou indicação.
      Abraços,
      Altair

      Excluir
  7. Olá Altair, parabéns pelo seu artigo. Pergunta: Como a nova Base Curricular pode contribuir para os avanços da educação, em particular, sobre a história dos esportes no Brasil? Obrigada!

    Raquel Fonseca

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Prezada Raquel, tudo bem? Obrigado pela questão.
      A BNCC fala sobre a parte diversificada, que
      considere a formação humana de sujeitos concretos, que vivem em determinado meio ambiente, contexto histórico e sociocultural, com suas condições físicas, emocionais e intelectuais. A questão é que os professores não estão dando conta nem da parte comum, quanto mais implantar de forma satisfatória a parte diversificada, ficando estes conteúdos para reforços ou para uma simplificação da história local. Acredito que a BNCC talvez não contribua para que novos temas e sujeitos e experiências. Depende mais da criatividade dos professores.
      Abraços,
      Altair Bonini

      Excluir
  8. Gostei bastante do texto do Prof. Altair Bonini. Estou cursando Licenciatura em História e é interessante refletirmos em como o ensino de História tem a contribuir para a formação intelectual e crítica dos estudantes. Através das abordagens que os livros didáticos apresentam, é possível trabalhar temas significativos que permeiam a sociedade. Pergunta: Qual sua percepção em relação à receptividade e a conexão com o cotidiano dos estudantes ao trazer para a discussão em aula o tema dos esportes ou a História dos esportes?
    Att.,
    Leila Cristiane Rodrigues Pinto.

    ResponderExcluir
  9. Olá! como vimos no texto o ensino de história foi influenciado por novas propostas na sociedade contemporânea e que a consciência histórica é necessária para uma melhor compreensão da História. Prof. Altair podemos utilizar o esporte como ferramenta metodológica no ensino de História?

    Osias Carvalho Pinto

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Prezado Osias, obrigado pela questão.
      Como podemos usar a música, o teatro, alimentação, o meio ambiente, as religiões, as festas, também podemos utilizar os esportes. Os esportes são históricos e culturais, Vejo que pelo esporte os professores podem ensinar tantos temas interessantes que podem mudar a percepção dos estudantes sobre o passado, no Brasil mesmo, a maioria dos jogadores de futebol eram negros, saiam da periferia, ganharam status de heróis, enfrentaram os preconceitos e racismo, as questões de gênero também estão muito evidentes nos esportes. Enfim poderia ser bem mais rico.
      Abraços;
      Altair Bonini

      Excluir
  10. Es un texto muy interesante que deja reflexiones como la siguiente: ¿Cómo potenciar desde perspectivas didácticas cotidianas procesos de enseñanza de la historia que problematicen las nociones preestablecidas de raza, etnia, género y clase? Muchas gracias

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Prezada Diana, tudo bem?
      Uma das questões da história do esporte é evidenciar que ao contrário do que historiadores mais tradicionais pensavam, o esporte não está separado das questões mais amplas da sociedade. Não é uma coisa de pessoas sem estudo que não querem pensar a política e as desigualdades sociais. As práticas esportivas são espaços de sociabilidade de homens e mulheres e neles aparecem questões de gênero, de raça, de classe, de geração entre outros. estudo as masculinidades esportivas na década de 1950, existem muitos trabalhos sobre a participação das mulheres nos esportes (GOELLNER) é uma ótima referência. Mas, ainda nas aulas de história e nos manuais didáticos uma abordagem da história pelo esporte é praticamente nula.
      Abraços,
      Altair Bonini

      Excluir
  11. Este comentário foi removido pelo autor.

    ResponderExcluir

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.